A primeira gramática portuguesa para o ensino feminino em Portugal (Lisboa, 1786) (original) (raw)
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A primeira gramática portuguesa para o ensino feminino (Lisboa, 1786)
2010
Resumo Se bem que seja bastante pouco conhecida, a gramática intitulada Breve Compendio da Gramatica Portugueza para uso das Meninas que se educaõ no Mosteiro da Vizitaçaõ de Lisboa (1786) merece especial destaque por não somente ser a primeira gramática escrita para o ensino feminino, mas também por ser a primeira gramática escrita por uma mulher. Face à única referência de uma autoria por uma pessoa chamada F.C., o artigo visa enquadrar a obra no contexto histórico-cultural, esclarecendo a questão da autoria e expondo alguns dos traços mais interessantes da gramática.
Filologia e Linguística Portuguesa, 2020
A proposta deste artigo é apresentar uma das gramáticas mais desconhecidas da língua portuguesa, o Breve Compendio da Gramatica Portugueza, para o uso das Meninas que se educaõ no Mosteiro da Visitação de Lisboa, por huma Religioza do Mesmo Mosteiro, que data de 1786. Sua autoria foi atribuída a Francisca Chantal Álvares, após investigação sobre a história do referido mosteiro. Buscou-se identificar as ideias linguísticas e pedagógicas presentes nessa gramática, através de uma leitura crítica do seu conteúdo. Seguindo os pressupostos teórico-metodológicos da Historiografia Linguística, foi feita uma descrição esquemática da obra, considerando o contexto educacional para o qual se destinou. Produzida para servir de apoio didático na primeira instituição de ensino feminino em Portugal, foi também a primeira gramática portuguesa escrita por uma mulher. Sua metodologia é basicamente normativa. Ressalta a importância do conhecimento da língua materna para o aprendizado de outros idiomas e é encerrada com uma Breve Advertência contendo regras de pronúncia da língua francesa. Embora não apresente referências bibliográficas, há evidências de que uma das suas principais fontes tenha sido a Arte da Grammatica da Lingua Portugueza de Reis Lobato (1770).
Filologia e Linguística Portuguesa, 2020
A proposta deste artigo e apresentar uma das gramaticas mais desconhecidas da lingua portuguesa, o Breve Compendio da Gramatica Portugueza, para o uso das Meninas que se educao no Mosteiro da Visitacao de Lisboa, por huma Religioza do Mesmo Mosteiro, que data de 1786. Sua autoria foi atribuida a Francisca Chantal Alvares, apos investigacao sobre a historia do referido mosteiro. Buscou-se identificar as ideias linguisticas e pedagogicas presentes nessa gramatica, atraves de uma leitura critica do seu conteudo. Seguindo os pressupostos teorico-metodologicos da Historiografia Linguistica, foi feita uma descricao esquematica da obra, considerando o contexto educacional para o qual se destinou. Produzida para servir de apoio didatico na primeira instituicao de ensino feminino em Portugal, foi tambem a primeira gramatica portuguesa escrita por uma mulher. Sua metodologia e basicamente normativa. Ressalta a importância do conhecimento da lingua materna para o aprendizado de outros idiomas ...
Notas de investigação sobre a primeira "epopeia feminina" em língua portuguesa
Resumo: Com este artigo, pretende-se apresentar, de forma sucinta, algumas características da primeira obra épica publicada por uma mulher em língua portuguesa: Memorial da infancia de Christo e triumpho do divino amor (primeira parte) (1639). Nela, Soror Maria de Mesquita Pimentel, professa do mosteiro de São Bento de Cástris em Évora, Portugal, escreveu, de maneira muito particular, uma obra épica segundo a percepção da época, bem como de sua ótica de mulher religiosa enclausurada.
Letras e Gestos: Programas de Educação Feminina em Portugal nos séculos XVIII-XIX
RESUMO: Este artigo transcreve dois «regulamentos» pedagógicos de ensino feminino, um das Visitandinas, certamente da autoria de Teodoro de Almeida , embora reproduzindo modelos franceses, e outro das Ursulinas de Braga, com probabilidade «tirado» das de Paris, como aconteceu com os regulamentos das religiosas que precedem os das discípulas no volume do Arquivo Distrital de Braga. Acompanhando a divulgação destas pautas de educação, as autoras estudam, nas respectivas introduções, a organização, a estrutura, as linhas mestras de uma prática quotidiana de ensino que contribuiu para a construção identitária de paradigmas de educação no feminino, orientados para grupos sociais diversos, permitindo evidenciar a permanência de modelos de longa duração.
A Sintaxe na ‘primeira’ Gramática Humanista em Portugal
Estudios lingüísticos en Homenaje a Emilio Ridruejo, 2019
Neste estudo analisamos os principais conceitos relativos à sintaxe – concórdia, regência e transitividade –, naquela que é considerada a primeira gramática humanista publicada em Portugal, a Noua grammatices marie matris dei virginis ars (Lisboa 1516) de Estêvão Cavaleiro (c.1460–c.1518). Cavaleiro dedica dois livros à sintaxe, o terceiro, «de octo dictionum syntaxi», e o quinto, «de syntaxeos praeceptis», onde se denotam muitas influências da gramática especulativa medieval e indiciam ter sido escritos para diferentes níveis de ensino-aprendizagem. Cavaleiro introduz questões ‘semânticas’ ou filosóficas à sua análise sintática, considerando que a construção dos dois membros ou constructíveis são usados de acordo com a conveniência ou a proporção dos conceitos da mente ou das emoções que deveriam ser reconhecidas pelo entendimento. Para Cavaleiro, as ações frásicas envolvem dois constructíveis: um estabelece a dependência (o ‘dependente’) e o outro termina essa dependência (o ‘terminante’). Assim, se o primeiro constructível for o dependente, a construção é transitiva, isto é, a regência, que é divisível em duas espécies, a recíproca e a retransitiva, mas, se o dependente for o segundo constructível, a construção é intransitiva, isto é, a concordância.
(2020) Uma introdução à história da gramática em língua portuguesa
Revista (Con)Textos Linguísticos, 2020
Orientados pelo conceito de norma linguística e suas manifestações (COSERIU, 1962; ALÉONG, 2011), voltamo-nos ao estudo do processo da produção gramatical da língua portuguesa a fim de identificar os instrumentos de gramatização desse idioma, seu comportamento e características textuais e extratextuais. Para tanto, recorremos ao acervo online de bibliotecas de centros universitários no Brasil, Portugal, Angola e Moçambique compondo um corpus de 161 gramáticas. Entre outros, foi possível observar que, apesar de o início da produção de gramáticas dar-se em Portugal e se restringir ao país até início do século XIX, o Brasil apresenta-se como principal produtor de gramáticas desde o Séc. XIX. Por sua vez, os países africanos parecem estar ainda hoje à margem na produção gramaticógrafa da língua portuguesa. A pouca representatividade da autoria feminina e a pouco expressividade da abordagem descritiva na gramática escolar foram outros dados que nos ajudaram a refletir sobre a normatização da língua portuguesa e caminhos futuros para os estudos gramaticais. Essas e outras informações evidenciam que, além de esboçar os caminhos da gramaticografia do português, este estudo abre portas para abordagens futuras que permitam entender ainda mais como de deu o processo de normatização do português e quais demandas vigoram atualmente.
2014
Tesouros: fragmentos de uma história verdadeira, Lisboa, 1863 (citarei a partir da edição da livraria Civilização, Barcelos, 1969). 2 Rebelo da Silva altera, por ignorância ou necessidade ficcional, a idade de Teodoro de Almeida-atribuindo-lhe 45 anos, quando, na realidade, em 1784, teria já 62-mas fixa, literariamente, um retrato favorável, e até exemplar, do oratoriano que percorreu o século XIX paralelamente a outras imagens que nele destacaram a faceta de opositor a Pombal. (V. Zulmira C. SANTOS, Literatura e Espiritualidade na obra de Teodoro de Almeida [1722-1804], Porto, dissert. de dout. polic, 2001, pp. 41-221). Recordemos as palavras do romancista:"O padre Teodoro era um homem de quarenta e cinco anos, muito lido nos estudos eclesiásticos, profundo no estudo das ciências naturais, e escutado como um dos pregadores de maior fama. [...] O marquês de Pombal, por motivos que nunca transpiraram, sempre se mostrou pouco inclinado à congregação de S. Filipe de Néri, apesar da grande rivalidade declarada entre ela e a Companhia de Jesus. As desconfianças e os rigores no seu governo eram uma só e a mesma coisa. Teodoro de Almeida experimentou-o na perseguição, a que se viu exposto, e que não terminou senão com a queda do ministro. Desterrado na corte com alguns fidalgos e outros padres em 20 de Junho de 1760, e nada seguro de escapar a tão poderosas iras, mesmo coberto pela obscuridade da sua vida retirada no Porto, refugiou-se em França, aonde subsistiu dez anos das lições particulares, que deu em Baiona e depois em Auch. Voltando a Portugal em Março de 1778, recolhido na casa das Necessidades, empregou desde então o seu tempo no púlpito, no confessionário e nos exercícios da sua cadeira de filosofia. O seu refrigério, depois das fadigas de um dia laborioso, era alumiar com salutares conselhos, e animar com prudente estímulo os progressos das educandas de Belém, aonde mestras escolhida com acerto introduziram a novidade de unir aos primores da agulha o conhecimento das línguas estrangeiras, francesa e inglesa e o ensino da música vocal» (L. A Rebelo da SILVA, Lágrimas e Tesouros, pp. 130-131).
Boletin De La Sociedad Espanola De Historiografia Linguistica, 2010
Resumen Mais de meio século após a abolição e proibição (em 1759) da famosa gramática latina do ensino jesuítico EMMANVELIS ALVARI È SOCIETATE IESV DE INSTITVTIONE GRAMMATICA LIBRI TRES (1 1572) do madeirense Manuel Álvares (1526-1583), a realidade do ensino linguístico em Portugal em 1835 ainda estava dominada pela língua latina, continuando o português relegado para um segundo plano. Foi nesta perspetiva que chegou à luz uma gramática latina escrita em língua portuguesa por um conterrâneo de Álvares, o literato funchalense Marceliano Ribeiro de Mendonça (1805-1866), que viria a ser nomeado professor de latim do recem-criado sistema de ensino liceal (1836) na instituição hoje conhecida como Liceu Jaime Moniz. Como reflexo indireto de traços da Grammaire génerale francesa em Portugal, os Principios de Grammatica Geral applicados á Lingua Latina denotam que Marceliano Ribeiro de Mendonça terá conhecido pelo menos os principais monumentos da produção gramatical latino-portuguesa da época. Por outro lado, é especialmente digno de nota o facto de tratar-se da primeira gramática impressa no arquipélago da Madeira, pois foi redigida e impressa numa época em que a imprensa ainda estava em fase de emancipação do continente. Como representante das gramáticas escolares da primeira metade do século XIX, a obra de Mendonça reúne aspetos inovadores e aspetos tradicionais da gramaticografia latina e portuguesa, merecendo, por isso, um lugar dentro da tradição gramatical latino-portuguesa.