Quando a educação é tabu (original) (raw)
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Sobre a atualidade dos tabus com relação aos professores
Educação & Sociedade, 2003
Este texto tem como objetivo argumentar que as atuais representações aversivas dos alunos com relação aos seus mestres, os chamados tabus, são decorrentes da violência simbólica que o professor exerce sobre o aluno, com ênfase na universidade. E se a atitude violenta causa inicialmente uma sensação de mal-estar, logo é identificada como algo "inerente" ao processo de ensino-aprendizagem. Tal violência torna-se valorizada tanto pelos professores quanto pelos alunos que se identificam com o professor na figura do agressor, sendo que tais alunos procuram encontrar oportunidades para poder se desforrar do ressentimento que foi engendrado nas relações cotidianas com seus mestres.
22. Coleção de Filmes PNC, 2021
Tabu é um filme cheio de contradições, um crocodilo submerso que avança em espiral para cercar e confrontar o público com o imaginário cinéfilo do passado colonial. Miguel Gomes, o seu realizador, tenta fazer um filme romântico para espectadores desiludidos, uma fantasia fotoquímica para os tempos digitais: a fascinação que desperta o amour fou entre as personagens de Aurora e Gian Luca Ventura é o resultado, por um lado, de brincadeiras estéticas e narrativas com as convenções do cinema mudo clássico, da modernidade pop e do pastiche pós-moderno; e por outro lado, do contraste discursivo entre as lembranças idealizadas – nas imagens e no relato – de um violento passado colonial perante o triste quotidiano de personagens idosas e isoladas num presente invernal. Entre estes dois extremos, Gomes coloca as personagens de Pilar –uma mulher cristã que ainda acredita nas causas e lutas justas, embora apenas encontre sossego na sala de cinema– e Santa –uma resignada empregada doméstica que cuida com voluntarioso desprezo da sua patroa, Aurora. Estas duas mulheres serão o público que assiste ao último ato da vida de Aurora e ao epílogo que oferece o longo e requintado relato de Gian Luca Ventura: uma história de vida à moda antiga que elas imaginarão através dos seus próprios referentes. Ver e comentar Tabu numa sala de aula permite debater questões ligadas às imagens que temos de nós mesmos e às histórias que contamos a nós próprios, como pessoas e como sociedade. O filme utiliza conscientemente elementos da história do cinema para representar –e deturpar– a história colonial portuguesa, de forma que o imaginário da memória cinéfila acaba por substituir os testemunhos da memória histórica. Este quebra-cabeças idealizado por Gomes obriga a pôr em causa o que vemos e o que ouvimos. No entanto, os enigmas propostos pelo realizador não têm a ver com o que aconteceu no passado, mas sim com o que significam no presente, com a leitura que cada pessoa pode fazer das imagens e das histórias que compõem Tabu. Será que o nosso desejo de fantasia e de ficção, alimentado por um imaginário cinéfilo açucarado, não nos permite reparar no sentido do não-dito, do não-visto e do não-mostrado? Será que apenas vemos o que queremos ver ou o que nos ensinaram a ver? Qual é, na verdade, o tabu de Tabu?
Filosofia e Educação, 2017
Apresentam-se primeiro os antecedentes da tragédia, as suas relações com o Estado ateniense e sua importância no calendário das festas oficiais e na vida política ateniense. Com as tragédias de Ésquilo Os Persas e Agamêmnon, exemplificam-se a estrutura e o conteúdo doutrinário da tragédia. Por fim, descreve-se o modo trágico de propor reflexão e de reatualizar os valores tradicionais.
A educação em um mundo cada vez mais caótico
Boletim Técnico do Senac
O professor norte-americano David Thornburg, PhD pela Universidade de Illinois, entrevistou seu compatriota Jamais Cascio, futurista de renome mundial cujas perspectivas sobre vários tópicos são compartilhadas em seu site, openthefuture.com. “Jamais Cascio se refere a si próprio como um generalista que se distrai facilmente, uma descrição que também se aplica a mim”, diz David Thornburg. O tema principal dessa conversa foi a educação, mas outros assuntos pertinentes à sociedade contemporânea também foram abordados.
Caracterização de uma "tabuada para ensinar
Zetetike
Este texto tem por objetivo caracterizar saberes do campo profissional do professor que ensina matemática. Buscar-se-á responder à seguinte questão: Que “tabuada para ensinar” pode ser caracterizada, a partir da análise das orientações de Irene de Albuquerque em seu manual Metodologia da Matemática (1951)? A pesquisa, de cunho qualitativo, bibliográfica e documental, embasa-se em autores que defendem dois tipos de saberes na constituição das profissões do ensino e da formação, saberes a e para ensinar, e volvendo para a matemática, de autores que definem matemática a e para ensinar a partir dos primeiros referenciais. Para as análises teórico-metodológicas, apoiar-se-á em autores que consideram que a interpretação de uma informação em saber ocorre por etapas. Como resultados foram caracterizados elementos de uma tabuada para ensinar em dois grupos, dos saberes sobre a tabuada a ensinar e dos saberes sobre as práticas de ensino da tabuada.
Quando as ciências sociais encontram a educação
Revista de Ciências Sociais, 2020
A proposta deste dossiê foi privilegiar o diálogo entre as ciências sociais e a educação, mais especificamente os cenários de desigualdades de oportunidades educacionais que as pesquisas atuais têm se debruçado. Os cenários de desigualdades sociais e educacionais estão retratados nos artigos selecionados e trazem diversos elementos ainda relevantes no processo de produção e reprodução dessas desigualdades, como características de origem e características dos indivíduos e grupos pesquisados. Por fim, o presente trabalho apontará caminhos para pensarmos as que mesmo com avanços no âmbito das políticas educacionais ainda há arestas sociais que precisam ser superadas a fim de haver uma sociedade mais justa e democrática.
Etinolinguística, tabuísmo e educação básica no Brasil
Vicente Martins (UVA/PPGL-UFC/FUNCAP) Rosemeire Monteiro-Plantin(UFC) RESUMO Quem, voluntária ou involuntariamente, pronunciou um tabu ou já passou por uma situação de transtorno, constrangimento, interdição ao dizer uma "palavra proibida" ou um "nome feio" na escola, na igreja, em casa, enfim, na vida em sociedade ou sentiu-se envergonhado diante de expressões tabuizadas, proferidas por outrem numa fala espontânea ou desabusada? O objetivo deste artigo é apresentar, à luz dos estudos (etno)lingüísticos, duas propostas de atividade de ensino, aplicáveis ao ensino fundamental e no ensino médio, que evidenciem, no aprendizado dos educandos, o valor cultural do ensino explícito dos tabus linguísticos aulas de língua portuguesa, com base na semântica lexical (sinonímia) e no estudo dos tabuísmos na linguagem naturalista do romance Luzia-Homem, de Domingos Olímpio (1903). O fenômeno do tabuísmo, no âmbito dos estudos lingüísticos e literários, vem recebendo, atualmente, uma atenção especial por parte de sociolinguistas, etnolinguistas, dialetólogos e semanticistas e dos pesquisadores em literatura, em especial, os que estudam a variação lingüística ou regional e linguagem dos naturalistas brasileiros. Graças a esses estudos, os alunos da educação básica poderão conhecer os falantes de uma língua especial, através de seu léxico ou vocabulário, seu léxico mental, o uso social da língua materna, seus medos, seus totens, sua cortesia, decência, seus costumes, suas etnias, enfim, a memória discursiva de uma comunidade lingüística. Palavras-chave: tabuísmo, etnolinguística, atlas lingüístico, Luzia-Homem Introdução 1 Artigo para a disciplina Tópicos em Descrição e Análise Linguística II: Etnolinguística (HBP7622, 4 c), ministrada, em 2010.2, pela Profa. Dra Maria do Socorro Silva de Aragão (UFC).
Educacao Revista Do Centro De Educacao, 2009
A educação impossível A educação impossível Lílian do Valle * para Wagner Hollas, in memoriam Resumo Por que interessaria à educação um conceito tão ambíguo como o é o de imaginário, que muitas vezes mal se distingue de seu misterioso correlato-a imaginação? Na obra de Cornelius Castoriadis, o imaginário ganha a acepção de poder radical de criação da sociedade, realizada por um coletivo sempre anônimo; quanto à imaginação, o termo é reservado para o poder igualmente radical, que designa a atividade de auto constituição do sujeito. Eis, pois, a boa razão que a obra do filósofo nos oferece para adotar tais conceitos: a exigência de pensar a educação sob o signo da criação humana. Nisso consiste, afinal, a tarefa impossível da educação: contribuir para a ressurgência do projeto de autonomia individual e coletiva, isso é, para o renascimento da vontade de liberdade. Nesses tempos de perda de sentido, se, de fato, pretendemos ainda lutar pela transformação da sociedade, por instituições verdadeiramente democráticas, não podemos deixar de lado a luta por uma educação orientada para a autonomia. Palavras-chave: Autonomia. Criação. Educação impossível. Crise do imaginário.