A mão invisível de Júpiter e o método newtoniano de Smith (original) (raw)
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Mão invisível, ordem espontânea e o mercado: breve nota sobre Adam Smith
Já se tornou quase um lugar comum apontar como algumas das “histórias” da formação da ciência econômica deformam o pensamento de Adam Smith. Nesta breve nota, em linha com este tipo de crítica, pretendo destacar as tensões entre algumas características do pensamento de Smith e a famosa metáfora da “mão invisível”.
A manutenção do individualismo e a mão invisível: uma abordagem semiótica em Adam Smith, 2019
A pesquisa em semiótica francesa se mostra cada vez mais profícua para a análise de textos que saem do meio ficcional “verbal-escrito” (literatura, conto, poesia, etc.), expandindo-se às demais áreas do conhecimento, como as ciências naturais e seus discursos, e aos gêneros com plano de expressão mais complexos, como cinema, história em quadrinhos, etc. Diante disso, este trabalho tem por objetivo aplicar essa metodologia de análise sobre a obra de teoria econômica A Riqueza das Nações ([1776]1996), de Adam Smith, visando examinar as noções de “individualismo”, a “mão invisível”, bem como suas diversas relações actanciais entre Destinador e Destinatário/sujeito, bem como entender melhor a maneira discursiva na qual se manifesta e do papel da economia na nos processos contraídos entre sujeitos. Segundo o próprio Smith, a divisão do trabalho (DIT) pretende potencializar a força de trabalho em vários sujeitos sob o pretexto de uma efetividade na produção e, consequentemente, no seu sucesso, leia-se, o alcance aos objetos visados. Eis então uma configuração narrativa subjacente ao texto, em que o Destinador-manipulador estabelece um contrato com seus Destinatários a fim de torná-los sujeitos obviamente em relação com seu objeto, do próprio Destinador. Além disso, há em nível discursivo, na manta superficial do texto, a ideia de que o interesse subjaz todas as práticas impressas no discurso smithiano, do investidor ao trabalhador, do trabalhador ao senhor de terra, configurando assim a força motriz nuclear dos fazeres de uma nação. The research into french semiotics increasingly shows analyzes of texts that are half-verbal (writing, verbal, writing, poetry, etc.) and it is expanded to other areas of knowledge, such as the natural sciences and their discourses, and genres with more complex expression plan, such as cinema, comics, etc. Before that, this paper aims to apply this methodology of analysis on the work of economic theory The Wealth of Nations, by Adam Smith, aiming to examine the "individualism", the invisible hand and its various actancial relations between Addresser-Addressee / subject, as well as better understand the discursive way about the value of labor and the role of the economy in the contracted processes between subjects. According to A. Smith himself, the division of labor intends to enhance the workforce in various subjects under the pretext of an effectiveness in production and, consequently, in its success - read, the reach to objects. Here is then a narrative configuration underlying the text, in which the Addresser-manipulator establishes a contract with his Adressee in order to manipulate him obviously into his object, and the one Destinator himself. Besides that, there is at the discursive level, in the superficial stratum of the text, the idea that interest underlies all practices printed in the Smithian discourse, from investor to worker, from worker to landlord, thus shaping the nuclear driving force of nations.
Uma formalização da mão invisível
Estudos Econômicos, 2006
a fim de demarcar seu significado, conceitual e formalmente. No presente texto, entretanto, o conceito não designa a coordenação ótima dos planos de agentes mercantis dotados de racionalidade perfeita, mas sim o processo de auto-organização inerente à concorrência de capitais. Após uma seção inicial em que se discute o conceito historicamente, constrói-se um modelo orientado temporalmente, o qual imediatamente reclama uma explicitação da dinâmica da mobilidade do capital que ocorre ante as variações das taxas de lucros setoriais. A formalização da mão invisível é feita, então, com base na chamada dinâmica de replicação, construída originalmente, no campo da biologia matemática, para mostrar o processo de reprodução e competição de certas espécies animais.
Sala Preta, 2016
Continuando pesquisa sobre as possíveis configurações do ensaio, neste texto o ensaio como forma se transmuta em ensaio como carta. Depois de ter trabalhado com o diretor Marcio Abreu na criação de Nômades e acompanhado de perto o processo de Krum, o autor procura sintetizar numa carta a seu parceiro aquilo que considera o mais fundamental no seu modo de dirigir.
O conceito de métrica incomum com pulso obscuro de Allen Winold
Anais do 15o Colóquio de Pesquisa do PPGM/UFRJ , 2020
Resumo: Neste artigo, apresentamos o conceito de métrica incomum com pulso obscuro, desenvolvido por Allen Winold para caracterizar o ritmo de determinado repertório da música do século XX. Esse conceito integra uma série de cinco campos rítmicos que ilustram novas formas de organização das durações em música. A ausência de sensação de pulsação é o grau máximo de desconstrução da métrica da prática comum. Outros autores apontam essa mesma característica em obras do século XX, como Howard Smither, Brian Simms, Sara Cohen e Salomea Gandelman. Utilizamos como exemplificação dos campos de Winold algumas peças do repertório contemporâneo brasileiro, de compositores como Marcos Lucas, Sérgio Roberto de Oliveira e Almeida Prado. Ao final, realizamos uma pequena análise da peça Sem Título, de Gabriel Katona. Palavras-chave: Ritmo. Pulso. Pulsação. Métrica. Allen Winold (1975), em Aspects of Twentieth-century Music, discute as novas possibilidades rítmicas que surgem na música do século XX e transcendem a lógica rítmica que se estabelece no período da prática comum. Winold utiliza como ponto de partida dois princípios: a partitura sozinha é insuficiente para a análise rítmica; e não há base teórica comum sobre ritmo que possa ser aplicada a toda a música moderna. Uma análise que focaliza excessivamente na escrita musical desconsidera as diferenças na interpretação que influenciam significativamente a rítmica de uma obra (p. 209). Estabelecidos esses princípios, Winold desenvolve, utilizando o pensamento da psicologia da Gestalt, uma forma de analisar separadamente os padrões duracionais e a métrica na rítmica de uma obra. A Figura 1 foi muito utilizada pela teoria gestaltiana para ilustrar como a percepção humana opera em relação aos objetos; ou percebemos a taça, ou nos concentramos nas faces. Ou seja, a percepção humana é capaz de identificar camadas diferentes de um mesmo todo (WINOLD, 1975, p. 210). De forma análoga, a métrica estaria em uma camada ao fundo em relação aos padrões duracionais, que seriam a figura (Idem, ibidem). Essa divisão conceitual em duas camadas permite que Winold faça suas considerações sobre como funcionou a camada métrica no período da prática comum. 1 Assim, Winold inicia caracterizando a métrica no período da prática comum para então identificar os campos rítmicos que se referem a outras formas de organização métrica. Na Figura 2 vemos o trecho inicial da Sonata para Piano n. 2, de Paul Hindemith (1936). A análise tradicional descreveria a rítmica desse trecho apontando o binário simples com tempo moderato. Winold chama atenção para o fato de essa descrição ser excessivamente centrada na partitura, além de não fornecer informações sobre o ritmo que possam ser aplicadas a situações mais complexas (1975, p. 213). Como alternativa a essa análise tradicional, Winold identifica, nesse trecho da Figura 2, pulsos enunciados em diferentes níveis. Por exemplo, a mão esquerda 1 Neste texto abordaremos apenas a caracterização que Winold faz em relação à camada métrica, não abordaremos a camada dos padrões duracionais.
Princípios metafísicos do método newtoniano
Coleção rumos da epistemologia, 2014
CAMILO, Bruno. Princípios metafísicos do método newtoniano. In: CONTE, Jaimir; MORTARI, Cezar Augusto. (org.). Temas em filosofia contemporânea. Florianópolis: NEL/UFSC, 2014. p. 172-183. (Coleção rumos da epistemologia; 13). ISBN: 978-85-87253-23-1 (papel). 978-85-87253-22-4 (e-book). Disponível em: http://nel.ufsc.br/3d-flip-book/rumos13/. Acesso em: 05 abr. 2021. É no modus operandi de Isaac Newton que visualizamos a relação entre o método dedutivo e o indutivo na análise científica dos fenômenos e a relação entre a metafísica e a prática científica. Pois, de um lado temos a “mecânica racional”, a qual compreende que a única forma de garantir a certeza de algo é dispô-lo matematicamente, propondo a redução da natureza às categorias matemáticas, de outro, temos a “mecânica geométrica” que propõe grandes sistemas coerentes com a realidade empírica, cujo experimento criterioso é fundamental para o estabelecimento de verdades ou conceitos acerca dessa realidade. O modus operandi newtoniano não negava este ou aquele método epistêmico, simplesmente, por divergirem em seus procedimentos, mas, encarava-os como métodos que podiam andar juntos, na construção do conhecimento científico. Analisemos como ele descreve seu método, seu modus operandi, para que seja necessária uma apreciação da influência da metafísica no método científico. Palavras-chave: Dedução. Indução. Metafísica. Mecânica racional. Mecânica geométrica.
Manuais e História da Ciência: a segunda lei de Newton
História da Ciência e Ensino: construindo interfaces, 2019
Resumo Aprendemos no liceu e na universidade que a segunda lei de Newton é F=ma. Porém, Newton nunca escreveu a equação. Além disso, não há acordo entre os historiadores da ciência em relação à equação que expressa a segunda lei de Newton. Físicos do séc. XVIII, que citaram e explicaram as leis de Newton, não usaram F=ma. Portanto, se a tese dos manuais contemporâneos fosse correta, teríamos de admitir que todos aqueles físicos interpretaram mal a segunda lei de Newton. Por outro lado, Euler defendeu ter descoberto um novo princípio de mecânica, que é F = ma. Comparando a segunda lei de Newton e o princípio de Euler compreendemos que elas diferem significativamente. Este resultado da pesquisa histórica tem implicações nos problemas conceptuais da mecânica e na resolução de problemas, como iremos ver.Palavras-chave: A segunda lei de Newton; o princípio de Euler; manuais. We learned at high school and university that Newton’s second law is F=ma. However, ...
Hicks e a revolução invisível: notas sobre a contribuição metodológica de J. R. Hicks
1992
1. Introdução; 2. As descobertas cientificas e as revoluções invisíveis; 3. Keynes, exemplo favorito de revolução científica na economia; 4. J. R. Hicks e a revolução keynesiana; 5. Uma overdose de invisibilidade? 1. Introdução o objetivo deste artigo é refletir sobre a contribuição metodológica de J. R. Hicks do ângulo do papel por ele desempenhado na chamada "revolução keynesiana". Este tema será tratado, em primeiro lugar, à luz do conceito de revolução científica de Thomas Kuhn. Numa segunda etapa, introduzirei outras perspectivas consagradas na metodologia da ciência, tais como a concepção de programa de pesquisa sugerida por Lakatos & Musgrave (1979) e o princípio de tenacidade, de Feyerabend. Tentarei, assim, contornar algumas limitações inerentes à interpretação kuhniana da história da Economia.
A arte dos novos meios. Ou sobre definir o indefinível
CARVALHAIS, M. y RIBAS, L. [Eds.] Arte, Digital, Academia, Museu Zer0, 2024
Como tópico, complexo, a new media art é esquiva, difícil de definir. Mas é preciso procurar definições? Certamente que ajudam. Os investigadores, curadores e trabalhadores da cultura precisam de ter um termo, mesmo se impreciso, para desenvolver essa discussão. Os termos são necessários, seja para os cunhar, aceitar ou rejeitar. Existe uma necessidade social e comunicativa de poder nomear aquilo que existe de facto. Aliás, a identificação e classificação permite desmitificar a tecnologia, consegue facilitar a análise porque diminui o fascínio sobre ela. A análise e escrita histórica só são possíveis com distanciamento crítico. Uma taxonomia da new media art é necessária, se não inevitável. É uma necessária chatice.