Machado de Assis e o instinto de nacionalidade: o nacionalismo romântico sub suspeita (original) (raw)

Machado de Assis entre a poesia e a história: identidade nacional e nacionalismo literário em Americanas (1875)

2014

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação)O presente trabalho se propõe a analisar a coletânea poética Americanas, publicada por Machado de Assis em 1875. A referida coletânea é tomada como um documento histórico, sobretudo ao que se refere sobre os desdobramentos da literatura nacional na década de 1870. Nosso exercício de análise da poesia machadiana tem como pressupostos teóricos e metodológicos autores como Carlo Ginzburg, Edward Thompson, Sidney Chalhoub e Leonardo Affonso de Miranda Pereira, para os quais a obra literária está relacionada, principalmente, ao contexto social e histórico no qual foi produzida e a experiência social e literária do autor. A partir disso, temos como objetivo analisar a poesia machadiana em interlocução com o desenvolvimento da literatura brasileira na década de 1870, bem como com as mudanças que operavam na sociedade imperial na época. Portanto, a ligação da literatura oitocentista com seu meio social, será fundamental para esse trabalho. Afinal, c...

Machado de Assis e as afinidades (se)eletivas

Alea: Estudos Neolatinos, 2021

Machado de Assis é um escritor que dispensa apresentações, pois está nas "dobras da memória" 1 , graças à potência de muitas de suas obras, que se tornaram clássicas. Sonia Netto Salomão declara: "Machado de Assis é parte do cânone ocidental, hoje" (p. 9). Destaquei o advérbio "hoje" porque a inserção de Machado no cânone ocidental acontece tardiamente. Contudo, essa situação foi sendo revertida paulatinamente e se deu no final do século XX e início do século XXI quando, por exemplo, Machado passa a figurar na lista de Harold Bloom dos 100 autores mais criativos da história da literatura. 2 Apesar disso, ao ser indagado sobre a influência literária de Machado de Assis para além das fronteiras lusófonas, o crítico Kenneth David Jackson diz que "está tendo mais impacto, mas avança devagar", pois falta "a difusão da nova crítica, falta incorporar Machado no cânone da literatura comparada, falta de maneira geral ler Machado". 3 Mesmo assim, esse "mestre da ficção" tem sido revisitado de diferentes formas, porque, além da reedição constante das suas obras, soma uma enorme

O contexto da publicação e o prefácio de "Ressurreição": Machado de Assis e os cavaleiros da causa nacional e da ordem romântica

Opiniães, 2016

A partir da trajetória de Machado de Assis, considerando suas tomadas de posição e o contexto de Ressurreição, apresento uma leitura sincrônica da primeira advertência à Ressurreição, explorando o romance também, mas brevemente. O objetivo primário é mostrar o anúncio de adequação feito por Machado no prefácio desse romance às exigências de Quintino Bocaiúva, em 1863, quando este, então preceptor do teatro realista, criticava Machado por não partilhar a causa nacional do Romantismo brasileiro: a formação moral do leitor. Ao dialogar com seus pares, Machado apresenta seu romance, então, conforme a crítica de Bocaiúva, aliás, o paradigma validado pela teoria do Romantismo brasileiro. Observarei como Machado configura o diálogo com o crítico de 1863, com o contexto de 1872, ano de publicação de Ressurreição, e como este romance responde às exigências quintiniana de 1863. Hipótese: a presença da fábula de Esopo subsidia a pressuposição de que Ressurreição acomoda-se à ordem romântica e ...

A internacionalização de Machado de Assis

Scientia Traductionis, 2013

ste número monográfico de Scientia Traductionis, examina, como sugere o título, a rica relação entre Machado de Assis e a tradução. Essa relação é múltipla e está tanto no papel da tradução na formação do Machado leitor e escritor como na progressiva internacionalização do Machado escritor via tradução. Abre o número o ensaio "Translating Machado de Assis / Traduzindo Machado de Assis", de John Gledson. Redigido quando o autor esteve como professor visitante na PGET, Pós-graduação em Estudos da Tradução, da UFSC, ensaio que foi premiado no I Concurso Internacional Machado de Assis, promovido pelo Itamaraty em 2006. Fiel ao espírito da revista, publicamos o original em inglês, inédito, e sua tradução, que consta do volume A obra de Machado de Assis, publicada pelo Ministério de Relações Exteriores, e é republicada aqui com autorização do autor. Ao longo do ensaio, Gledson dá conta da limitada produção intelectual sobre o estilo, a prosa e o ritmo de Machado e sustenta que a reflexão sobre o texto traduzido pode iluminar essas questões. Em um primeiro momento, Gledson faz um exame das escolhas tradutórias em fragmentos das traduções de Memórias póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro para o inglês, e, em seguida, analisa sua tradução do conto "Singular ocorrência". O segundo bloco de textos, intitulado Machado de Assis tradutor, trata uma faceta ainda pouco estudada de nosso maior escritor, e que vem despertando um interesse crescente entre os pesquisadores, a de tradutor. O papel da tradução na consolidação da literatura brasileira é ressaltado por Helena Tornquist em "Tradução e recepção: textos dramáticos traduzidos por Machado de Assis". Para ela, a atividade tradutória de Machado reflete uma prática geral entre os escritores do período e recorda a atividade tradutória de, entre outros, Olavo Bilac, Rui Barbosa, Carlos de Laet, sobretudo de textos de difusão da cultura francesa. A autora assinala que a tradução e a crítica de teatro francês, assim como a elaboração de pareceres sobre peças traduzidas para o Consultório Dramático, constituiu "o marco inicial da carreira do escritor" Machado de Assis. Chama a atenção também para o impacto da prática machadiana da tradução, que incluiu um amplo leque de autores com distintas posições no cânone francês, na elaboração de E

Machado de Assis leitor dos românticos brasileiros

The present text reads the critical essays that M. de Assis wrote about some of the Brazilian romantic authors, in order to recognize his apprehension of the textual proceedings of this movement, which distinguishes the birth of the Brazilian literary identity. On the other side, the article tries to expose, in Machado’s critique, the development and the establishment of a theory of Brazilian Romanticism – a theory that perpetuates itself until today in our literary criticism.

O instinto de americanidade na poesia de Machado de Assis

2020

Este trabalho tem por objetivo analisar a poesia de Machado de Assis sob o prisma da americanidade. Considerada uma tendência de dimensão continental, a representação poética do instinto de americanidade se configura como uma teoria relativamente nova dentro dos estudos literários, apresentando-se desse modo, em processo. Entretanto, a partir de estudos realizados, podemos alistar algumas características sinalizadoras de sua presença em composições literárias: representação poética de elementos indigenistas, nacionalistas, da paisagem americana e do sentimento de apreço à América. A fim de primeiro contextualizar a poesia de Machado de Assis dentro dos estudos literários brasileiros, iniciaremos nosso trabalho com uma apreciação do contexto cultural do Brasil no século XIX e dos volumes de poesia: <em>Crisálidas</em>, <em>Falenas</em>, <em>Americanas </em>e <em>Ocidentais</em>. No segundo capítulo, faremos uma breve exposição crítica d...

Considerações iniciais sobre o niilismo nos romances do jovem Machado de Assis

Este artigo apresenta a proposta de um projeto de pesquisa iniciado em janeiro de 2016, na Universidade Federal de Rondônia, sob o título O trabalho surdo da destruição: o niilismo na prosa do jovem Machado de Assis. Por isso, defende uma posição teórica ainda em desenvolvimento. Nossa intenção, aqui, é sinalizar um possível caminho para o estudo do niilismo na obra do jovem Machado de Assis, tema que permanecia inédito.