Relacionados mas diferentes: sobre os conceitos de homofobia, heterossexualidade compulsória e heteronormatividade (original) (raw)
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HETERONORMATIVIDADE E PRODUÇÕES DE VIOLÊNCIAS LGBTFÓBICAS: ANÁLISE A PARTIR DA TEORIA QUEER
Uenderson Wesley Rodrigues Ribeiro, 2019
O Brasil é campeão em violência contra LGBTs, no ano de 2018 foram registradas 420 mortes. O presente artigo tem como objetivo analisar a literatura científica no que tange as produções de violências LGBTfóbicas tendo como pressuposto a heteronormatividade, sendo embasada pela Teoria Queer. Tem como método uma revisão de literatura sistemática. Foram analisados dez artigos empíricos encontradas nas bases de dado SciELO e Pepsic. Para escolha dos artigos foram utilizados alguns critérios de inclusão e exclusão. Em seguida, procedeu-se com a análise descritiva quanto a temática, objeto de estudo, metodologia, resultado e objetivo dos artigos incluídos nessa pesquisa. Os resultados indicam que existem formas de violências próprias na regulação das não-heterossexualidades e expressões de gênero dissidentes que produzem consequências danosas na saúde mental dessa população. Além de mostrar o caráter heteronormativizador das relações socias, desejos, identidades e políticas de reconhecimento.
Homofobia e homofobia interiorizada: produções subjetivas de controle heteronormativo?
Athenea Digital, 2010
O artigo problematizará, teoricamente, algumas questões emblemáticas que circunscrevem as homossexualidades na história, partindo de um posicionamento teórico-metodológico marcado pelos estudos culturais e de gênero realizados por autores pós-estruturalistas. Na atualidade, há muitos avanços e conquistas, no âmbito sócio-político, relacionadas à diversidade sexual. Entretanto, essa mesma visibilidade tem produzido disparadores para práticas sociais violentas demonstradas em crimes e discursos de ódio, intolerância e interdições veladas contra homossexuais. Assim, pretende-se apresentar a construção social da homofobia e, subseqüentemente, da homofobia interiorizada, uma vez que seus pilares formadores se sustentam por processos de subjetivação heteronormativa pulverizados em contextos sociais cotidianos.
Homofobia entre gays : um estudo sobre a reprodução de discursos e práticas heteronormativas
2016
Esse estudo objetivou compreender a homofobia entre gays, considerando a reproducao do discurso heteronormativo nos grupos de homens que se autoidentificam como gays. Inicialmente, foi realizada uma revisao sistematica da literatura sobre a identidade gay nos estudos sobre homofobia. Em seguida, um estudo empirico foi proposto. Utilizou-se de um formulario disponibilizado virtualmente, respondidos por 254 homens autoidentificados homossexuais, brasileiros com media de 27,17 anos de idade com desvio padrao de 7,94, que observou as caracteristicas psicossociais; representacao acerca das identidades gays; relacionamento intragrupal; pertencimento e reconhecimento da identidade gay e a internalizacao da homofobia. Os dados foram analisados pelo Software SPSS. Os principais achados revelaram a relevância da abertura da sexualidade na reproducao do preconceito entre gays, especialmente quanto as identidades nao-normativas de genero, idade, classe socioeconomica, padrao de beleza. Concluiu...
Cuidado, este livro é frágil! Manual da heteronormatividade (Atena Editora)
Cuidado, este livro é frágil! Manual da heteronormatividade (Atena Editora), 2024
O projeto “Visibilidade às diferenças na escola” desenvolvido pelo Fora da Caixa - Grupo de pesquisa em educação, gêneros e sexualidades do IFSul - Campus Pelotas, buscou abordar temáticas sobre gêneros, sexualidades, violências, estereótipos, questões étnico-raciais, gordofobia e vivências queer, que fogem das normas heterossexuais, brancas e masculinas. Utilizando uma linguagem jovem e atual, voltada ao público adolescente na faixa etária entre 14 e 18 anos, tentamos desenvolver um texto atrativo para que a juventude consiga, de fato, apropriar-se dos conhecimentos compartilhados pelos dez livros produzidos, buscando a construção de relações mais empáticas, pautadas no reconhecimento das diferenças entre colegas, professores e gestores no ambiente escolar. Na escolha das referências para a construção dos textos buscamos utilizar materiais produzidos em diferentes perspectivas visando a descolonização do conhecimento bem como o reconhecimento das vivências e experiências dos grupos oprimidos. Utilizamos, então, textos de teóricas mulheres, negras, gordas, latino-americanas e africanas, junto com referenciais europeus, brancos e masculinos. O conteúdo dos livros é resultado de um projeto de pesquisa apoiado pela Pró-reitoria de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense - IFSul, através do EDITAL PROPESP-BOLSA/ IFSul – Nº 06/2018.
Este estudo se propôs a compreender em profundidade o significado da imposição heteronormativa na constituição subjetiva de mulheres que se revelaram lésbicas, bem como as influências dessa interface sobre o estabelecimento e ruptura do vínculo conjugal homoafetivo, tendo como base os referenciais psicanalíticos e as teorias de gênero. Para tanto, foram realizadas cinco entrevistas, com paulistanas de classe média ou média alta, com idades variando entre 31 e 58 anos. A coleta de dados foi realizada a partir de entrevistas semidirigidas, por meio de uma metodologia qualitativa. Observou-se que todas as entrevistadas foram vítimas de preconceitos e discriminações ao longo da vida e em maior intensidade dentro do núcleo familiar, situação que causou maior sofrimento. Das cinco entrevistadas, quatro relataram ter tido problemas de rejeição na família nuclear após a revelação da homossexualidade. Contudo, esta situação se reverteu após algum período de tempo, com exceção de apenas um caso. Pode-se destacar que a relação da família com a homossexualidade influenciou, direta ou indiretamente, decisões importantes na vida pessoal e amorosa, como por exemplo, a escolha por viver em grandes centros urbanos, na maioria dos casos longe da cidade natal ou da família. De acordo com o material analisado é possível perceber que a transmissão da herança familiar acerca dos valores e julgamentos prévios da homossexualidade, bem como da idealização da heterossexualidade, repercutem no processo de autoafirmação, nos modos de enfrentamento do preconceito e na conjugalidade. Observou-se que o preconceito representa um fator importante para compreender as especificidades da relação lésbica, ainda que não tenha sido referenciado como o causador direto de conflitos ou da separação. A principal queixa encontrada esteve na disparidade de autoaceitação entre as parceiras. A intensidade da reação da(s) mãe(s) frente à descoberta da homossexualidade da(s) filha(s) foi algo recorrente, por vezes envolvendo discriminação intensa, hostilidade e até violência física contra as filhas. Este fator despertou novas indagações e merece ser mais bem investigado, ficando enquanto sugestão para estudos futuros.
Gênero, sexualidade e a teoria queer na educação: colocando em questão a heteronormatividade
Atos de Pesquisa em Educação, 2016
O objetivo deste texto é colocar em questão os limites e as contingências da heteronormatividade, buscando inspiração na teoria queer para propor uma pedagogia queer. As reflexões teóricas desenvolvidas aqui são subsidiadas, principalmente, por estudos que investigam questões de gênero e sexualidade a partir da perspectiva queer. Dessa forma, propondo uma pedagogia queer que caminha numa linha de pensamento que problematiza os efeitos discursos produzidos pela ótica heteronormativa, na qual desqualifica os sujeitos que insistem em desafiar e resistir às normas regulatórias de gênero, privilegiando o modelo heterossexual como sendo a única forma possível e legítima de explorar os desejos e os prazeres corporais.
Revista Brasileira de Sexualidade Humana, 2020
O presente artigo tem por objetivo analisar, de forma introdutória, o conceito de homossexualidade sob um enfoque crítico, mormente no que se refere à questão da homofobia, a fim de transcender as discussões que orbitam a psicologia e a sociologia. Desta feita, já se pressupõe que qualquer tentativa de entender a categorização da sexualidade aponta para uma visão não apenas reducionista, como também preconceituosa. A pergunta que, então, delimita a pesquisa pode ser assim formulada: como é possível pensar a homossexualidade, levando-se em conta a questão da homofobia, de forma a não cair em um discurso que reduza sua complexidade? Em relação ao método de pesquisa, utilizou-se da revisão bibliográfica por meio de textos da psicologia e da sociologia. Neste sentido, o referencial teórico aponta para o estruturalismo. Palavras-Chave: homossexualidade; homofobia; conceito; preconceito ABSTRACT: This article aims to analyze, in an introductory way the concept of homosexuality under a critical focus, especially with regard to the issue of homophobia in order to transcend discussions that orbit the psychology and sociology. This time, since it is assumed that any attempt to understand categorization of sexuality points to a vision not only reductionist, but also biased. The question, then, marks the research can be formulated as follows: how can thinking homosexuality, taking into account the issue of homophobia in order to not fall into a discourse that reduces its complexity? Regarding the research method, the article will be carried out through literature review, through psychology and sociology texts. In this sense, the theoretical framework points to a structuralist nature.
Gênero, sexualidade e juventude(s): problematizações sobre heteronormatividade e cotidiano escolar
Revista Civitas, 2018
Fruto de pesquisa de doutorado recentemente concluída, este texto propõe questionar as normas regulatórias de gênero presentes nos cotidianos escolares de dois jovens que se autodenominam gays. A interação com os sujeitos ocorreu através do estabelecimento de conversas online realizadas no Facebook mediante uma relação dialógica e de alteridade, propiciando a criação de um sentimento de cumplicidade e disponibilidade que tornou possível uma ampla discussão em torno de questões relativas à heteronormatividade e às experiências da abjeção que ela produz. As conversas online foram interpretadas principalmente à luz da contribuição de autores do campo de estudos de gênero e sexualidade amparados teoricamente pela perspectiva dos estudos queer. As conversas com ambos os jovens contribuíram com a tessitura de reflexões sobre a (re)produção dos estigmas sociais no espaço escolar e sobre a urgência de se (re)pensar o planejamento de estratégias de resistência nos cotidianos escolares na tentativa de desmistificar a naturalização e normatização da suposta superioridade e supremacia das heteronormas.