Nas Margens: experiências de suburbanos com periodismo no Rio de Janeiro, 1880-1920 (original) (raw)
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Nas margens dos trilhos, da cidade e do poder: imprensa suburbana no Rio de Janeiro: 1880-1940.
Este artigo busca dar visibilidade a um conjunto de iniciativas de dezenas de habitantes dos subúrbios da cidade do Rio de Janeiro no campo da imprensa periódica. Entre 1880 e 1940 a então Capital Federal passou por profundas transformações sócio-espaciais. As disputas e tensões próprias de uma cidade em expansão foram levadas para o campo da cultura letrada. Nele, novos produtores e leitores de textos impressos estamparam suas marcas e experiências de vida, proporcionando novas práticas e intencionalidades sobre o fazer jornalístico.
Jornalismo como missão: Militância e Imprensa nos subúrbios cariocas, 1900-1920
Leandro Climaco Mendonça, 2017
Essa tese investiga as experiências de um grupo de jornalistas com os títulos da chamada ‘imprensa suburbana’ e da ‘imprensa empresarial’ do Distrito Federal entre 1900 e 1920. Ao longo desse período, caracterizado por intensas transformações urbanas e rurais na feição da então capital federal, os jornalistas mais destacados dessa imprensa mobilizaram a palavra em letra de forma como meio privilegiado para intervir enquanto sujeitos ativos naquela realidade. Ao elevarem os subúrbios cariocas ao posto de atores políticos da cidade em mutação, esses periodistas alcançaram posições de prestígio nos bairros onde viviam, dialogando com alguns dos setores mais organizados daquela população (proprietários / comerciantes / operários) e seus projetos de intervenção na cidade. O processo resultou no convite, por parte dos donos dos jornais diários de maior vendagem do Rio de Janeiro, para que esses periodistas suburbanos redigissem as seções sobre os subúrbios, seções por aqueles criadas. Esse trabalho, portanto, buscou privilegiar a investigação sobre o jornalismo por eles praticado nas duas pontas desse circuito informativo, indagando sobre as estratégias editoriais por eles adotadas; as diferenças no interior desse campo; os usos que fizeram da imprensa; e os sentidos por eles atribuídos às suas práticas jornalísticas. Nessa caminhada, foi possível reconstruir capítulos da história da cidade pouco explorados pela historiografia. Através da imprensa, esses intelectuais dos subúrbios articularam várias iniciativas em prol desse pedaço da urbe, como a criação de associações ‘pró-melhoramentos’, congressos, ligas e campanhas públicas. O resultado da investigação permite questionar a noção de “atrofia da política” no campo político carioca do período, tão propalada pela historiografia, ao incorporar novos atores políticos e seus projetos de cidade e sociedade, razão pela qual se faz possível uma nova leitura sobre as ações desenvolvidas pelos poderes públicos responsáveis pelo governo da capital ao longo das duas primeiras décadas do século XX.
A imprensa dos subúrbios (1900-1920) // The suburban press (1900-1920)
Revista Contracampo Brazilian Journal of Communication, 2016
O artigo apresenta uma pesquisa em andamento sobre como o jornalismo contribuiu para a elaboração de um conceito carioca de subúrbio e como essas regiões foram narradas entre os anos 1900 e 1920 tanto na chamada imprensa suburbana quanto nas colunas dos periódicos de grande circulação que eram dedicadas a notícias sobre aquele espaço social específico. Uma hipótese é que houve disputas em torno das idealizações sobre esses bairros e que algumas delas acabaram por legitimar um processo de permanente produção da diferença, não apenas simbólica, mas efetivamente de investimentos públicos. A pesquisa pretende compreender como os jornais servem como ferramenta para elaboração de uma imaginação histórica sobre a cidade, reforçando ou contestando mecanismos de diferenciação e hierarquização dos espaços. // This paper presents a research on how journalism has contributed to the development of a concept of suburb in Rio and how these regions were reported between 1900 and 1920 by both so-called suburban press and the columns of leading newspapers that were devoted to news on that particular social space. One hypothesis is that there were disputes over idealizations about these neighborhoods and some of them eventually legitimize a process of continuous production of difference, not only symbolic, but effectively on public investments. The research aims to understand how the newspapers serve as a tool for developing a historical imagination of the city, reinforcing or challenging mechanisms of differentiation and hierarchy of spaces.
A cidade em pauta: imprensa e modernidade carioca nos anos de 1950
2020
A modernidade dos anos de 1950 produziu um novo tipo de sociabilidade, associada ao aceleramento da urbanização e dos meios de comunicação de massa, ao crescimento econômico e a diferenciação de padrões de comportamento. Fenômenos que produziram uma diferenciação maior dos tipos urbanos, estimulada ainda pelo intenso fluxo migratório de outros estados para a capital federal, e pelo estabelecimento de novas territorialidades culturais na cidade do Rio de Janeiro. Esse artigo tem por objetivo refletir sobre esses processos e a importância da imprensa e dos seus repórteres, na construção dessa modernidade carioca na primeira metade do século XX.
Caminhos na produção da notícia: a imprensa diária no Rio de Janeiro (1875 1891)
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2015
Como, em geral, ocorre em trabalhos acadêmicos, estas são as últimas linhas que escrevo desta tese. Ao cabo de todo esse longo processo pude contar com a colaboração de diversas pessoas que, de uma forma ou de outra, contribuíram para produção do material que o leitor tem em mãos. Entre os professores do Programa sou grato, primeiramente, ao professor Marco Morel, de quem fui orientando no primeiro ano da tese. Minha própria intenção em ingressar na UERJ, importa dizer, foi motivada pela fértil e agradável convivência que estabelecemos desde 2007. Após o primeiro ano do doutoramento, passei a ser orientado pela professora Tânia Bessone que, desde então, foi uma apoiadora incondicional nas tantas mudanças de rumo em relação ao projeto original. Devo a ela a atenta leitura de versões preliminares dos capítulos, que retornavam sempre com importantes correções e indicações de leitura. De igual forma, o professor Alex Varela esteve empenhado na leitura de versões preliminares dos capítulos, apontando equívocos e sugerindo outras tantas leituras. Ainda entre os membros do quadro de professores da UERJ, sou grato ao professor André Nunes de Azevedo com quem estabeleci uma próxima relação acadêmica, instigado por suas aulas, sugestões de leituras e pelas tantas conversas informais que tivemos pelos corredores da Universidade, e fora dela. A professora Sílvia Capanema, no curto período em que esteve na UERJ ministrando algumas disciplinas, em 2012, com suas indagações ao projeto ajudou a melhor construir parte dessa investigação presente, especialmente, em seus dois primeiros capítulos. Agradeço aos familiares e diversos amigos que acompanharam os anos de dedicação a este trabalho. Não seria possível mencionar todos aqueles que estiveram ao meu lado ao longo desta jornada, ajudando de diferentes formas, mesmo que simplesmente com uma palavra de incentivo. Não posso deixar de mencionar, entretanto, meus pais, Rosa Guimarães e Aguinaldo H. Guimarães, e os amigos Vinicius Perenha, Rachel Saint-Williams, Sandra Rinco Dutra, Paulo Roberto Pontes e Alejandra Estevez. Devo particular agradecimento ao meu amigo Guilherme Babo Sedlacek que se ocupou de uma leitura preliminar desta tese, fazendo diversas sugestões de leitura e alterações no texto. Minha esposa e companheira, Camila Moura Pinto não apenas fez leituras de versões preliminares dos capítulos, como também proporcionou condições para que me dedicasse a esta trabalho. Sem sua carinhosa ajuda este trabalho não teria sido possível.
A produção dos espaços suburbanos: o bairro das Rocas na imprensa natalense (1900-1940)
2020
Este artigo busca analisar o processo de produção dos espaços suburbanos da cidade de Natal nas quatro primeiras décadas do século XX, especificamente o processo de construção do bairro das Rocas. Ao longo desse período, Rocas esteve à margem. À margem do rio, do mar, à margem do processo de urbanização da cidade de Natal, à margem da história. A partir da leitura e análise de documentos que nos ajudam a compreender as transformações materiais da cidade (planos urbanísticos, desenhos, projetos, mapas, leis etc.), assim como pela própria historiografia dedicada ao tema, podemos perceber que outros locais foram privilegiados no processo de urbanização. Procurou-se identificar os discursos, as ações e o imaginário produzido pelos grupos dominantes com relação ao bairro das Rocas, bem como alguns aspectos, mesmo que fragmentários, do cotidiano, dos modos de vida e das formas como os moradores das Rocas usavam e se apropriavam dos espaços no período.
2015
Vim pôr fogo ao mundo e hei de preservá-lo até que arda." Jesus de Nazaré Para os que vivem... a despeito de tudo... E para os que sabem que a grandeza está em ser ponte...
Ponto.Urbe (NAU/USP), 2021
Neste artigo, debruço-me sobre a discussão feita nas páginas do Jornal do Brasil (JB), em meados dos anos 1960, a respeito do desenvolvimento urbano da Barra da Tijuca, bairro localizado na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Argumento que esse jornal construiu, a partir de um conjunto de reportagens, o imaginário simbólico da Barra da Tijuca como o Rio do futuro. Tais textos mobilizaram uma retórica de acusação e interpelação do poder público requisitando, para a região, políticas urbanísticas. Há no cerne da argumentação das reportagens o anseio de modernização do espaço urbano do Rio de Janeiro, que caracteriza parte das expectativas sociais do contexto. Esses imaginários de futuro constroem materialidades no espaço, têm efeito social na medida em que engendram políticas e mobilizam o poder público.
Jornalismo no “país da periferia”
ALCEU, 2016
A crise da mídia de referência determinou a busca de superação de suas próprias limitações através da tentativa de aproximação do que tem sido definido como público “Classe C”, habitante da periferia metropolitana e provocativamente denominado de “ralé”. Nossa reflexão tenta perceber até que ponto a alteridade está internalizada nas narrativas jornalísticas de televisão que dele buscam aproximar-se ou se, por outra, ela é incorporada ainda de maneira superficial e apenas amparada no apelo de figuras midiáticas que atuam como repórteres. Ao estudar três projetos telejornalísticos distintos – em TV aberta, TV por assinatura e TV web –, indagamos até que nível estão incorporados os valores da identidade social de militantes populares de periferia na construção da identidade discursiva das matérias jornalísticas que protagonizam e que engendram um “jornalismo de periferia”. Nossos resultados apontam que as características noticiosas do entre-lugar engendrado transitam entre a ambivalênc...