MUDANÇAS DE ATITUDES POLÍTICAS DE JOVENS NO CONTEXTO DE PROJETOS DE EDUCAÇÃO CÍVICA: A EXPERIÊNCIA DO PARLAMENTO JOVEM MINEIRO (original) (raw)

Programas de educação cívica, ou educação para cidadania, são recorrentes no mundo desde o período da terceira onda de democratização em 1970. Estes programas, geralmente, possuem como objetivo transmitir e desenvolver em seu público alvo habilidades cívicas, os municiando de conhecimento a respeito do sistema político e econômico. Há o pressuposto que os regimes democráticos necessitam de um perfil de cidadãos com valores, atitudes, cognição e ações congruentes, capazes de legitimá-lo, e dessa forma, os programas de educação cívica possuem uma função socializadora de catalisar as habilidades necessárias do comportamento político esperado. O Parlamento Jovem (PJ) é um programa de educação cívica promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em parceria com a PUC Minas, destinado aos alunos do ensino médio de escolas públicas e privadas. O PJ possui a duração de um semestre e desenvolve atividades de formação política e participação, sendo que ao final, os alunos propõem projetos de leis os quais são votados no plenário da ALMG. Desse modo, o objetivo desse artigo é compreender a dinâmica da mudança das atitudes políticas promovidas nos jovens em decorrência de sua participação no projeto. Haja vista que as atitudes são as dimensões do comportamento político que mudam em uma menor velocidade se comparados a outras dimensões como cognição e valores, a participação dos jovens no PJ seria suficiente para promover uma mudança significativa de atitudes? Essa mudança ocorreria em um sentido mais democrático? As perguntas são analisadas a partir do quase experimento realizado em 2008 pela pesquisa "O Parlamento Jovem como espaço de socialização política", a qual contou com grupo de tratamento e controle. Os resultados apontam que Parlamento Jovem configura-se como um espaço de socialização cuja função é reforçar as atitudes políticas obtidas nas principais instituições socializadoras, família e escola, não sendo observado um efeito significativo próprio sobre as atitudes analisadas. As possíveis explicações desse fenômeno são encontradas na literatura sobre socialização política de jovens e adultos e nas teorias das mudanças de atitudes.