Sobre a bondade a partir da literatura do holocausto (original) (raw)

Um olhar favorável: hermenêutica e misericórdia

Na obra de Ricoeur, a hermenêutica segue progressivamente em direção à ética. Neste artigo abordaremos a questão do olhar que voltamos para o mundo e para conosco mesmos que nos permite agir, ou não, de modo misericordioso. Isso será feito em particular a partir de uma leitura do artigo de Ricoeur, O Socius e o Próximo, no qual a interpretação da parábola do Bom Samaritano indica a presença e a possibilidade do olhar e do comportamento misericordiososmarcados pela abertura e pela disponibilidade -em meio à tensão entre a pessoa e a instituição, em meio à violência mesma do mundo. Para tanto o artigo se constitui de três partes. Na primeira, abordaremos a questão da relação entre ética e hermenêutica em Ricoeur, para quem a noção de texto como objeto da hermenêutica ultrapassa os limites escriturais e se desloca para a ação e para a metáfora; deixando ele desde o início de suas reflexões sobre o problema da compreensão abertos os caminhos para uma intersecção da hermenêutica com a ética. Na segunda parte abordaremos a questão da misericórdia no bom samaritano a partir da relação entre os pensamentos de Ricoeur, Henry, Buber e Marcel e, finalmente, na terceira parte abordaremos a questão da misericórdia como o "olhar favorável" proposto por Ricoeur, articulando com as reflexões sobre a simbólica do olhar do ser-para-outro em Emmanuel Mounier. Com isto queremos brevemente lembrar que Ricoeur nos indica que um olhar, uma interpretação e logo uma hermenêutica orientada pela misericórdia são não apenas necessários, mas possíveis.

A propósito do mal em Hannah Arendt

2020

Poderia agradecer somente a Deus por todas as graças e pessoas que colocou em minha vida e que bastante me ajudaram, mas devo citar seus nomes para perpetuar a memória desses instrumentos em minha vida. À minha mãe, Liduina Sousa, que nunca mediu esforços para me ajudar em tudo, o maior anjo em minha vida. Agradeço a toda minha família pelo apoio que me foi dado. Minhas irmãs, avós e tias e à minha namorada, que esteve do meu lado, me ajudando nos momentos difíceis. Ao CNPq, pelo apoio no provimento da Bolsa de Pesquisa, que tanto me auxiliou no desenvolvimento e qualidade do trabalho. Faço um especial agradecimento ao meu Orientador Prof. Dr. Odílio Alves Aguiar, por ter me aceitado como orientando, pelo amadurecimento acadêmico que me proporcionou, por toda a ajuda que me deu e pela amizade compartilhada. Ao Tony, estendo meus sinceros agradecimentos, pois foi de fundamental importância para eu ter conseguido chegar até aqui. De orientador na graduação a praticamente coorientador no mestrado. Um amigo para a vida. Também agradeço ao Glauton, outro grande amigo que bastante me ajudou nessa caminhada. Aos professores leitores do meu projeto de pesquisa, Úrsula, Eduardo Chagas e Átila, que confiaram na proposta para aceitação no Mestrado. Aos professores das disciplinas, Rita Helena, Luis Felipe, Emanuel Germano, Odílio Aguiar e Manfredo Oliveira, pelo conhecimento repassado durante a obtenção de créditos. Ao professor Manfredo, pelos conselhos e confissões. Ao Grupo Arendt e a todos os integrantes pelo conhecimento compartilhado. As contribuições me proporcionaram uma rica experiência acadêmica e profissional. Alguns outros nomes que me ajudaram de uma forma ou de outra, e que também muito importantes:

A desbanalização do mal: sobre os sentidos da crueldade hoje

Revista de filosofia moderna e contemporânea, 2022

Trata-se, nesse texto, de testar a hipótese de uma "desbanalização do mal" que ocorre com a ascensão contemporânea de novas tendências fascistas. Buscamos levar em conta uma nova crueldade, germinada a partir da experiência de sofrimento social em um mundo do trabalho já "eichmannizado" (seguindo o argumento do sociólogo Christophe Dejours), que ganha na "nova direita" (também chamada de "populista") um encaminhamento político.

A sociedade da generosidade de Peter Sloterdijk

Não raro, ouvimos partidos políticos mencionarem expressões como "governo generoso" ou "administração generosa". Tendemos a felicitar essa presença da palavra "generosidade". Por sua vez, Sloterdijk prefere antes indivíduos generosos que governos ou partidos que se dizem generosos.

A enchente como derrocada ou da fragilidade da bondade

Coluna ANPOF, 2024

Desde a filosofia levinasiana, este breve artigo traz uma reflexão sobre o evento das enchentes que atingiram o Estado do Rio Grande do Sul em maio de 2024, procurando apreender na condição do desabrigado uma condição existencial fundamental do ser humano.

A experiência de autores judeus da psicologia sobreviventes do holocausto

Estudos e Pesquisas em Psicologia, 2012

RESUMO O objetivo desta pesquisa foi o de abordar o tema "trauma e memória" na literatura de autores judeus da Psicologia, que viveram na Europa no período da Segunda Guerra Mundial/Holocausto; e analisar possíveis repercussões do trauma em suas vidas e teorias. O trauma psicológico é relacionado à vida de todo ser humano e tem merecido maior atenção de diversas disciplinas. Violência, catástrofes e más condições de vida afetam a vida de muitos direta e indiretamente. Os autores escolhidos foram Kurt Lewin, Viktor Frankl e Bruno Bettelheim. Utilizou-se o método historiográfico, especificamente da área de história da psicologia. Os resultados apontaram que a situação traumática vivida modificou a maneira desses autores se posicionarem na teoria elaborada e na vida. Nos relatos encontram-se recursos pessoais, de teor psicológico e cultural, utilizados para vivenciar ou superar o trauma. Em suma, existe uma significativa relação dos estudos por eles realizados com a vivência do trauma.

A História da Caridade

Ao refletir sobre os textos que nos foram facultados permito-me afirmar que a dimensão da Caridade sempre fez parte dos elementos que constituem a identidade e a missão dos cristãos, talvez não de forma programática mas intrínseca. Desde os primórdios do Povo de Israel que a Tradição Oral e escrita fazia antever uma preocupação e uma especial atenção pelas causas sociais. Se recuarmos no tempo, já os primeiros profetas colocavam no centro dos seus escritos – profetas escritores – ou no centro das suas palavras – profetas não escritores – a sua atenção nos mais necessitados. A história do Povo de Israel está repleta de referências aos estrangeiros, aos pobres, aos mais desfavorecidos da sociedade.

A alquimia em "Uma semana de bondade" de Max Ernst

a alqui111ia e111 ''u111a se111ana de bondade'' de 111ax ernst Bemadette Lyra Escritora e Professora Doutora con vidada da ECA-USP ABSTRACT: A postmodern look consides the study ofintertertuality provides a conte.xt for contemporary productions as they reisncribe and transform the representations of the cultural past. Just under this postmodern look, the surrealistc artists, for e.xemple, ever make connections with ancient alchemist 's figurations. Especially, Max Ernst's gluing Une Semaine de Bonté, ou Les Septs Éléments Capitau.x makes use of a network of iconografic references and representations wich might be defined as the intertextuallink between the surrealistc techniques and the hermetic alchemist te.xts, trough some biblical cabalistc texts.