Da idolatria indígena à conversão cristã no México do século XVI : uma análise da obra do frei Toribio Motolinía (original) (raw)

A igreja católica do século XVI sobre o indígena latino-americano: sujeito de direitos?

InterAção, 2019

Os Estados português e espanhol do século XVI eram fervorosamente católicos, de modo que refletiam o caráter histórico da Igreja de então, expressando a catolicidade em seu sentido original, o qual tem como bases a universalidade e o elemento pentecostal daquela crença. Este último traduz-se na necessidade de pregação da palavra católica aos quatro cantos do mundo, promovendo a salvação das almas. Numa conexão, por vezes simbiótica e noutras antagônica, entre tais fatores religiosos e os objetivos imperialistas destas nações, o fato inegável é que surge um fértil desenvolvimento teórico acerca da natureza do ser indígena, questionando-o como sujeito de direitos ou não. Diante disso, o objetivo do presente artigo é demonstrar o debate surgido, no século XVI, a partir de tal conjuntura, por meio de uma revisão bibliográfica dos principais pensadores da época, quais sejam: Antonio de Montesinos, Francisco de Vitória, Bartolomé de Las Casas e Juan Ginés Sepúlveda. Os resultados demonstram que a presente discussão promoveu um desenvolvimento sobre a noção dos direitos naturais, posteriormente retomada quando das revoluções burguesas dos séculos seguintes. Ademais, há uma ressonância óbvia desta contenda sobre a atualidade, transmitindo dos indígenas para os refugiados o questionamento sobre serem ou não sujeitos de direitos. Portanto, apesar de seu surgimento há mais de quatro séculos, a temática em questão possui uma necessidade de ser revisitada, o que se pretende realizar por meio do trabalho a seguir.

O repartimiento sob juízo no México. Os pareceres de franciscanos e jesuítas a respeito do trabalho indígena (século XVI)

Desde o início da colonização, o trabalho compulsório dos indígenas esteve entre as questões mais debatidas na Espanha e em suas possessões americanas. Nos anos finais do século XVI, os repartimientos, instituição de recrutamento de mão-de-obra nativa, estiveram sob o julgamento de franciscanos e jesuítas. Teólogos dessas duas ordens religiosas foram chamados a dar seus pareceres a respeito da licitude e legitimidade do repartimiento no México. O objetivo deste trabalho é analisar e confrontar as duas visões sobre aquela instituição, avaliando e enumerando os seus respectivos argumentos. Depuis le début de la colonisation, le travail forcé des indigènes a été largement discuté en Espagne et ses possessions américaines. Dans les dernières années du XVIe siècle, les repartimientos, institution de recruter la main-d’oeuvre indigène, ont été examiné et jugés par les jésuites et franciscains. Les théologiens de ces deux ordres religieux ont été invités à donner leurs avis sur la légalité et la légitimité des repartimientos dans le Mexique. L’objectif de cet article est d’analyser et de comparer les deux points de vue sur cette institution, en train d’évaluer et d’énumérer leurs arguments respectifs.

Religião como tradução : missionarios, Tupi e "Tapuia" no Brasil colonial

2001

Este trabalho traz uma analise historico-antropologica do processo de encontro entre indigenas e missionarios no Brasil colonial. A pesquisa visa reconstruir os percursos historicos especificos atraves dos quais horizontes culturais diferentes (a religiao crista ocidental, por um lado, e os sistemas mitico:-rituais indigenas, por outro) constituiram-se como instrumentos conceituais para construir o sentido do "outro", que a realidade colonial colocava como problema. Identificando as linhas essenciais da releitura e da rearticulacao destes horizontes, a tese procura mostrar que o encontro entre a religiao ocidental e o mundo simbolico indigena foi, mais do que a simples imposicao da primeira e o cancelamento do segundo, um processo de traducao reciproca, em que os simbolos de um e de outro constituiram uma linguagem de mediacao. O que se propoe e uma analise que compara dois momentos sucessivos deste encontro: o primeiro entre missionarios, viajantes e indios tupinamba do l...

Θεός na aldeia: teologia colonial, revelação e missão indígena

Resumo: O texto se propõe a pensar a percepção da revelação e de como a teologia colonial gestou uma narrativa monopolizadora dessa percepção. Essa teologia colonial, de vigor majoritária, ainda determina o discurso teológico quando no desenvolvimento de teologias missionárias, principalmente entre indígenas na América Latina. Com isso posto, o nosso texto, de maneira sucinta, irá tratar dos problemas que uma teologia missionária colonial incorre quando diante das culturas autóctones latino-americanas com suas representações revelacionais e teologias. Palavras-chave: Teologia. Colonialidade. Revelação. Indígenas. América Latina.