Gabinetes ministeriais da Bolívia e Brasil: novos atores sociais ou velhas elites tecnocráticas? (original) (raw)

Em 2005, Evo Morales foi eleito presidente com mais de cinquenta por cento dos votos válidos. Com o seu triunfo, iniciava um novo ciclo nas relações elitárias. Era a primeira vez que as rédeas do Estado eram conduzidas por um líder com origem política e social diferentes das antigas elites políticas. Em 2011, no Brasil, Dilma Rousseff é eleita presidente com cinquenta e seis por cento dos votos válidos. Sua vitória se deve ao período de prosperidade, estabilidade econômica e promessa de poucas modificações nos rumos da economia. O presente trabalho tem como objetivo analisar o perfil social de ministros da Bolívia e Brasil. Argumentamos que, apesar das transformações políticas e sociais observadas nos dois países, em ambos os casos, há o predomínio de ministros com perfil social: antigas elites tecnocráticas que conseguem entrar no aparelho do Estado, apesar das mudanças políticas.Nesse sentido, levantamos as seguintes questões: Quais os fatores que dificultam a participação de novos atores sociais em altos cargos do Estado? A origem dos grupos de decisão é determinada pela origem social? A importância da investigação dos Gabinetes Ministeriais se deve ao que eles representam: “o conjunto de agentes do executivo, designados politicamente no nível mais alto do sistema de policy making” (Müller e Strom, 2000:11 apud: Avendaño e Dávila 2012, 90). Constituem um âmbito de governo no qual é definida boa parte das políticas aplicadas pelos governos nas democracias contemporâneas. As variações e os critérios na designação daqueles que integram cada Gabinete, permitem explicar as diferenças no policy making em termos de representação de interesses, Amorim Neto (2006), Amorim Neto e Samuels (2010), assim como os conflitos entre interesses propriamente políticos e os da administração, Avendaño e Dávila (2012), Botella e Rodríguez (2005).