Narradores pós-modernos de Javé (original) (raw)

Resenha crítica sobre " Narradores de Javé "

A história se passa em um vilarejo chamado Vale de Javé, uma cidade analfabeta quase por completo se não fosse por Antônio Biá, morador e funcionário dos correios, que para manter seu emprego começou a enviar cartas a todos os seus conhecidos contando mentiras e fofocas de cada morador, mas como toda mentira chega ao fim, o povoado fica sabendo e o expulsa da cidade. Até o dia em que uma notícia chega para mudar o destino daquele pacato vilarejo, em uma reunião Zaqueu, chefe do povoado, comunica a construção de uma represa, onde informa que todos terão que deixar suas casas, pois a cidade está no caminho das águas e que os engenheiros só não construiria lá se houvesse algo grande, no qual fosse tombado como patrimônio histórico. Eis que surge a ideia brilhante, que na iniciação científica se pode ter a partir da pergunta de partida, fazer algo que ninguém pensou até aquele momento, que é escrever as histórias de valor que são passadas de pessoa a pessoa, seja dos guerreiros até a fundação daquele povoado, mas para os engenheiros esse trabalho deveria ser algo científico, um processo que chega ao máximo de seu desenvolvimento com a aplicação de um método científico, algo comprovado. O povoado embora já tenha uma possível solução para o problema se veem sem saber quem iria fazer essa junção de histórias, analisa-las e escrevê-las. Quando resolvem chamar de volta ao vilarejo o único capaz de executar o trabalho, Antônio Biá. Que antes contou histórias para manter seu emprego, agora lhe é dada a chance de se redimir com o povoado, fazendo uma busca de histórias, a fim de salvar a cidade das águas. Começa então por Vicentino, que retrata da fundação do vilarejo onde Indalécio guiou os antepassados, punhado de gente valente que tinham sido expulsos de suas terras de origem a mando do rei de Portugal por interesse econômico. Mesmo ferido foi trazendo seu povo para terras distantes a procura de lugar seguro. O povo levava consigo um sino, que era a coisa mais sagrada que possuíam. Antônio Biá que gosta de inventar histórias faz uma reflexão interessante para a busca de informações, " uma coisa é o fato acontecido, outra coisa é o fato escrito, o acontecido tem de ser melhorado no escrito de forma melhor para que o povo creia no acontecido " , mas no científico, isso não procede, pois toda a

Narrativas Contemporâneas

Na contemporaneidade o diálogo entre arte e ciência cada vez mais vêm obtendo relevância e visibilidade nas pesquisas acadêmicas, na publicação de artigos, livros e tema de exposições, ressaltando a parceria e contribuição ao agregar teorias e produção artística em seus projetos e campos de estudos. Artistas visuais, críticos de arte, curadores, antropólogos e filósofos se aproximam, criam e compartilham suas bases teóricas demonstrando que o diálogo e suas práticas tendem a enriquecer essa relação tanto no cenário político e social, como também, na dimensão estética. No período moderno (1350-1850) a concepção e produção de arte era majoritariamente na pintura para fins acadêmico, de cunho religioso e amparada no modelo historicista. Já na contemporaneidade essa concepção se rompe em prol de um estilo e experiência não mais com base no visível, mas nas sensações, emoções e funcionalidade. Nesse contexto, os movimentos artísticos intensificam-se a partir das primeiras décadas de 1900, e novas linguagens, movimentos e técnicas são criadas como instalações, performances, objetos e outros, somados as questões culturais, políticas e sociais principalmente após a Segunda Guerra Mundial. Rompe-se com o academicismo, ultrapassando os limites da moldura, dos costumes e hábitos. Nesse contexto, a arte contemporânea adquiri espaço e legitimidade a partir da década de 1950, superando os conceitos de base tradicional e hegemônica, elegendo espaços alternativos e as ruas na apresentação de suas obras e a inclusão e interação do público em seus projetos. Essa ideia de arte no Brasil ocorre com o movimento de artistas e críticos paulistas e cariocas tendo como referencial a fase do concretismo. No

O narrador pós-moderno vinte anos depois

RESUMO: Neste artigo, busca-se realizar uma leitura do influente ensaio de Silviano Santiago sobre o narrador pós-moderno incluído no livro Nas malhas da letra. Nesse texto, apoiando-se na reflexão feita por Walter Benjamin sobre o narrador, Santiago analisa contos de Edilberto Coutinho em busca da configuração do narrador pós-moderno. No entanto, um dos contos utilizados como exemplo, a saber, "A lugar algum", parece conter alguns indícios que não se encaixam no perfil traçado, naquele momento, para o referido narrador pelo ensaísta. ABSTRACT: In this paper, we aim to present a reading of Silviano Santiago's influential essay about the postmodern narrator, featured in the book The Space In-Between. In this particular essay, using Walter Benjamin's considerations about the narrator, Santiago analyses writer Ediberto Coutinho's short stories, looking for the postmodern narrator's configuration. However, one of the stories used as an example, "To anywhere" ("A lugar algum" in Portuguese), seems to present some characteristics that would not fit in the profile outlined, at that moment, for the narrator addressed by the essay writer.

História, memória e derisão em Narradores de Javé

Nuevo Mundo Mundos Nuevos

A História e o passado têm sido objetos de humor na cultura brasileira. Tradicionalmente, os fatos históricos foram temas oficiais obrigatórios para os sambas enredos no carnaval carioca. Os heróis e as glórias do passado que fomentariam os mais sérios sentimentos cívicos foram cantados e ensinados em versos carnavalescos que, irreverentemente, misturavam heroísmo com comicidade. O ápice crítico dessa derrisão apareceu em o Samba do Crioulo Doido — música de Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto) lançada em 1968 que ironizava os efeitos deseducativos da moralidade edificante. Mas além da música, e sem esquecer a longa tradição dos pasquins e caricaturas, as personagens históricas também foram alvos do escárnio no cinema. Foi assim em Carlota Joaquina. A Princesa do Brasil, (1995) filme de Carla Camurati, um dos marcos inaugurais da chamada “retomada” do cinema brasileiro. Mas a brincadeira de desmanchar fronteiras entre realidade histórica e ironia ficcional foi radicalizada em Narradores de Javé (Brasil, 2003, Eliane Caffé). Confundindo vida e arte, esse filme consiste num caleidoscópio com variados graus de narrativas em que verdade e simulacro coabitam em inusitada harmonia. Este artigo explora tais aspectos lúdicos da narrativa histórica e fílmica no Brasil

NARRADORES DE JAVÉ: ARGUMENTOS PARA PENSAR A MODERNIDADE

Revista Inter Ação, 2012

resumo: O presente trabalho visa discutir a crise da Modernidade, com base nas questões sugeridas pelo filme Narradores de Javé, dirigido por Eliane Caffé. Indagamos: que tipos de documentos registram as "verdades"? Quem pode dizer o que é ou não é a "verdade"? Qual é a diferença entre o que se diz ou o que se escreve? Existe significado fora do "método"? Sustentamos que a obra em pauta proporciona valiosas reflexões acerca do embate existente entre o pretenso cientificismo moderno e suas consequências "pós-modernas".

Narrativas da Memória: um olhar para o filme Narradores de Javé

Anais I Ecomig, 2008

Resumo: O contar dentro do recontar. Visto de fora, o filme Narradores de Javé (Eliane Caffé, 2003) apresenta-se como uma grande boneca russa, dentro da qual sai uma boneca, e dela mais uma, e mais uma... A arte de narrar permeia todo o filme, feito a partir do jogo lúdico entre narrativas encaixadas, cada qual trazendo um narrador que, num ato performativo, lança mão da experiência para tecer uma narrativa da memória. Esta, no entanto, mostra-se como algo escorregadio, inapreensível, construído simbólica e socialmente, tendo como matéria-prima a experiência individual e coletiva. Dessa forma, o artigo busca problematizar algumas questões relativas à noção de narrador, partindo de Narradores de Javé, bem como iniciar uma discussão sobre sua relação com experiência e memória.

Narradores Transnacionais Na Ficção Brasileira Contemporânea

Revista Crioula, 2010

RESUMO: A questão das identidades vem, desde os anos 1980, ocupando lugar cada vez mais privilegiado no debate acadêmico. Além disso, nas últimas duas décadas, alguns escritos brasileiros inseriram essa questão como elemento central de composição de suas narrativas. Nosso intuito aqui é analisar como o problema das identidades desempenha função estrutural na forma dos romances Budapeste (Chico Buarque, 2003) e O sol se põe em São Paulo (Bernardo Carvalho, 2007). Não se trata unicamente, portanto, de ver como o tema identitário aparece nas obras, mas de averiguar -no escopo da investigação estética -a maneira como a estrutura particular dos romances é construída em função dos problemas identitários enfrentados por seus narradores.

Narradores De Javé e a Pesquisa Em Educação

O texto propõe uma hermenêutica sobre os paradoxos criados pelo paradigma da relação sujeito/objeto, problematizando a absolutização da subjetividade moderna na produção do conhecimento e suas implicações na formação de professores. Nesse contexto, demarca os contornos e as deficiências localizadas na recepção das abordagens qualitativas e quantitativas nas pesquisas em educação. Para elucidar essas questões, este estudo utiliza a narrativa, Narradores de Javé, por intermédio da abordagem hermenêutico-reconstrutiva, como exercício do reconhecimento do saber da alteridade. A hermenêutica quer desvendar as armadilhas do caminho metafísico do conhecimento na formação de professores e provocar nos interlocutores envolvidos o estranhamento das práticas pedagógicas enrijecidas pelo paradigma unilateral do mundo moderno.

Monstros da cidade pós-moderna

Jeffrey Jerome Cohen abre o livro Monster Theory: Reading Culture (1996) com um ensaio que propõe que é possível ler a cultura de determinada sociedade através dos monstros engendrados por ela. Monstro, nesse sentido, descola-se do conceito estrito de criaturas do horror sobrenatural, mas tampouco perde sua especificidade: são monstros as figuras que corporificam as ansiedades, inseguranças e medos – mas também as fantasias, o delírio e o desejo – de uma comunidade. São feitos, dirá Cohen, de pura cultura, e dessa forma, sintetizam certo zeitgeist. Um dos mais populares monstros da pós-modernidade é o serial killer. Abundantemente presente na ficção – mas não apenas restrito a ela – essa figura simboliza com perfeição a, em termos baumanianos, ubiquidade do medo nessa modernidade líquida que, apesar de ter atingido o ápice da tecnologia de segurança, vigilância e controle, nunca se sentiu mais frágil. Há, no entanto, no Brasil, um descompasso entre os monstros que se popularizam na ficção – importados de fora – e os medos próprios de nossa cultura. Aqui, não são nossos quase desconhecidos assassinos seriais, como Febrônio, Chico Picadinho ou o Vampiro de Niterói, que inspiram a ficção ou povoam as manchetes de jornal e, por consequência nosso imaginário de medo. São outros os monstros que engendramos. Para o cidadão metropolitano, sobretudo, a figura do serial killer dá lugar a outro tipo de criminoso, o traficante. Com base em obras como Cidade de Deus (1997), Inferno (2000) e Abusado (2003), nos propomos, nesse trabalho, a investigar a construção da personagem traficante – não a figura real – como monstro, analisando sua presença na literatura e lendo, a partir de seus signos, uma cultura que tem muito a dizer sobre segregação social, racismo e espetacularização da violência. PALAVRAS-CHAVE:

OS NARRADORES DE JAVÉ: A ESCRITA DA HISTÓRIA E A PROBLEMATIZAÇÃO DO MÉTODO

RESUMO Tendo como ponto de partida o filme Os Narradores de Javé da diretora Eliane Caffé, propomos uma reflexão acerca do método de construção da história, e portanto também da história da arte, enquanto campos do conhecimento. Compreendemos o filme como como metáfora dos processos políticos, tensões e disputas que lhes são concernentes, e por isso parece-nos relevante para a problematização da narrativa historiográfica. Dentro deste paradigma, buscamos trazer questões sobre a construção de uma história da arte brasileira, enquanto uma ferramenta que revela posicionamentos teóricos e políticos. ABSTRACT Having the movie Os Narradores de Javé, of the director Eliane Caffé as a starting point, we propose a reflection about the construction method of history, and also the art history, as fields of knowledge. Understanding the movie as a metaphor of the political processes, tensions and disputes that are pertinent, it seems relevant for a problematization of the historiographic narrative. Within this paradigm, we seek to bring issues about the construction of a Brazilian art history, as a tool that reveals theoretical and political positions.