Novas territorialidades e a sociedade de risco: evidências empíricas e desafios teóricos para a compreensão dos novos espaços da migração (original) (raw)

O Território: Diferentes Abordagens e Conceito-Chave Para a Compreensão Da Migração

Revista Faz Ciência, 2005

Como é cada vez mais intensa a discussão do conceito de território, julgamos relevante, neste texto, socializar diferentes abordagens que estão sendo produzidas em Ciência Sociais. Assim, pretendemos, de forma didática, auxiliar nos debates que estão acontecendo. Destacamos as dimensões sociais do território, o conceito de territorialidade e a possibilidade de se fazer estudos migratórios centrados na abordagem territorial.

Resiliência, população e território: contributo conceptual para a terminologia dos riscos

o trabalho proposto pretende discutir o conceito de "resiliência", encarando-o como um conjunto de capacidades e características inerentes ao meio físico e aos seres humanos, as quais se poderão modificar, com vista à redução da vulnerabilidade em contexto de recuperação, registada na sequência de perturbações dos sistemas naturais e antrópicos. com base no efeito de antecipação-reação-recuperação, será abordada a génese do conceito, a sua apropriação terminológica por diversas ciências, assim como a derivação epistemológica, que resultou numa tipologia de resiliência(s) associadas às populações e aos territórios.

Reinventando a localidade: globalização heterogênea, escala da cidade e a incorporação desigual de migrantes transnacionais

Horizontes Antropológicos, 2009

Resumo: Dado um renovado interesse nas relações entre migrantes e cidades, examino as continuidades e mudanças no posicionamento e papéis desempenhados por migrantes portugueses e suas práticas locais e transnacionais à luz dos reposicionamentos de New Bedford, Massachusetts (EUA) e Portugal na economia política global. Ao invés de adotar o grupo étnico como unidade de análise, centralizo a minha atenção nessa localidade americana e na política ao nível local para explicar as relações entre globalização, escala de cidade e a incorporação de imigrantes. Ao inter-relacionar processos locais e globais, indico como a incorporação desses migrantes em New Bedford se imbrica à sua simultânea inserção em Portugal e na União Europeia. Dessa perspectiva, desvendo os aparentes paradoxos subjacentes aos projetos neoliberais em curso, que se apoiam na organização fl exível do trabalho, em políticas imigratórias restritivas de segurança nacional e decorrente criminalização de imigrantes, bem como em ideologias de diversidade cultural. Palavras-chave: escala da cidade, globalização heterogênea, incorporação desigual, migrações transnacionais.

Insegurança/medo: navegando as contribuições geográficas (e mais além)

Geografia urbana. Revisitando conceitos e temas, 2023

A partir destas considerações, irei sumarizar a seguir as dimensões com que o pensamento geográfico (e não só) se tem engajado com o poder de medo e insegurança. Estruturarei o cerne da discussão a partir das três dimensões identificadas por Hazem Abu-Orf (2013) na sua teoria sobre cidades em conflito, na reformulação que tenho proposto pelo caso das cidades “comuns” (Tulumello, 2015): as geopolíticas (urbanas) da insegurança; o papel do medo em caraterizar o encontro com a alteridade; e, terceiro, o papel do espaço construído, e das suas espacialidades, em moldar os sentimentos individuais. Em conclusão, irei mobilizar o conceito de paisagens do medo (landscapes of fear ou fearscapes; Tulumello, 2017, capítulo 4) que permite ao mesmo tempo articular, e ultrapassar, essas três dimensões. Embora estes debates se tenham desenvolvido sobretudo na literatura, dita internacional, em língua inglesa, terei atenção em apontar também os debates desenvolvidos em Portugal e Brasil, e em língua portuguesa.

Interpretando a Paisagem De Migrantes: Uma Leitura Da Relação Com O Lugar Desde Uma Abordagem Geracional

2010

A migracao enquanto deslocamento fisico implica novas relacoes com os lugares para o migrante. Estas experiencias formam a base constitutiva dos significados que as paisagens recebem. Este artigo procura interpretar os significados atribuidos a paisagem por sujeitos de tres familias migrantes, em tres geracoes, a fim de compreender as suas relacoes com o lugar de origem (Bioma Mata Atlântica) e de destino (Bioma Pampa) no sul do Brasil. As interpretacoes destes significados mostram que a paisagem e polissemica, ou seja, ela e significada a partir do contexto ontogenetico (fases da vida), ambiental e sociocultural em que determinada paisagem e rememorada. Estas leituras contribuem a compreensao em profundidade das relacoes dos sujeitos com os lugares, configurando-se como uma possibilidade ao desenvolvimento de uma Educacao Ambiental compreensiva, com implicacoes diretas aos processos participativos de planejamento local das paisagens.

Migrações e espaço de oportunidade: uma reflexão sociológica

2010

Esta comunicação insere-se no âmbito de um projecto mais vasto de investigação que está a ser desenvolvido pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade dos Açores no domínio da sociologia das migrações. Nesta primeira abordagem procuraremos, face à pluralidade de espaços insulares (no caso dos Açores), determinar se existe ou não uma relação entre graus de insularidade, as estruturas económicas e sociais, e os espaços de oportunidade vividos e percepcionados pelos migrantes (imigrantes/emigrantes).

Comunidade, Migrações e Fronteiras Biopolíticas: o paradoxo migratório na construção do “migrante irregular”

Revista Direito e Práxis, 2020

Resumo Este ensaio teórico pretende discutir de que modo o direito migratório produz a figura do “migrante irregular”. A discussão se desenrola a partir do paradoxo migratório representado pelo direito de saída de determinado território não acompanhado de um consequente direito de entrada em outro. Busca-se compreendê-lo em seus efeitos biopolíticos, que tem como um de seus sintomas a construção do “migrante irregular” como figura ambivalente: de um lado, sua vida inspira proteção humanitária internacional; de outro, representa um risco em relação ao qual o corpo social deve ser protegido. Inspirado na genealogia foucaultiana, este ensaio acadêmico busca atentar-se para essas estratégias do poder, capaz de nos permitir identificar quando o direito internacional, sob a pretensão de uma proteção humana universal, atua exatamente na hierarquização de humanidades.

Imigração e territórios em mudança. Teorias e prática(s) do modelo de atracção-repulsão numa região de baixas densidades

Os estudos pioneiros de Ravenstein (1876, 1889) tiveram um carácter determinante na construção do quadro teórico associado às migrações. Ao desenvolver os princípios do modelo de atração-repulsão, o autor destaca o papel da dinâmica territorial na estruturação do projeto migratório dos indivíduos, cuja decisão de se deslocarem do local de origem para um determinado destino estará relacionada com a percepção positiva ou negativa face a determinados aspetos de ambos os lugares. Significa que, por um lado, os migrantes serão influenciados pela existência de fatores repulsivos existentes no território de partida; por outro, a escolha do território de destino estará condicionada pela existência de fatores atrativos, nomeadamente de cariz económico, laboral e social. Lee (1969) continua o trabalho de Ravenstein, embora lhe faça algumas críticas, considerando a existência de obstáculos intervenientes e de fatores pessoais como aspetos determinantes a considerar na decisão de migrar. Assim, parte-se do princípio que há uma tendência para que os migrantes se desloquem de áreas pouco povoadas para áreas de maior concentração humana; de regiões de baixas densidades para regiões dinâmicas do ponto de vista económico e social; de territórios pobres e pouco desenvolvidos para territórios com um maior nível de desenvolvimento. Porém, coloca-se em causa a linearidade do processo: será que as regiões consideradas repulsivas não podem revelar dinâmicas diferenciadas (neste caso positivas) face a distintas realidades migratórias? Com o objetivo de clarificar a questão, procurar-se-ão discutir os princípios estruturantes do modelo de atraçãorepulsão de Ravenstein, tendo em conta não só a análise crítica de Lee, como também os pressupostos defendidos pelas principais teorias e modelos migratórios, numa perspetiva de complementaridade. Além desta construção teórica, será analisado o estudo de caso de um território português de baixas densidades, com características territoriais potencialmente repulsivas, na sub-região do Alto Alentejo. O interesse de investigação nesta área geográfica está relacionado com o facto de, ao longo da última década, se ter verificado uma renovada dinâmica territorial à escala local, gerada pela presença de grupos de imigrantes que aí residem e trabalham. A partir da compreensão das motivações de deslocação destes indivíduos entre os dois pólos migratórios (origem e destino), tentar-se-á discutir em termos práticos, a validade e as fragilidades do modelo migratório em causa. Palavras-chave: Modelo de atração-repulsão. Migrações. Território. Baixas

Eurásia: Casos de migrações, territórios e integração

Informar e reflectir sobre alguns aspectos dos movimentos migratórios Eurasiáticos, dando especial relevo aos casos da China e de Macau, nos períodos Moderno e Contemporâneo. Privilegiar uma abordagem que caracterize os movimentos migratórios, reconheça os impactos nos territórios de origem e de destino e analise as dinâmicas de integração dos imigrantes.