A noção de responsabilidade na filosofia moral kantiana (original) (raw)

A teoria kantiana do dever: a arqueologia de uma paisagem moral

REVISTA QUAESTIO IURIS, 2018

Resumo O presente trabalho tem como objetivo sintetizar conhecimentos extraídos de autores das mais diversas tradições da história da filosofia acerca das condições de formação da paisagem moral kantiana a partir de um método arqueológico, focado na construção histórico-filosófica da noção kantiana de dever. Para a consecução desse objetivo, foram adotadas como obras base as de Villey e Agamben sobre o tema, bem como foram delimitados campos autônomos em relação ao contexto dos estudos realizados acerca do pensamento kantiano a serem abordados a partir da premissa inicial (quais sejam: técnica enquanto paradigma da modernidade e o impacto do nominalismo, do protestantismo e do neoestoicismo em Kant). Nas reflexões de caráter mais propriamente filosófico, o trabalho de Agamben assumiu franca relevância, bem como foram incorporadas observações de caráter sociológico fundadas no trabalho de Max Weber sobre a ética intramundana protestante. A conclusão, seguindo as dos estudos base, aponta para a consolidação, na obra kantiana, de um processo de alteração do Weltanschauung da intelligentsia filosófica no Ocidente, com severa repercussão na vida dos habitantes desse hemisfério. A partir dessa conclusão, crê-se, é necessário repensar a noção de dever tanto em suas implicações jurídicas quanto em suas implicações psicológicas. Palavras-chave: Teoria do Dever kantiana; Officium; Causa Instrumentalis; Gestell; Teoria do Estado e da Justiça pós-positivista. A teoria moral kantiana tem sido profundamente influente na modernidade, tendo mesmo adquirido um caráter de concretização última do projeto moral iluminista. Muitos autores se filiam a ela e, especialmente no Direito, o crescimento de sua importância enquanto axiologia frente às alternativas hegeliana e marxista, a partir das décadas de setenta e oitenta, é considerado um dos marcos do movimento pós-positivista. No presente trabalho, que compõe, junto com outras duas partes, uma obra maior que vem sido desenvolvido a partir de indagações, próprias de uma perspectiva jurídica, acerca da formação do Estado Moderno, é posta a seguinte questão: como se desenvolveu a teoria kantiana do dever? No entanto, fosse tão simples a questão, bastava a leitura da obra kantiana, seus estudos preparatórios e o estudo do professor Giorgio Agamben acerca do mesmo tema, Opus Dei: Arqueologia do Ofício. O que motivou a elaboração desse trabalho, para além da perseguição das origens da teoria do dever kantiana enquanto ideia dotada de uma pseudo-história e

Uma abordagem ao sentimento moral na filosofia kantiana

Resumo O principal objectivo do presente artigo é apresentar uma abordagem ao sentimento moral <moralischeGefühl> na filosofia kantiana. 1 Embora Kant entenda que o ser humano não deva agir considerando o afecto e a paixão , tal não significa, como por vezes é considerado, que o autor defenda que a acção virtuosa não deva ser acompanhada por qualquer sentimento. Nesta linha, o artigo possui três etapas principais: 1) realçar o que Kant entende por afecto; 2) evidenciar a posição kantiana sobre a paixão; 3) investigar os sentimentos morais apresentados pelo autor, que surgem na " Introdução à doutrina da virtude " : 3.1) sentimento moral; 3.2) consciência moral; 3.3) filantropia ; 3.4) respeito . Pretender-se-á apontar para o facto deles, em última análise, se resumirem a um único sentimento, o sentimento de respeito à lei. Palavras-chave filosofia kantiana, afecto, paixão, sentimento moral. Abstract The main goal of this paper is to present an approach to moral feeling <moralischeGefühl>in Kantian philosophy. Although Kant thinks that human beings should not act considering the affect and passion , it does not mean the author maintains that the virtuous action should not be accompanied by any feeling. In this way, the paper has three main steps: 1) highlight

O fundamento da responsabilidade kantiana: um instrumento contra a inefetividade dos direitos

Revista Direito, Estado e Sociedade

Neste trabalho, expõe-se a categoria dos deveres em sociedades qualificadas pelo risco de não concretização de direitos. O objetivo foi analisar a validade da reelaboração da lógica da responsabilidade civil com esteio na meritocracia e punição kantiana para a efetividade de direitos. Dessa forma, a justificativa reside na elaboração de um sistema lógico para o mérito, débito e demérito das condutas humanas, para que os efeitos da responsabilidade civil tenham alcance geral, não se restringindo à reparação ou prevenção individual. No que tange à metodologia, nesta pesquisa de natureza qualitativa e de base bibliográfica, optou-se pelo método dedutivo. Os métodos de procedimento empregados foram o monográfico e histórico. Conclui-se pela validade, na responsabilidade civil, das sanções positivas no estímulo à realização dos deveres fundamentais pelos particulares, mas destaca a sua dependência do demérito. Nesses termos, demonstra-se certas balizas para esse insipiente sistema, sendo...

A Ética da Responsabilidade em Arendt e Jonas

Hannah Arendt and Hans Jonas devised the "ethics of Responsibility ". For Arendt ethics aims at politics, and for Jonas, at the future. Arendt believes that politics should think and organize the present in search of the future. Jonas relates ethics to politics, but he doesn´t focus his discussion on this theme. Thus, it is questionable whether the two ethics preach the same content, or whether they diverge, and if so, in which content and at which moment. Furthermore, the new concepts that Arendt and Jonas add to ethical thinking, particularly what each one specifically brings about that makes their concepts both current and relevant. Resumo: Hannah Arendt e Hans Jonas conceberam uma ética que se denomina de " ética da responsabilidade ". A ética, em Arendt, visa à política, e em Jonas, o futuro. Arendt entende que cabe à política pensar e organizar o presente visando ao futuro. Em Jonas, a ética relaciona-se com a política, mas ele não centraliza sua discussão nela. Assim, pode-se questionar se as duas éticas apregoam um mesmo conteúdo, ou se divergem, e, em ambos os casos, em quais conteúdos e momentos. E ainda, o que Arendt e Jonas agregam de novo ao pensamento ético, e em especial, o que cada um aporta de específico que torna suas concepções tanto atuais quanto relevantes.

A ideia do Sumo Bem e a teoria moral kantiana

Studia Kantiana, 2011

As demais citações dos textos de Kant referem-se à Edição da Academia (Kants Werke, Band I-XIII, Berlin), e a tradução remete às obras indicadas na referência bibliográfica.

A incompatibilidade entre a acepção de moralidade e a responsabilidade culposa

Revista da ESMESC, 2015

sedimented, we have not yet been resigned with the possibility of a fault-based responsibility, since, as far as we can see, guilt is incompatible with the concept of morality, even if that concept is not a positive-judicial one. This is why we have decided to look back into this discussion.

A Responsabilidade como Critério Teológico

Nesse texto eu busco fazer uma contribuição original à teologia pós-barthiana que vem sendo desenvolvida nas últimas décadas, ao mesmo tempo que introduzo o leitor a uma escola pouco conhecida fora da Alemanha e dos Estados Unidos. Investigações futuras sobre o papel da fenomenologia e do pensamento judaico a essa nova cristologia são sugeridos.

A educação na ética kantiana

Educação e Pesquisa, 2004

This article deals with Kant's moral anthropology, in which his considerations about education are included. Kant's ethics is routinely treated in such way that we fail to grasp its empirical part, many times denied. Such empirical part consists of this moral anthropology that enables us to embrace in our will, through education, and specifically through what Kant calls the "ethics didactics", the moral laws in their principles, and also to ensure their efficacy in our social world. Given that Kant says that "man, influenced by some many inclinations, is actually capable of conceiving the idea of a practical pure reason, but he is not so easily endowed with the strength needed to effect it in concreto in his behavior", we must implement our tenets of behavior through education and through the cultivation of our spirit. That will lead us to the theses of a virtue taught to the young who later will learn to make use of his freedom. This text is divided into six short parts, namely: a brief introduction, a study about moral anthropology, the issue of education within that anthropology, a brief analysis of Kant's On Pedagogy (Über Pädagogik), in which we focus on the stages of education as seen by Kant and on the important issue of character formation, and finally a short conclusion.