Prevalência de helmintos em resíduos sólidos orgânicos domiciliares; um risco à saúde ambiental e humana (original) (raw)
2020, Brazilian Journal of Development
Seguindo o perfil de outros países, no Brasil os resíduos sólidos constituem foco de debates em diferentes setores da sociedade, tendo em vista os impactos negativos que afetam os sistemas ambientais, econômicos e sociais. A atenção deve ser intensificada para parcela orgânica de origem domiciliar. Esses resíduos representam riscos à saúde ambiental e humana, dentre outros aspectos, por reunir condições favoráveis ao desenvolvimento de organismos com potencial patogênico. Somente nas últimas décadas as possibilidades de contaminação da parcela orgânica dos resíduos sólidos domiciliares foram reconhecidas, compreendendo-se que os riscos são similares aos de serviços de saúde. Os objetivos deste trabalho foram avaliar a prevalência de helmintos em resíduos sólidos orgânicos domiciliares gerados em município de grande porte da Paraíba, Brasil e apontar alternativas para o tratamento e aproveitamento desses resíduos, com o propósito de reduzir os riscos citados. A pesquisa foi realizada em três bairros situados em Campina Grande, estado da Paraíba, Brasil. Os critérios para escolha desses bairros foram a localização (oeste), o número de habitantes (> 10 mil habitantes), a participação dos líderes comunitários no processo de formação em Educação Ambiental, oferecido desde 2007 e em projetos de coleta seletiva. Para a análise, por meio de quarteamento múltiplo, o material coletado foi pesado, despejado em lona plástica e homogeneizado, constituindo-se amostras compostas. Constatou-se um número expressivo de ovos de helmintos nos resíduos analisados, de 0,84 a 6,5 ovos/gST. Dentre as espécies, prevaleceram Ascaris lumbricoides (49%), seguidos de Ancylostoma sp. (30%), Hymenolepis nana (15%) e Enterobius vermicularis (6%). Pode-se inferir que os resíduos sólidos orgânicos domiciliares são um veículo de transmissão de agentes patogênicos quando dispostos de forma imprópria, podendo provocar infecções subsequentes para animais e seres humanos, notadamente em locais com ausência de Educação Ambiental e/ou em condições precárias de saneamento. A disposição desses resíduos sem tratamento aumenta as probabilidades de contaminação ambiental e humana, há, no entanto, tecnologias que podem ser aplicadas para o tratamento, dentre as quais, o tratamento biológico aeróbio descentralizado, cujas estruturas e princípios permitem a modificação de problema em solução, transformação da parcela orgânica em composto, com características agronômicas viáveis aos fins agrícolas. O tratamento constitui uma das ações da gestão integrada de resíduos sólidos. Todas as ações que constituem esse tipo de gestão requerem a formação em Educação Ambiental.