Para Ultrapassar o mar. In: Juliana Braz Dias; Andréa de Souza Lobo. (Org.). África em Movimento. 1ed.Brasília: ABA Publicações, 2012, v. , p. 237-243. (original) (raw)

(Resenha) DIAS, Juliana Braz; LOBO, Andréa de Souza (orgs.). África em movimento. Brasília: ABA Publicações, 2012. 300 pp.

Resultado de um Seminário homônimo ocorrido em 2010, na cidade de Brasília, o livro África em Movimento, organizado pelas antropólogas Juliana Braz Dias e Andréa de Souza Lobo, reúne algumas das novas perspectivas antropológicas sobre o continente africano, produzidas em centros de pesquisa brasileiros. De acordo com as organizadoras há uma dupla intenção nesta coletânea de artigos. A primeira consiste em reunir diversos casos empíricos de fluxos e refluxos em realidades africanas, envolvidos em problemáticas contemporâneas e/ou históricas, permitindo uma delimitação das fronteiras que estruturam as dinâmicas sociais em questão. A segunda intenção, evidentemente vinculada à primeira, é trazer o método etnográfico para o debate, como ferramenta para a melhor compreensão destes fenômenos.

Mikael Parkvall, "Da África para o Atlântico". Campinas, Editora da Universidade Estadual de Campinas, 2012

Revista da ABRALIN, 2012

Em novembro de 2012, a Editora da UNICAMP publicou o livro “Da África para o Atlântico” (367 páginas). Trata-se de uma primorosa tradução feita por Rodolfo Ilari da obra “Out of Africa: African influences in Atlantic Creoles”, escrita pelo renomado linguista sueco Mikael Parkvall, e publicada originalmente em 2000. Entre os vários méritos dessa obra, destacamos de saída que o diálogo analítico empreendido pelo pesquisador com autores e estudos anteriores oferece ao leitor uma rota para percorrer os caminhos dos estudos em crioulística elaborados no último século.

Reginaldo, L.; Ferreira, R. (org.), África, margens e oceanos. Perspectivas de História Social. 20 primeiras páginas

Editora da Unicamp, 2021

Desde meados dos anos 2000, a produção africanista brasileira vem destacando-se no cenário internacional por suas contribuições originais. Este livro apresenta alguns desses aportes, tais como a ênfase na história social e o protagonismo de atores africanos. Ao mesmo tempo, destaca as referências intelectuais e os contornos sociais que demarcam a produção sobre história da África no Brasil, evidenciando a relevância dos estudos sobre o tráfico, o interesse pelas experiências dos escravizados e as demandas dos movimentos negros na sua constituição. Coloca em relevo também os diálogos estabelecidos com a historiografia africanista estrangeira, seja ela produzida em centros de pesquisa norte-americanos, europeus ou africanos. Além disso, explora os limites e alarga os horizontes das pesquisas realizadas no Brasil, chamando atenção para temas e cenários ainda pouco explorados, notadamente as conexões do Índico com a África, as Américas e a Ásia. Por fim, mas não menos importante, aborda questões relativas ao ensino de história da África, enfatizando sua relação com os estudos acadêmicos e com as políticas públicas de combate ao racismo no Brasil.

A África Queer cruza o Atlântico: contrapondo histórias únicas

Anuário Antropológico, 2021

As experiências queer africanas são múltiplas em suas narrativas, vivências e debates. Ao mesmo tempo em que a sua multiplicidade encontra barreira nas estruturas heteronormativas e patriarcais, ela as subverte a partir das suas sexualidades e gêneros dissidentes. Dessa forma, o presente ensaio bibliográfico tem como objetivo apresentar diferentes abordagens sobre existências e resistências e existências LGBTIQs africanas, assim como as implicações políticas, religiosas e sociais que acompanham esses sujeitos. Para elencar essas questões, partimos da discussão feita nos dois volumes da coletânea Traduzindo a África Queer, que traz ao público brasileiro a tradução parcial do já clássico Queer African Reader.

A política ultramarina no reinado de Filipe III no Brasil e em Angola: o governo do gentio e o comércio de escravos (1607-1621). In: Trabalho forçado africano - articulações com o poder político. Porto : Campo das Letras, 2007, p. 83-99.

Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto, novembro de 2006. Resumo: No reinado de Filipe III, particularmente entre 1607 e 1611, a Coroa atua conjuntamente no Brasil e em Angola, transformando a política em relação aos indígenas e aos africanos e reforçando o aparato político-administrativo. No Brasil, determina-se a liberdade dos indígenas, que deve ser garantida pela Relação da Bahia; em Angola, os chefes locais devem estar diretamente subordinados ao poder real, pagando seus tributos em escravos. Essas medidas representam uma tentativa de refundação da colonização baseada no escravismo e na complementaridade entre Brasil e Angola. A Coroa procura se apropriar dessa conexão em detrimento dos jesuítas e dos conquistadores. Palavras-chave: Governo-geral, governo do gentio, comércio de escravos, Atlântico Sul, colonização, escravismo. * Artigo publicado em CENTRO DE ESTUDOS AFRICANOS DA UNIVERSIDADE DO PORTO (coord.). Trabalho forçado africano -articulações com o poder político. Porto, Campo das Letras, 2007. Introdução No reinado de Filipe III, particularmente entre 1607 e 1611, a Coroa procura romper com o dominium 1 dos conquistadores e dos jesuítas sobre os indígenas e os africanos, reforçando o governo-geral e criando novas leis para o comércio de escravos. A Coroa atua conjuntamente no Brasil e em Angola, as medidas de maior relevo são: a interrupção do processo de conquista em Angola e a subordinação das autoridades locais diretamente à Coroa; 2 no Brasil, é decretada a liberdade dos índios, 3 que deve ser garantida por um novo tribunal de justiça, a Relação da Bahia. 4 Essas medidas representam uma tentativa de refundação da colonização baseada no escravismo e na complementaridade entre Brasil e Angola; a Coroa procura se apropriar dessa conexão em detrimento dos jesuítas e dos conquistadores.

Nota introdutória: Os Desafios da Pirataria Marítima em África

Antítese, 2008

a 3 de Junho de 2011 a comissão da união africana (ua) constituiu o Grupo de acção interdepartamental com a incumbência de desenvolver a «estratégia africana Marítima integrada -2050» 1 . a aprovação da eaMi-2050 está planeada para 2012 e visa colmatar a lacuna relativamente à visão a longo prazo da ua para os desafios, oportunidades e ameaças que se colocam aos seus estados-membros no domínio marítimo. Diversos autores convergem na caracterização da abordagem da predecessora organização da unidade africana (oua) e da ua como eminentemente territorial e fixada nos espaços terrestres 2 . françois Vrey, em particular, defende que a organização continental se caracteriza por uma «cegueira» marítima 3 . Se, por um lado, a ausência de uma estratégia conjunta e de políticas dos estados-membros da ua para os espaços marítimos de plena soberania e sob sua jurisdição deva ser compreendida à luz da natureza dos padrões de conflito em áfrica, predominantemente marcados por guerras civis, frequentemente, com ramificações regionais para os estados vizinhos, por outro, o exercício e projecção da soberania dos estados costeiros e insulares ao longo da extensão dos espaços marítimos sob sua jurisdição requer meios para além dos recursos da maioria dos estados em questão. os espaços marítimos, tal como alguns dos espaços terrestres fronteiriços, em áfrica Subsariana, tendem a caracterizar-se pela ingovernabilidade 4 . a limitada presença das instituições e dos agentes dos estados nestes espaços traduz a ausência de mecanismos que permitam mediar as pressões entre as arenas interna/internacional e regional/transnacional tornando os espaços marítimos mais permeáveis a actividades de actores não estatais. a ausência e/ou limitada capacidade de exercício de soberania por parte da maioria dos estados sobre os espaços marítimos torna-os, por um lado, periféricos, e, por outro, centros nevrálgicos ou de encruzilhada entre as dinâmicas internas, internacionais e transnacionais, onde convergem diversos actores regionais e extra-regionais. o dossiê que integra o presente número da revista Relações Internacionais, resultado da conferência realizada em Maio de 2010 organizada pelo centro de estudos africanos do iscte, centra-se na problematização do fenómeno da pirataria marítima na Somália e na o S d e S a F i o S d a p i r a t a r i a m a r Í t i m a e m Á F r i C a