Pixo: a poética política do risco - Revista Advir (32), Dossiê: o direito à cidade. <74 a 89> (original) (raw)

Resumo: No Brasil, a pixação tem-se desenvolvido de modo expressivo, como arte política e marginal, desde os anos 70. Essencialmente contestador, incômodo, o pixo não só destrói: essa escrita inaugura uma visibilidade dos que a fazem, compondo a paisagem urbana. Pixadores são punidos como vândalos, formadores de “quadrilha”, e a lei e demais medidas alimentam a discriminação em torno deles (distinguindo a pixação do “graffite”, por exemplo, tratando uma como arte e outra como puro vandalismo). Examinamos aqui seu modo refinado de conhecer e percorrer o território da cidade, e suas formas de organização, que nada têm de quadrilhas criminosas, aproximando-se mais de reuniões artísticas. A partir da experiência etnográfica compartilhada com pixadores em Belo Horizonte e demais capitais, traçamos referências históricas, registramos estilos caligráficos e tipos de mensagens. Num processo de ampliação do olhar, percebe-se a elaboração sofisticada de um discurso que protesta - por meio do risco - contra o próprio Estado, levando às últimas consequências o questionamento do poder de polícia, da circulação da informação, do direito de ir-e-vir e da propriedade privada. Palavras Chave: Pixação. Arte política. “PIXO”: The poetic politic of scratches and risks Abstract: In Brazil, “pixação” has developed significantly since the 70s, as a political outsider art – similar to tagging. Essentially challenging, uncomfortable, the “pixo” not only destroys: that writing opens a visibility, composing the urban landscape. “Pixadores” are punished as vandals from “gangs”, and Law and policies feed discrimination around them (distinguishing pixação from “graffiti”, for example, treating one as art and another as vandalism) , but we examine their refined way to meet and go through the territory of the city, and their forms of organization, which has nothing to do with criminal gangs, approaching more to artistic meetings. From the ethnographic experience shared with pixadores in Belo Horizonte and other capitals, we draw historical references, recorded calligraphic styles and types of messages. In a process of understanding, we see the development of a sophisticated speech protesting - through risk - against the state, leading to its ultimate consequences the questioning of police power, the circulation of information, the right to go up and come and private property. Keywords: Pixação, Political Art.