Intervenções urbanas e “cidades rebeldes” (original) (raw)
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Intervenções Urbanas Disruptivas no Fim da Ditadura
A prática espacial de uma sociedade secreta seu espaço; ela o põe e o supõe, numa interação dialética: ela o produz lenta e seguramente, dominando-o e dele se apropriando. Henri Lefebvre Durante a madrugada de 15 de julho de 1980, alguns jovens reuniramse para intervir plasticamente no túnel que faz a ligação das avenidas Paulista e Dr. Arnaldo. Com mais de 100 metros de plástico polietileno vermelho, eles foram costurando-o entre os vazios superiores do túnel e o piso de baixo, formando uma grande escultura lúdica. Entretanto, a instalação permaneceu ali apenas por algumas horas, até a chegada dos policiais e da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), e o fluxo cotidiano de automóveis retomou a paisagem "normal" logo pela manhã. O grupo, que já previa a efemeridade da sua instalação, fez denúncias "anônimas" aos meios de comunicação e acabou por ocupar e apropriar-se tanto do espaço da cidade quanto das mídias de massa -a Rede Globo (16 de julho, 1980) e os jornais Folha de São Paulo (20 de julho, 1980) e O Estado de São Paulo (15 de julho, 1980) -num momento de grande importância política, quando a ditadura militar caminhava para o seu fim. INTERVENÇÕES URBANAS DISRUPTIVAS NO FIM DA DITADURA 1 celeuma 5 ☰ 29/06/2016 celeuma
Cidade: Apropriação e Micro Intervenções
Eixo Temático 5. A Cidade Construída e a Cidade Sonhada Resumo O resgate da cidade enquanto espaço de convivência, por meio de ações que tiveram lugar no centro de São Paulo nos tempos mais recentes, a partir da iniciativa cidadã (comportamentos Bottom Up) constitui o objeto do presente artigo. Em uma abordagem que contempla teóricos que tratam da questão urbana e a menção de algumas dessas iniciativas, o artigo procura promover uma reflexão sobre a face mais visível deste rol de apropriações cujo termo, historicamente, associado a tensão entre propriedade adquirida e propriedade tomada, se reveste na atualidade de uma noção amplificadora: as ações de microplanejamento ou urbanismo tático. Palavras-Chave: práticas criativas; urbanismo tático; iniciativas bottom up; inovação não tecnológica; inovação social. Abstract The rescue of the city as a living space, through actions that took place in the center of São Paulo in recent times, from the citizen initiative (Bottom Up behaviors) is the object of this article. In an approach that contemplates theorists dealing with the urban question and the mention of some of these initiatives, the article seeks to promote a reflection on the most visible aspect of this list of appropriations whose term, historically, associated with the tension between acquired property and property taken, if Is currently an amplifying notion: the actions of micro-planning or tactical urbanism.
Artes de Intervenção, Inventar Cidades
ILUMINURAS, 2021
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Urban Scketchers e a “Des-Coberta” Da Cidade
2017
Esse artigo aborda o Urban Sketchers, grupo de desenhistas urbanos fundado pelo espanhol Gabriel Campanario em 2008, tratando de suas praticas pelas ruas das cidades onde vivem e para onde viajam, no intuito de mostrar como eles tem no desenho de locacao a possibilidade de descobrir as cidades e o mundo onde vivem, trazendo a tona o que esta imperceptivel ou e corriqueiro. Para isso, serao retiradas cronicas, depoimentos e desenhos do blog oficial do grupo, fonte principal de divulgacao de sua producao.
Rebeliões metropolitanas e planejamento insurgente no século XXI
Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, 2016
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De Istambul a Rio de Janeiro, as lutas pelo comum nas cidades rebeldes
Pablo de Soto (org.) 1 2 : "Eu tô lutando pelos 10% do PIB para educação e para saúde, assim como pelo aumento da frota e da fiscalização da capacidade máxima dos ônibus, que aqui não é controlado. Isso é muito importante para fazer imediatamente. Este grande garrafão de plástico cheio de água é para botar dentro as bombas de gás lacrimogênio. É para nos proteger do lacrimogênio, aprendi isso num video na Turquia. É da galera, um bem comum." 3 Essas palavras de um manifestante num protesto em junho no Brasil exemplificam com dramática intensidade o conflito atual, em torno da reprodução da vida nas metrópoles contemporâneas. O modelo hegemónico neoliberal imposto pelas elites financeiras, -onde o 1 Pablo de Soto é arquiteto e mestre em arquitetura pelo Real Instituto de Tecnologia de Estocolmo. Cofundador da hackitectura.net, um laboratório com arquitetos, programadores, artistas e ativistas, e editor dos livros Fadaiat: libertad de movimiento e Situation room: diseñando un prototipo de sala de situación ciudadana. Atualmente doutorando na Escola de Comunicação da UFRJ, desenvolve o projeto Mapping the commons sobre a relação entre bens comuns urbanos e as revoltas contemporâneas, tomando Atenas, Istambul e Rio de Janeiro como principais estudos de caso.
Intervenções urbanas na obra de Cildo Meireles
Anais do Seminário Internacional de Pesquisa em Arte e Cultura Visual, 2018
O presente artigo tem como tema a relação da obra de Cildo Meireles com o ambiente urbano. Partindo da obra Paulista / 97 (1997), trabalhamos com as noções de espaço público e transitoriedade para analisarmos a presença de elementos da urbanidade em alguns trabalhos do artista, seja em instalações apresentadas no ambiente convencional do museu ou galeria, seja em intervenções ou ações que se realizam em espaços abertos da cidade. O objetivo é refletir acerca da atuação do artista como interventor no meio urbano. Apesar de na trajetória artística de Cildo Meireles destacarem-se as suas instalações, frequentemente reapresentadas em suas mostras individuais, podemos observar também essa dimensão interventora, que não somente questiona as noções de espaço e tempo, mas as absorve, agindo no fluxo urbano. Desse modo, buscamos refletir sobre como algumas de suas obras interferem nos espaços abertos e circuitos externos aos museus e galerias, trabalhando as ideias de esfera pública e urbanidade. Com isso, abordamos ainda que brevemente as possibilidades de musealização, de produção de sentido e de construção de valor dessas obras. Palavras-chave: Cildo Meireles; arte contemporânea; intervenção urbana.