Reconstrução da maternidade: os discursos da pediatria e obstetrícia nas revistas femininas na década de 1920; Reconstructing motherhood: pediatric … (original) (raw)

2011, Hist. ciênc. saúde-Manguinhos

A partir de meados do século XIX, segundo Michel Foucault, a população torna-se uma das principais preocupações dos governos nacionais; entendida não mais como herança ou conquista, sua importância depositava-se na relação com outras 'coisas' como costumes, hábitos, formas de agir e de pensar, fome, epidemias, acidentes e mortes (Foucault, 2010, p.283). Semente das populações futuras, a criança e a infância passaram a ser os principais alvos de uma intensa campanha médico-sanitária que visava prolongar essa etapa da vida. Para alcançar tal objetivo, as sociedades modernas criaram regras que se impunham tanto para os pais quanto para os filhos, referentes a cuidados com higiene, limpeza, alimentação e amamentação, ou seja, uma série de investimentos necessários ao bom desenvolvimento físico desses pequenos indivíduos até a fase adulta. Não se tratava, apenas, "de produzir um melhor número de crianças, mas de gerir convenientemente esta época da vida" (p.199). Investigar a importância e a circularidade dos diversos discursos construídos em torno da criança e da maternidade no início do século XX no Brasil é a proposta do livro de Maria Martha de Luna Freire, Mulheres, mães e médicos: discurso maternalista no Brasil, publicado em 2009 pela editora FGV. Resultado da tese de doutorado defendida no Programa de Pós-graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, a pesquisa recebeu o prêmio Anpuh-Rio de História em 2008, que objetiva a publicação de pesquisas acadêmicas divulgadas, dessa forma, para um público mais amplo.