RESENHA: A diplomacia como testemunho (original) (raw)

Escravidão e Diplomacia

Faces de Clio

O presente artigo tem como objetivo apresentar os desdobramentos sobre a relação entre patrimônio cultural, diplomacia e cidade. Utiliza-se como recorte investigativo a região do Cais do Valongo no Rio de Janeiro/RJ. Através de uma revisão historiográfica o trabalho pretende demonstrar a importância que a escravidão sempre possuiu nas relações diplomáticas brasileiras, bem como na construção identitária nacional. Apresenta também como uma visão apaziguadora da violência do período escravista influenciou na percepção de uma democracia racial no país, tanto interna como externamente. Por fim, aponta como membros da sociedade civil e científica, muitas vezes fora da esfera pública, lutam pelo não apagamento da memória e resistência dos negros no Brasil.

Pós Pandemia Repensar a Diplomacia

Pós-Pandemia SARS-COV-2: Repensar a Diplomacia, 2020

Em Portugal, o medo silenciou a política. Mas, quando a pandemia amainar, levantar-se-ão todos em acesa cacofonia, numa espécie de pírrico ajuste de contas, esquecendo que ela não escolhe nações, raças, géneros, religiões, classes sociais ou ideologias, mas que traga, sobretudo, os mais débeis e desfavorecidos. Esperemos que nesse day-after, o Estado não se encolha sobre si próprio, deixando que uma voz mais popularmente sonante se imponha, e que prossiga na defesa dos valores por que se rege uma sociedade aberta, moderna e esclarecida. Maria Regina de Mongiardim 16, Abril, 2020 Pós-pandemia SARS-COV-2: Repensar a Diplomacia São muitos os artigos e intervenções que os mais diversos pensadores, nacionais e estrangeiros, têm publicado ou pronunciado sobre o day after da pandemia SARS-COV-2. Não obstante as diversas opiniões e prospetivas, todos são unânimes em que nada ficará como antes. Não haverá um retorno à normalidade. Haverá, sim, uma "nova normalidade", embora não saibamos ainda qual será. Com a pandemia, assistiu-se a uma disrupção do normal funcionamento das sociedades e das relações internacionais. Com o fecho de fronteiras, a restrição da circulação de pessoas, o regresso ao território nacional da produção de bens críticos para lidar com o vírus, a intervenção do Estado no funcionamento das empresas e do mercado de trabalho, o rompimento das cadeias internacionais de fornecimento, a economia foi posta em "coma induzido" (Paul Krugman), sem data marcada para a sua retoma. Tudo isto foi determinado por um "estado de necessidade", por uma maior racionalização das medidas, por políticas de pendor nacionalista, pelo decréscimo da solidariedade internacional e, em termos geopolíticos, pela tendencial desagregação de parcerias e alianças, avaliadas sob o prisma da oportunidade e da necessidade, e menos por ponderações político-ideológicas. Face à crise pandémica, a luta do Estado é pelo bem-estar da população e não o da globalidade; é pela necessidade e não pela convergência; é mais pela imposição de interesses próprios e não pela sua consensualização, numa lógica protecionista.

A diplomacia brasileira em crise

Tensões Mundiais, 2020

A diplomacia brasileira em crise A entrevista que apresentamos aqui foi concedida por Débora Santana, professora da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), Mônica Dias Martins, professora da Universidade Estadual do Ceará (UECE), e Luís Gustavo Guerreiro, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da UECE, para o apresentador do programa Rádio Debate, transmitido pela Rádio Universitária FM da Universidade Federal do Ceará, em 17 de setembro de 2019.

Diplomacia na (re)construção do Brasil

Locus: revista de História, 2019

Resenha do livro: RICUPERO, Rubens. A diplomacia na construçãodo Brasil: 1750-2016. Rio de Janeiro: Versal Editores, 2017.

Auge e declinio do lulopetismo diplomático: um testemunho pessoal (2019)

Contra a Corrente: ensaios contrarianistas sobre a política externa brasileira, 2019

3396. “Auge e declínio do lulopetismo diplomático: um testemunho pessoal”, Brasília, 15 janeiro 2019, 26 p. Revisão ampliada do trabalho 2999, elaborado em 26/06/2016, que deveria ter sido publicado pela revista semestral digital Mural Internacional, do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da UERJ, mas rejeitado pelo fato de que o “conselho editorial da revista achou que a contribuição estava muito forte podendo causar algum transtorno para a revista que, a priori, não segue nenhuma linha política”, um eufemismo para desconforto com minhas posições; introdução e conclusão elaboradas para esta versão, assim como atualização da informação relativa a trabalhos elaborados no período de dois anos decorridos desde a primeira versão. Incluído como apêndice ao livro Contra a corrente: ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil, 2014-2018 (Curitiba: Appris, 2019). Prólogo: um testemunho pessoal que é também um depoimento sobre uma época O longo texto de feitura semi-biográfica que segue abaixo foi elaborado numa conjuntura de crise da democracia brasileira: entre o início e o final do processo de impeachment mais recente da história política brasileira, o que vitimou a presidente do quarto governo do regime lulopetista iniciado em 2003, vitorioso em quatro eleições sucessivas, duas beneficiando o líder inconteste do Partido dos Trabalhadores, Luis Inácio Lula da Silva (em 2002 e em 2006), as duas outras em favor do preposto escolhido pelo próprio para o suceder uma única vez (em 2010), a ministra Dilma Rousseff, mas que escolheu, em 2014, suceder a si própria, mandato interrompido menos de dois anos depois de iniciado, por crimes cometidos contra a administração pública (lei orçamentária e Lei de Responsabilidade Fiscal). A origem desse depoimento-que também serve como testemunho pessoal sobre uma época peculiar do sistema político brasileiro e de sua diplomacia profissional-se situa igualmente a um momento especial da trajetória diplomática de seu autor, quase ao cabo de 13 anos e meio de um completo alheamento de qualquer cargo na Secretaria de Estado das Relações Exteriores-o ponto focal essencial de uma carreira iniciada por concurso direto no final de 1977-, por razões objetivamente políticas, como explico neste texto. Mas ele surgiu totalmente por acaso, ainda que sua elaboração se tenha beneficiado com reflexões anteriores, no mesmo estilo semi-biográfico, que eu já tinha feito no decorrer de minha longa trajetória na diplomacia brasileira...

A diplomacia das vacinas

GV-EXECUTIVO, 2021

A Índia desponta como força global para ajudar a imunizar populações em países em desenvolvimento contra a Covid-19 e tem sido um dos principais fornecedores de insumos para o Brasil.

O Estudo das Relacoes internacionais do Brasil: um dialogo entre a diplomacia e a academia (2006)

O Estudo das Relacoes internacionais do Brasil: um dialogo entre a diplomacia e a academia, 2006

O Estudo das Relações internacionais do Brasil: um diálogo entre a diplomacia e a academia (Brasília: LGE Editora, 2006, 385 p.; ISBN: 85-7238-271-2) Brasília, 9 abril 2020, 301 + 53 p. Reformatação completa do livro para fins de livre acesso nas redes de intercâmbio acadêmico. Índice Prefácio Introdução: o estudo das Relações Internacionais do Brasil Capítulo I A produção brasileira em relações internacionais: avaliação, tendências e perspectivas, de 1946 a 2006 1. Introdução: peculiaridades do campo relações internacionais no Brasil 1.1. Ensino: teoria quantitativa da multiplicação didática 1.2. Pesquisa: dispersão metodológica e baixa integração 2. Elaboração crescente, reflexão difusa: produção e grandes eixos analíticos 2.1. A “pré-história” das relações internacionais no Brasil 2.2. A “acumulação primitiva” da disciplina na academia 2.3. A explosão dos anos 80 e a “abertura” diplomática 2.4. A academia desafia o “monopólio” diplomático 2.5. Revolução “keynesiana” na produção acadêmica? 3. Orientações disciplinares, escolhas teórico-metodológicas 3.1. Sistema e estrutura como paradigmas de análise 3.2. A história como experiência única de inserção internacional 4. Autores e obras: balanço seletivo 4.1. Dos “founding fathers” aos pesquisadores profissionais 4.2. As revistas e os foros brasileiros de relações internacionais 5. O Brasil e o mundo: tendências analíticas 6. Perspectivas do estudo das relações internacionais no Brasil Quadros analíticos: 1. Cursos de bacharelado em relações internacionais, Brasil, 1974-2007 2. Cursos de pós-graduação stricto sensu relacionados à temática de relações internacionais, Brasil, 1969-2007 3. Instituições voltadas para ensino, pesquisa e promoção de eventos em relações internacionais, Brasil, 1930-2006 4. Periódicos no campo das relações internacionais, Brasil, 1839-2006 5. Produção brasileira em relações internacionais, 1945-2006 Capítulo II O Brasil no contexto econômico mundial: 1820-2006 1. O Brasil e a economia mundial desde o início do século XIX 2. O Brasil de 1820 a 1870: partida difícil, baixa dispersão mundial 3. O Brasil de 1870 a 1913: crescimento modesto, ascensão do café 4. O mundo entre 1913 e 1950: catástrofes econômicas e sociais 5. O grande crescimento de 1950 a 1973: a Ásia e o Brasil decolam 6. Crescimento e crise de 1973 a 1998: as diferenças se acentuam 7. O Brasil e a América Latina no contexto mundial: o longo prazo e a atualidade Tabelas estatísticas: 1. Crescimento histórico do PIB do Brasil, 1960-2003 2. Crescimento da população, do PIB e do PIB per capita, Brasil e EUA, 1820-1998 3. Evolução histórica do PIB per capita, países selecionados, 1820-1998 4. Taxas médias de crescimento anual do PIB per capita, 1820-1998 5. Taxas de crescimento demográfico, países selecionados, 1820-1998 6. Variação do volume das exportações, países selecionados, 1820-1998 7. Exportações de mercadorias em % do PIB, 1820-1998 8. Desvio histórico comparativo do PIB per capita do Brasil, 1820-1998 9. Evolução histórica comparada do PIB per capita, 1820-1998 10. Evolução comparada do comércio exterior, 1800-1912 11. Exportações mais importações de bens e serviços sobre o PIB, 2005 12. PIB per capita e taxas de crescimento de países selecionados, 1995-2004 13. Relação do crescimento do PIB com o crescimento do PIB mundial, 1988-2005 Capítulo III A estrutura constitucional das relações internacionais no Brasil 1. O controle constitucional das relações exteriores 2. A experiência constitucional brasileira 3. As relações internacionais segundo a Constituição de 1988 4. Implicações para a política externa do Brasil 5. As emendas constitucionais da ordem econômica 6. Estrutura constitucional e sistema político Quadros analíticos: 1. Emendas constitucionais com impacto nas relações econômicas internacionais 2. Dispositivos constitucionais discriminatórios ao investimento estrangeiro Capítulo IV A periodização das relações internacionais do Brasil 1. Tipologia cronológica das relações internacionais do Brasil 2. A era colonial como parte constitutiva da periodização 3. Cronologia temática das relações internacionais do Brasil 4. Dos primórdios ao processo de independência, 1415-1808 5. Independência e consolidação do Estado, 1808/1822-1844/1850 6. Apogeu e declínio do Império: 1850-1889 7. A República se afirma, 1889-1902 8. A era do Barão, 1902-1912 9. A República dos bacharéis, 1912-1930 10. Crise e fechamento internacional: 1930-1945 11 Uma política exterior tradicional: 1945-1960 12. A política externa independente: 1961-1964 13. A volta ao alinhamento, 1964-1967 14. Revisão ideológica e busca de autonomia tecnológica: 1967-1985 15. Redefinição das prioridades e afirmação da vocação regional: 1985-2006 Quadros analíticos: 1. Vetores das relações econômicas internacionais do Brasil, 1500-2006 2. Estrutura e contexto da diplomacia econômica no Brasil, 1808-1891 3. Evolução conceitual da diplomacia econômica no Brasil, séculos XIX-XX Capítulo V Cronologia das relações internacionais do Brasil, 1415-2006 1. Primórdios das descobertas, 1415-1498 2. Do descobrimento à união ibérica, 1500-1639 3. A economia colonial, 1641-1755 4. Crise do sistema colonial, 1756-1808 5. O processo da independência, 1808-1822 6. A consolidação do Estado, 1822-1850 7. Ascensão e declínio do Império, 1850-1889 8. República Velha: a diplomacia do café, 1889-1929 9. O Brasil na crise do entre-guerras, 1930-1939 10. No turbilhão do conflito militar, 1939-1945 Quadros analíticos: 1. Brasil: evolução da política comercial, 1889-1945 2. Brasil: evolução da política comercial, 1945-2006 3. Relações internacionais, processos multilaterais e regionais e política externa do Brasil, 1944-2006 Guia da produção em relações internacionais do Brasil e bibliografia geral Guia de periódicos nacionais e estrangeiros em relações internacionais Livros do autor

A invenção do método: diplomacia como ética de pesquisa

Esse artigo parte da pergunta “Como inventar um método?” não em direção à resposta a essa questão, mas antes a uma discussão sobre a postura do pesquisador no exercício de construção de metodologias de pesquisa. Para tanto, buscamos pôr em questão aqueles modos de fazer pesquisa que são marcados pela hierarquização entre o pesquisador e seu objeto de estudo. Como alternativa trazemos a postura ética assumida pelo personagem do diplomata construído por Vinciane Despret para o desdobrarmos em duas ferramentas que, acreditamos, podem contribuir para co-locar em análise as relações assimétricas entre os atores da pesquisa. Quais sejam: a irredutibilidade das diferenças entre os atores presentes no campo da pesquisa e o reconhecimento da multiplicidade das verdades e dos modos de existência.

Editorial - Dossiê Diplomacia Científica

Conjuntura Austral, 2020

A diplomacia científica é uma estratégia para aproximar atores políticos reconhecendo na promoção da ciência uma ferramenta para busca da paz e do desenvolvimento da humanidade. Essa ideia surgiu após a Segunda Guerra Mundial, quando cientistas, diplomatas e outras autoridades passaram a discutir as oportunidades e os riscos da proliferação nuclear. Foi nesse contexto que Albert Einstein e Bertrand Russell publicaram, em 1955, em meio a Guerra Fria, um manifesto que ficou conhecido por apresentar os riscos do uso de armas nucleares e por motivar a comunidade internacional a pressionar os líderes em favor da solução pacífica de controvérsias. O manifesto Einstein-Russell influenciou a realização, por parte da comunidade científica internacional, das Conferências de Pungwash, cuja finalidade era a promoção da paz. Os esforços das Conferências foram reconhecidos com o Prêmio Nobel da Paz em 1995. Recentemente, dois acontecimentos foram fundamentais para entender a evolução da diplomacia científica: o famoso discurso de Barack Obama, em 2008, no Cairo, que destacou a importância da ciência para a construção da confiança mútua entre países e povos; e o memorando New Frontiers in Science Diplomacy, publicado em 2010, pela Royal Society, no Reino Unido, em parceria com a American Association for the Advancement of Science (AAAS) e com o intuito de estruturar conceitos e elucidar agendas e casos. Nos últimos anos, os debates sobre problemas complexos de ordem global, como as mudanças climáticas, Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) ou a governança da internet, colocam a diplomacia científica no centro da agenda internacional. A crise em múltiplos níveis, ocasionada pela pandemia do novo coronavírus, colocou a ciência em evidência perante a globalização e a política internacional. O presidente estadunidense, Donald Trump, pediu velocidade aos cientistas para disponibilizar uma vacina. A revista Science respondeu através de seu editor, H. Holden Thorp, lembrando que o processo não é tão simples, principalmente em um contexto de desinvestimento e de desvalorização da academia e dos pesquisadores (THORP, 2020). Nesse momento, o Brasil ganhou espaço nas manchetes internacionais pelo negacionismo e politização das recomendações científicas. A revista Nature destacou que os pesquisadores brasileiros estão enfrentando uma batalha contra atitudes anticientíficas encorajadas pelo comportamento do presidente Bolsonaro (FRASER, 2020), que junto aos representantes da Nicarágua, Turcomenistão e Belarus formam o grupo de líderes negacionistas, ou o que o pesquisador Oliver Stuenkel denominou de "Aliança do Avestruz", em referência ao mito do animal que enterra a própria cabeça na areia, diante dos problemas (SCHIPIANI et al., 2020).