Animais peçonhentos no município de Guarulhos, São Paulo, Brasil: incidência de acidentes e circunstâncias com vista a sua prevenção (original) (raw)

Resumo: Acidentes com animais peçonhentos são considerados um problema de Saúde Pública no Brasil, e em muitas partes do mundo, mesmo em áreas urbanizadas. Tanto os campos agrícolas, como as áreas vegetadas ou as cidades, oferecem uma variedade de nichos para abrigar vertebrados ou invertebrados, capaz de causar algum tipo de injúria ao homem. Por isso, este trabalho objetiva inventariar os acidentes por animais peçonhentos no município de Guarulhos, Grande São Paulo. Pretende-se também localizar os bairros de maior ocorrência, caracterizando-os com relação ao grau de urbanização e distância de áreas ainda não ocupadas pelo homem. Desse modo, avaliando as circunstâncias dos acidentes e o perfil dos pacientes, poder-se-á elaborar um programa de prevenção e orientação mais efetivos para a população. Para isso foram investigados oito Hospitais e oito locais de atendimento de saúde (postos) em Guarulhos, bem como inventariado os livros de registro dos Laboratórios de Herpetologia e de Artrópodes do Instituto Butantan, referentes ao período 1993 a 2003. Dados referentes a frequência, tipo de agente causador, sazonalidade, bairro e perfil dos pacientes foram coletados. Resultados apontaram um total de 1920 casos, sendo 1252 causados por escorpiões, 464 por aranhas, 116 por serpentes, 28 por diplópodes, 18 por lacraias e abelhas respectivamente, 9 por taturanas, 5 por opiliões, 1 por centopéia, pseudo-escorpião, besouro e vespa respectivamente e 4 por animais não identificados. A época de maior ocorrência foi a estação chuvosa (outubro a maio). Catorze bairros da periferia foram os mais atingidos, dentre eles São Jorge (n = 26), Cabuçu (n = 17), Bonsucesso (n = 16), Cumbica (n = 16), Soberana (n = 14), Ponte Alta, Parque Continental II (n = 13 respectivamente), Fortaleza (n = 11), Marmelo, (n = 8), Vila Rio (n = 7), Cocaia, Picanço, Presidente Dutra e Primavera (n = 6). Quantos aos pacientes picados (n = 354) por serpentes, aranhas e escorpiões, 224 foram homens e 130 mulheres. A faixa etária mais atingida foi a entre 15 e 40 anos (n = 180). Apesar da existência de padrões regionais diferenciados no estado de São Paulo quanto à frequência dos acidentes por animais peçonhentos, bem como do tipo de agentes causadores, as características biológicas e epidemiológicas dos acidentes observados em Guarulhos refletem, o panorama geral registrado na região sudeste do Brasil.