Espaços Transversos: Tráfico de drogas ilícitas e a Geopolítica da Segurança (original) (raw)
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SEGURANÇA PÚBLICA TRANSNACIONAL E GEOPOLÍTICA DAS DROGAS 2.doc
A crescente feição de transnacionalidade do tráfico de drogas tem imposto uma abordagem heterodoxa no que tange ao trato preventivo e repressivo da questão. Através de uma pesquisa bibliográfica, propõe-se o combate também transnacional como forma de responder à indagação sobre a possibilidade de eficácia da atuação estatal em face da transcendência deste delito.
Este artigo visa a analisar a interação entre o espaço social e a manifestação das " facções criminais ". Entende-se essa forma contemporânea de vivenciar a criminalidade como fenômeno multifatorial que, por isso, demanda análises que articulem diferentes escalas e dimensões da pesquisa sócio-espacial. No trabalho, explora-se uma dessas possibilidades de investigação, aqui chamada de " eixo territorial " – o que abarca considerar desde os processos de segregação nos espaços urbanos, até a constituição, por grupos criminais, de territórios. Assim, são feitas algumas reflexões sobre os territórios, indicando-se sua articulação com os estudos de violência e criminalidade. Em seguida, analisa-se processos de segregação sócio-espacial tendo como referência alguns estados brasileiros, a fim de se situar o substrato sobre o qual costumam ser constituídos territórios por " facções ". Por fim, são trazidos alguns resultados de uma pesquisa mais ampla feita sobre os grupos criminais de Porto Alegre, pelos quais se busca expor questões que perpassam as territorialidades de " facções " no município.
[2009] AMBIGUIDADE ENTRE O LEGAL E O ILEGAL: REDES DE TRÁFICO DE DROGAS ILÍCITAS E TERRITÓRIO
Explicar a ambiguidade entre o legal e o ilegal implica na ampliação do marco conceitual propriamente geográfico da análise das redes de tráfico de drogas ilícitas de modo a integrar outras referencias, como a tese do filósofo italiano Giorgio Agamben de que na atualidade as situações de "exceção" transbordam os limites espaciais dos estados nacionais e se fundem com a ordem normal, onde tudo se torna possível. Me parece ser essa a concepção mais adequada para o entendimento da ambiguidade entre o legal e o ilegal, que caracteriza tanto a economia legal como a economia dos tráficos ilícitos, a lavagem de dinheiro e a evasão de impostos no contexto da economia global.
O comércio ilícito de drogas e a Geografia da Integração Financeira: uma simbiose?
Publicado em: I. Castro et al (eds.) Brasil.Questões Atuais da Reorganização do Território. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1996 O propósito desse trabalho é, em primeiro lugar, abordar os temas do comércio ilícito de drogas e da integração mundial do sistema financeiro de um ponto de vista geográfico, entendido aqui como a visualização das dimensões espaciais e dos padrões geográficos que assumem no mundo contemporâneo. Em segundo lugar, com intuito mais específico, se pretende explorar quais as relações e até que ponto existe uma simbiose entre as organizações que exploram o comércio de drogas ilícitas, os sistemas bancários, que realiza a lavagem de dinheiro, e o sistema financeiro, onde o dinheiro se transforma em capital. Simbiose no sentido de que embora sejam organizações dissimilares convivem numa relação mutuamente benéfica. Essa possibilidade já foi sugerida por alguns autores a partir do ângulo econômico (Lyman&Potter,1991;Sauloy&LeBonniec,1992;Blixen,1993). Uma abordagem geoeconômica e geo-política talvez permita encaminhar a idéia de que essa simbiose se apóia na contradição, presente na origem e no desenvolvimento do sistema capitalista, entre processos de transnacionalização e formação de mercados mundiais (no nosso caso, dinheiro e drogas) e o estado nacional. Do ponto de vista estritamente geográfico, o mapeamento e análise da disposição espacial dos elementos que compõem essas organizações mostram não só a condição necessária de transnacionalidade das interações como também o papel peculiar e contingente que o território e as fronteiras dos estados nacionais estão assumindo nesse processo. Para explorar essas questões através de uma avaliação das relações entre as redes de comércio ilícito de drogas e os sistemas bancário e financeiro, o trabalho foi dividido em duas partes. A primeira parte procura estabelecer a complexidade desse comércio e sua relação imediata com o sistema bancário através dos processos de "lavagem de dinheiro". Na segunda parte, os processos de lavagem serão contextualizados no âmbito mais geral da geografia da integração mundial do sistema financeiro, procurando-se mostrar alguns dos mecanismos desse sistema e suas 1 Departamento de Geografia,UFRJ. Pesquisadora CNPq/Finep. Participou da coleta e processamento de dados, a bolsista de Iniciação Científica, Rebeca Steiman (CNPq); na parte gráfica, participou a bolsista Paula Liaffa da Silva (CEPG-UFRJ).
Revista Brasileira de Ciências Criminais, 2020
A relação entre dinâmicas urbanas e o controle e a gestão dos conflitos tem passado por importantes modificações nas cidades brasileiras a partir do que se convencionou chamar de virada neoliberal, processo que responde a uma demanda por ordem complexa, articulando nossas tradições autoritárias de controle social e as configurações globais do modelo empreendedor de cidade. Nesse contexto, este trabalho constitui uma tentativa de articulação entre a política de drogas e a produção do espaço urbano, uma vez que é a partir da plasticidade das dobras de criminalização por tráfico de drogas que o poder punitivo, enquanto força política configuradora de sociabilidades, territórios e lugares, é exercido em toda a sua potência. A questão central do trabalho, tendo como base empírica sentenças criminais, é compreender as dinâmicas sócio-espaciais da criminalização por tráfico de drogas na cidade de Salvador e as interfaces entre o discurso e a prática judicial e a atuação das forças de ordem.
A GEOPOLITICA DO TRAFICO O ESTADO DO PARANA NAS ROTAS INTERNACIONAIS DAS DROGAS
As questões referentes ao tráfico de drogas têm suscitado estudos envolvendo problemas tanto locais (como por exemplo, a estruturação hierárquica de uma "bocade-fumo"), como os mais gerais e globais (como o debate sobre discriminalização das drogas e a articulação econômica entre áreas produtoras e áreas consumidoras). Para a Geopolítica as questões sobre o tráfico de drogas interessam principalmente quando se discutem os territórios dominados pelas forças paralelas que controlam o tráfico e por estarem profundamente relacionadas à questão urbana e aos novos cenários da Geopolítica. Neste sentido, o presente trabalho objetiva demonstrar que o estado do Paraná já tem figurado no cenário das rotas internacionais das drogas, uma vez que a própria geografia do território paranaense, com seus limites territoriais, nacionais ou internacionais, favorece a distribuição e circulação de drogas. Limites esses, que se mostram muitas vezes vulneráveis, quer sejam pelo reduzido número de agentes de segurança pública que atuam na região de fronteira, quer sejam pelas ações cada vez mais audaciosas dos traficantes, com o objetivo de burlar a fiscalização na região fronteiriça com o estado do Paraná. Para tanto, utilizou-se na pesquisa a coleta de dados referentes às inúmeras apreensões de drogas que foram realizadas no estado do Paraná.
Espaços Protegidos Transfronteiriços
Sustentabilidade em Debate, 2011
O objetivo desse trabalho é discutir a patrimonialização de espaços, tomando como exemplo a Bacia do Alto Paraguai, aqui considerada espaço transfronteiriço. Assume- se que o processo de integração regional em curso exige apreciação da região como espaço de composição de distintas malhas de gestão, dentre as quais aquelas que definem espaços de preservação. Argumenta-se que o processo de patrimonialização daqueles espaços tende a modificar a estrutura de governança entre países, permitir o aparecimento de novas institucionalidades e pressionar por negociações mais participativas, constituindo esse último aspecto um dos principais desafios para o cenário de integração regional. Para a realização deste trabalho, foram levantadas informações em órgãos internacionais que tratam dos espaços protegidos. A análise empreendida busca evidenciar as diferentes escalas nas quais o patrimônio natural é elemento que atua na constituição de novos territórios. Nos espaços transfronteiriços, a impla...
Economia das drogas e políticas de segurança no Triângulo Mineiro
Revista Brasileira de Segurança Pública, 2020
Este artigo tem como objetivo principal interpretar quatro modelos econômicos dos mercados das drogas ilícitas e suas intersecções na região do Triângulo Mineiro/MG. O primeiro modelo de tráfico de drogas descrito foi o político-empresarial. A pesquisa tomou como base o relatório conclusivo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico de Minas Gerais que documentou a acusação de políticos, empresários e servidores públicos da área da segurança pública. O modelo da rota caipira desvelou mercados das drogas nas fazendas via transporte aéreo, descobertos por operações da Polícia Federal e publicadas pela imprensa local. O terceiro foi o modelo periférico situado nos bairros pobres, geralmente um mercado constituído na ponta da venda por jovens. O último modelo identificado foi o cult com mercados envolvendo a população artística, intelectual universitária, classe média e alta das cidades. Cabe ressaltar que o artigo vai descrever esses quatro tipos econômicos em suas prát...