Gramsci e Althusser como críticos de Maquiavel (original) (raw)
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Notas Críticas Sobre Marcuse e Althusser
Kínesis - Revista de Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia, 2014
A ligação entre teoria e prática sempre foi um princípio para a tradição marxista, para esta a teoria deve ser um guia para a práxis revolucionária, deve sempre estar à serviço da transformação social e da emancipação humana. Mas, a partir da década de 1920, a teoria marxista passa a sofrer uma metamorfose que consiste na ruptura desse elo fundamental entre teoria e prática, tornando-se uma teoria acadêmica e com diversos elementos de capitulaçãoteórica diante dos postulados da teoria burguesa. Nesse trabalho pretendemos fazer uma breve comparação entre as elaborações de Marcuse e Althusser nas temáticas: possibilidade de ruptura revolucionária e alcance do processo emancipatório que esta ruptura pode acarretar. Veremos que ambos os autores sustém um pessimismo em relação às possibilidades de ruptura eemancipação, cada qual à sua própria maneira. A causa particular que molda as diferentes posições de nossos autores liga-se com a particularidade com que cada um se relacionava para co...
Maquiavel lido pelo último Althusser
Cadernos Cemarx, 2017
O presente artigo procura analisar, a partir da leitura da obra de Maquiavel, a influência deste no pensamento do filósofomarxista francês Louis Althusser em seus últimos escritos onde o autor desenvolve a teoria do Materialismo Aleatório. Seria este um materialismo de caráter não teleológico, ainda presente no materialismo dialético, o qual para Althusser acaba por se colocar como um materialismo da necessidade. Segundo o autor, o primado das relações sociais e a possibilidade de transformação dessas se encontra na luta de classes – na práxis política. Buscamos realizar estaanálise principalmente a partir da leitura de O Príncipe de Maquiavel e de textos de Althusser da última fase de sua vida, notadamente A Corrente Subterrânea do Materialismo do Encontro e Machiavelli and Us.
Rodrigo Duarte Fernandes dos Passos; Sabrina Areco, 2017
Esta coletânea reúne artigos que tratam do pensamento de A. Gramsci considerando suas interações com a produção intelectual e o ambiente político que lhe eram contemporâneos. Nos textos ora apresentados, o tempo histórico de Gramsci - imperiosamente marcado pela guerra, imperialismo, ascensão dos nacionalismos e do fascismo, a experiência dos bolcheviques e de criação dos partidos comunistas - ganha materialidade nos diálogos que o marxista estabeleceu com intelectuais que pertenciam, com maior ou menor exatidão, à sua geração e que produziram nas primeiras décadas do século XX. Os artigos aqui reunidos tratam da produção gramsciana acentuando seu esforço de dialogar com as questões de seu presente e as perspectivas abertas para o futuro, discutindo as respostas que eram então elaboradas.
Althusser e Negri: Uma Complementaridade Aporética?
2015
A hipotese que procuramos demonstrar ao longo deste artigo e a de que o confronto entre Negri e Althusser so se torna possivel centrando a reflexao no plano abstrato da percecao de ambos da “crise do marxismo” como “ocasiao” para renovar radicalmente a tradicao do pensamento revolucionario. A abstracao do plano concreto dos conteudos positivos permite, de facto, alcancar uma dimensao “aporetica” nos dois dispositivos e reconhece-la como o unico terreno no qual o confronto entre os referidos autores se torna, nao so possivel, como fecundo: a intima “complementaridade aporetica” entre Negri e Althusser e reveladora da necessidade de mediar a hipotese althusseriana da reducao do sujeito a uma “realidade ideologica” com a negriana da fundacao ontologica da subjetividade.
Apontamentos: Platão, Tomás de Aquino e Maquiavel
2021
1. Porquê é importante? 2. Vida e Obras 3. Como ler os diálogos 4. República: Três Cidades 5. Qual a relação existente entre a Política e Filosofia na República 6. O Político e as Leis 7. O que Pensava Platão? Embora ele não seja o autor dos primeiros escritos políticos que nos chegaram, pode com justiça ser considerado o pai da Filosofia Política. Ele é o primeiro que não fala apenas da experiência e da visão política de estadistas e cidadãos, mas também fala sobre meter essa experiência e visão a um critério mais elevado que é: a Ideia de Justiça.
Revista Práxis e Hegemonia Popular, 2020
O presente texto buscou compreender o tratamento de Antonio Gramsci ao fascismo italiano, no marco da complexidade, indicando elementos de sua origem, implementação e consequências políticas e sociais para a Itália e Europa. Gramsci o define como uma expressão política ocidental no momento em que as classes dominantes estão fragmentadas e fragilizadas na relação com os grupos subalternos. Também indica que opensador não admite simplificações na leitura de um fenômeno que deve ser compreendido pela dialética, uma vez que possui suas mediações em todas as dimensões sociais, incluindo o campo cultural. De outro lado é também a indicação do limite das classes dominantes por não conseguirem produzir a ampla sociabilidade, tendo que impor seus projetos via coerção dos grupos subalternos. É um movimento que se expressa como revolução passiva ou “revolução-restauração” e incorpora, especialmente a partir de 1900, o modelo da cooptação de grupos inteiros para o projeto das classes dominante...
Gramsci e os intelectuais de direita no Brasil contemporâneo
Revista Teoria e Cultura, 2018
Intelectuais abertamente alinhados à direita do espectro político foram ganhando nos últimos anos cada vez mais espaço na esfera pública brasileira, assumindo protagonismo na imprensa, no mercado editorial e nas redes sociais. A análise dos argumentos de nomes como os de Olavo de Carvalho, Reinaldo Azevedo e Luiz Felipe Pondé, entre outros, revela, contudo, uma interpretação comum da história recente do Brasil que enxerga na pretensa influência hegemônica do pensador comunista Antonio Gramsci na intelectualidade nacional a explicação central para boa parte das mazelas que afligem o Brasil. O objetivo do artigo é através da análise das ideias, retóricas e ações desses atores políticos discutir a relevância de Gramsci, como lido por esses personagens, para a compreensão de como os intelectuais da direita brasileira contemporânea interpretam a realidade social e percebem sua própria inscrição na vida pública num momento histórico de polarização em que suas ideias vêm ganhando ressonância crescente na sociedade brasileira.
Rousseau e Maquiavel, pensadores republicanos
O tema da república é um eixo fundamental em torno do qual Nicolau Maquiavel e Jean-Jacques Rousseau desenvolveram suas respectivas reflexões sobre a política, sendo que as obras do escritor florentino serviram de referência para o filósofo de Genebra em diversos momentos. Assim, pretendo abordar algumas das questões chaves que justificam o título de pensadores republicanos atribuído a ambos os autores, enfocando o elo que eles estabeleceram entre a liberdade política e vida cívica possíveis de serem experimentadas somente pelos homens que são membros de uma república bem ordenada. Nesse regime, os indivíduos encontrariam as condições sociais apropriadas para moldar suas identidades de forma a adquirirem a virtude cívica necessária a levá-los a desejarem o bem comum em vez de apenas almejarem seus interesses particulares. Para que isso seja possível, Maquiavel e Rousseau destacaram a importância do trabalho realizado pelos legisladores, sobretudo na fundação dos Estados, quando o estabelecimento de boas instituições políticas requer o recurso à religião para obter o consentimento do povo às leis.
Gramsci e Mannheim: conceitos clássicos sobre intelectuais
Teoria e Cultura
O presente artigo trata dos aparatos conceituais de dois autores clássicos e pioneiros nos estudos a respeito de intelectuais: Antonio Gramsci e Karl Mannheim. Buscamos rever diretamente suas pesquisas e reflexões sobre o tema, analisando e comparando sociologicamente seus respectivos conceitos e observações, bem como levando em conta certos aspectos históricos de suas próprias trajetórias intelectuais. A relevância e a diversidade da recepção e do uso de seus arsenais teóricos correspondentes contrastam com a escassez de trabalhos exatamente sociológicos sobre os conceitos relativos a intelectuais de Gramsci e Mannheim, no contexto acadêmico brasileiro. Os dois autores foram contemporâneos e se debruçaram sobre a temática adotando perspectivas analíticas antagônicas. Gramsci analisa os intelectuais e os classifica numa tipologia que torna-se referência categorial e política, ao passo que Mannheim lança mão e acaba por consagrar teoricamente o conceito de intelligentsia. Exploramos,...