Street Papers e ‘sem-abrigos’ em Portugal: coletivos e a ampliação da noção de participação (original) (raw)

OLIVEIRA, Nuno (2017), “Os imigrantes de que não se fala. Participação política e cívica de cidadãos comunitários não nacionais residentes em Portugal”, in Revista Migrações, dezembro 2017, n.º 14, Lisboa: ACM, pp. 54-78.

Os imigrantes de que não se fala. Participação política e cívica de cidadãos comunitários não nacionais residentes em Portugal. The immigrants we do not talk about. Political and civic participation of non-national EU citizens residing in Portugal. Nuno Oliveira* O artigo analisa a participação política de uma população ainda pou-co estudada: os comunitários não nacionais residentes em Portugal. Primeiro, apresenta uma breve caracterização sociográfica deste grupo, com um enfoque nos cidadãos romenos, britânicos e espa-nhóis. Subsequentemente os seus direitos políticos são explicitados à luz da legislação nacional e os dados da sua participação eleitoral examinados. Investiga posteriormente as suas práticas e estraté-gias políticas, as relações institucionais e representações do espaço dos direitos políticos. Evidenciamos a importância dos projetos mi-gratórios, das componentes estruturais e dos modos de inserção na sociedade portuguesa para compreender a reduzida participação política formal assinalando a heterogeneidade de um grupo usual-mente considerado homogéneo. participação política, comunitários não nacionais residentes, estru-turas de oportunidade, direitos políticos. The article examines the political participation of a population poorly studied to date: the non-national EU citizens resident in Portugal, aka EU Movers. First, it presents a brief sociographic characterization of this group, with a specific focus on Romanian, British and Spanish citizens. Subsequently it looks into how their political rights within the national legal framework. Recent turnout data is presented and compared. It investigates their practices and political strategies , institutional relations and representations of space of political rights. Finally, we note the importance of migration projects, structural components and modes of insertion in Portuguese society to understand the reduced formal political participation underlying the heterogeneity of a group usually considered homogeneous. political participation, EU movers, opportunity structures, political rights. Abstract Keywords OLIVEIRA, Nuno (2017), " Os imigrantes de que não se fala. Participação política e cívica de cidadãos comunitários não nacionais residentes em Portugal " , in Revista Migrações, dezembro 2017, n.º 14, Lisboa: ACM, pp. 54-78

Street papers: instrumento de interação social

Comunicacao Educacao, 2012

Surgidos em meados de 1990, os street papers constituem uma nova tendência na comunicação social, capaz de promover a interação como também trocas de experiências entre os atores envolvidos no processo de sua elaboração. Apesar da comprovada eficácia dos jornais de rua, não existe ações ou recursos governamentais voltados para o fomento destes veículos de comunicação.

Redes de suporte formal ao sem-abrigo na cidade de Coimbra

This study addresses the problem of homelessness in an institutional perspective, seeking to understand the social intervention process with homeless people in Coimbra. The results are similar to the known reality of the country, especially the lack of responses regarding the social integration of the homeless, and the overlap and disconnection of services with an essentially assistentialist character. The city of Coimbra gathers the means to achieve more effective purposes regarding the homeless, if the resources were maximized and enhanced the still weak interinstitutional coordination. O presente estudo aborda a problemática dos sem-abrigo, centrando-se na dinâmica institucional e intervenção social, a partir de um estudo descritivo das instituições de suporte social formal à população sem-abrigo na cidade de Coimbra. Os resultados vão de encontro à realidade nacional conhecida, destacando-se a escassez de respostas a nível da reintegração social do sem-abrigo, a sobreposição de ...

Coautores urbanos: cidadãos formais, marginalizados e ativistas urbanos

Risco Revista de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo (Online)

O presente artigo tem como objeto de estudo os coautores urbanos, responsáveis por exemplificar através do cotidiano o conceito de coautoria urbana. Estes coautores podem atuar através do urbanismo de topo (quando detém algum tipo de poder, seja ele econômico, social ou político) e do urbanismo de base (quando detém pouco ou nenhum poder, ou são menos favorecidos). Neste artigo, é priorizada a atuação da base, na qual foram percebidas semelhanças entre alguns grupos em suas formas de apropriação, visões de cidade e experiências, formando, então, as chamadas camadas coautoras. Assim, são trabalhadas as territorialidades, micropolíticas, corpos e papéis de três camadas coautoras da base: os cidadãos formais, os cidadãos marginalizados e os ativistas urbanos.

Vontade de simplificação: agir no fenómeno dos sem-abrigo

Revista Em Pauta, 2016

Resumo-A intervenção no fenómeno dos sem-abrigo guia-se por uma lógica de individualização patológica que concebe estes sujeitos como seres que vivem na rua devido à sua inferioridade ontológica. Apesar de múltiplos elementos (problemas, relações, instituições, procedimentos, actores) estarem potencialmente envolvidos neste fenómeno, os profissionais socialmente encarregues de intervir nesta área (sobretudo, ligados a instituições do Terceiro Sector, do Estado e do dispositivo psiquiátrico) lidam dificilmente com a complexidade que a inter-relação de diversos elementos concomitantes é passível de gerar. Face a esta dificuldade, estes actores procuram simplificar a sua acção de intervenção através da simplificação do próprio fenómeno dos sem-abrigo. Negando as suas dimensões estruturais e concebendo-o como um conjunto de indivíduos patológicos, a intervenção reduz o número de elementos que é necessário mobilizar e coordenar para agir nesta área. Porém, fora deste modelo de intervenção fica todo um mundo de significados e relações essenciais para compreender este fenómeno, obstaculizando a sua eliminação emancipadora. Palavras-chave: individualização patológica; intervenção assistencialista; sem-abrigo; vontade de simplificação.

A actividade tutelada como prática de autonomização dos indivíduos sem-abrigo em Portugal: uma análise crítica

Em Pauta: Teoria Social e Realidade Contemporânea, 2023

Resumo-Nas sociedades ocidentais, a intervenção sobre a vida na rua pressupõe que cada indivíduo é sem-abrigo devido a uma falha íntima que deve ser corrigida através de um processo de ressubjectivação que o autonomize, tornando-o capaz de sair da rua e garantir a sua sobrevivência pelo desempenho de uma actividade remunerada. Uma das práticas de intervenção mais relevantes é a injunção à actividade, um procedimento pelo qual os sujeitos sem-abrigo são incentivados, de forma suave ou coerciva, a realizarem actividades diversas sob a orientação de outrem. O objectivo da realização destas actividades é levar a que os indivíduos sem-abrigo se produzam a si mesmos como sujeitos empenhados em modificar quem são. Com base num trabalho de campo *** que consistiu na observação directa da actuação de vários profissionais da intervenção