Revisitar a Odisseia e repensar Ulisses (original) (raw)

Ulisses e Aquiles repensando a morte (Odisséia XI, 478-491

Kriterion-revista De Filosofia, 2003

A brief commentary on a famous passage of the dialogue between Ulysses and Achilles’ psyche in the Hades (Odyssey XI, 478-491), based on the discussion of the hypothesis of Karl Rüter who noticed there an inversion of the traditional roles of the two heroes in conflict: Ulysses deplores the sufferings of his nostos («regress») and exalts the kleos («glory») of Achilles; Achilles’ psyche, on its turn, disdains his non-perishable kleos and values, having before him the undermost state of the dead, any form of life (even the lowest in society), that is: the continuity of life implied in the nostos.

O Ulisses dos muitos retornos: por uma história do clássico

Nuntius Antiquus, 2017

Este trabalho apresenta, nos limites de análise para sua extensão, uma história da evolução literária do mito de Ulisses de elementos pré-homéricos a experiências contemporâneas, alinhando-se a propostas de historiografia literária interessadas na “recepção”. Motivase por uma hipótese de que, no tocante ao material antigo, o horizonte de expectativas é constituído pelo referencial “clássico”, um mutávelparadigma hermenêutico usado para conciliar a alteridade entre o material antigo e as expectativas modernas.

O Ulisses dos muitos retornos: uma história do clássico

Este trabalho analisa a evolução das figurações literárias de Ulisses de sua base arcaica às primeiras figurações renascentistas, com indícios para a análise das figurações contemporâneo. Desenvolvendo reflexões de teóricos como Aby Warburg, Hans-Georg Gadamer, Hans Robert Jauss e Salvatore Settis, o estudo é orientado por uma concepção hermenêutica do ”clássico” enquanto forma de mediação da alteridade do antigo e propõe uma história desta literatura concentrada nos efeitos e nas recuperações do material antigo. Em particular, é ressaltada a inserção do material homérico em um continuum de literaturas antigas, fortemente pautado no material oriental, o progressivo aviltamento de Ulisses na literatura grega e seu resgate pela filosofia, o horizonte de expectativa que orientou sua recepção em Roma e sua recuperação por Dante no contexto das singulares narrativas mediolatinas sobre a Guerra de Tróia, a qual facultou a reinvenção desta figura no Renascimento e na modernidade.

Infidelidades veladas: Ulisses entre Circe e Calipso na Odisseia

Nuntius Antiquus, 2011

que pode despertar a curiosidade do leitor moderno, não serve como tradução, nem mesmo aproximada, para nenhum termo grego presente no texto original, o que não impede, porém, que ele possa eventualmente designar um tema ou questão apreensível apenas a partir das situações narrativas deste mesmo texto (desafiando, assim, uma abordagem lexical estrita para a qual um tema ou questão só pode existir se existir uma palavra que o designe).

A experiência de Ulisses: nota sobre um tema utópico perdido

Resumo Este trabalho examina a presença, em narrativas de viagem inaugurais, especificamente na chamada Epopeia de Gilgamesh (ša naqba imuru) e na Odisseia, da temática do viajante solitário, que atinge os confins da terra, muito vê e conhece, articulada com uma possibilidade, buscada ou não, de aquisição da imortalidade. Considerando-se que a viagem que produz um certo tipo de conhecimento, funcional em vista do ambiente que cerca a composição do texto e orientador da recepção da obra, é um traço presente também nas utopias, levanta-se a questão da ausência quase completa, nestas últimas, da busca de uma vida isenta de morte.

Ulisses e o ardil da narração

Viso: Cadernos de estética aplicada, 2016

Este artigo desenvolve a hipótese de que as características do ardil e da persistência são indissociáveis na composição do caráter de Ulisses, herói da Odisseia de Homero, e de que essa combinação é fundamental para a arte da narração em geral. Nesta via de leitura, justamente essas duas qualidades fazem do herói também um grande narrador: astúcia no sentido da criação ficcional e perseverança no sentido do controle e da repetição insistente, ambas necessárias ao poeta/narrador.

Ulisses, a viagem, a morte.doc

In: X Congresso Internacional da ABRALIC, 2006, Rio de Janeiro. Anais do X Congresso Internacional da ABRALIC. Rio de Janeiro: ABRALIC, 2006. v.1. p.1 – 15 O tema de Ulisses na literatura evidentemente não é novo. Este texto nasce da exigência de definir a existência de origens em nossa tradição ocidental. Há, entre muitos textos, dois que gostaria de destacar, por ser de ilustres estudiosos e amigos. A sombra de Ulisses de Piero Boitani (São Paulo: Perspectiva, 2005), que contém traduções que Haroldo de Campos realizou expressamente para publicação da edição brasileira. E um livro publicado anteriormente, mas que ainda conserva todo seu vigor: Viajantes do Maravilhoso, de Guillermo Giucci ( São Paulo: Companhia das Letras, 1992). Ambos os textos contém muita sabedoria e resolvem muitos dos problemas e das questões, que aqui serão apontadas. Mesmo assim, espera-se que o leitor e o ouvinte encontrem elementos para reflexão ou para uma disputa.