Graciliano Ramos Vidas Secas (original) (raw)

Vidas Secas - Graciliano Ramos

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Cadela como eles: humanimalidades em Vidas Secas de Graciliano Ramos

2019

A reconceptualização etológica do animal enquanto sujeito, e mais precisamente enquanto sujeito hermenêutico, a que progressivamente se tem vindo a assistir ao longo do século XX, veio desconfigurar os limites ontológicos entre humanidade e animalidade. Ora, pela sua proximidade milenar com o homem, nomeadamente no seu papel de animal doméstico ou de companhia, o cão é um dos grandes protagonistas dessa tomada de consciência de uma «outridade» animal e dessa diluição de fronteiras ou troca de identidades entre o humano e o não humano. Neste contexto, a literatura tem configurado um fecundo espaço de reflexão sobre estes (des)encontros entre sujeitos humanos e não humanos, que pretendemos indagar, neste estudo, a partir de uma leitura crítico-interpretativa da obra do escritor brasileiro Graciliano Ramos, intitulada Vidas Secas (1938), onde a protagonista é Baleia, uma cadela muito humana.

Fronteira e Exílio Em Vidas Secas, De Graciliano Ramos

2016

Resumo: Este artigo pretende abordar os temas exilio e a fronteira na obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos, a partir de conceitos de Boaventura dos Santos, Nietzsche, MD Magno, Hardt e Negri, Marilena Chaui e Silviano Santiago, alem de outros, discutindo questoes relativas a solidao e luta social. Percebe-se que a seca determina o exilio dos personagens, fazendo com que vivam se deslocando, percorrendo fronteiras invisiveis, geografica, social e culturalmente falando, ampliando os conceitos de fronteira e exilio para o campo metaforico, alem de conferir aos personagens uma imaginacao utopica com a qual desejam transformar pequenos sonhos em realidade. Assim, essa obra mostra ser um espaco privilegiado para um dialogo interdisciplinar, no qual se cruzam areas como Filosofia e Sociologia, ja que, esse contexto de miseria iguala-os a bichos, tendo a linguagem como metafora de poder e mecanismo de exclusao e, por tras de tudo, o cinismo daqueles que estao do outro lado; eis um meio soc...

Candido Portinari e Graciliano Ramos: Diálogos De Vidas Secas Com Os Retirantes

2015

Durante o Brasil varguista ocorreram ao menos dois grandes desastres naturais, as secas de 32 e 42. Alem de expor milhares de sertanejos ao flagelo, estes eventos apresentaram tambem a insercao desta populacao retirante nos espacos urbanos centrais do pais, principalmente nas cidades de Rio de Janeiro e Sao Paulo. O crescimento do numero de retirantes nordestinos nas cidades e as noticias sobre as estiagens no nordeste demonstraram uma presenca macica desta problematica no pais. E como forma de denuncia as dificuldades da seca, fora dialogada pelo escritor Graciliano Ramos e pelo pintor Candido Portinari, a construcao imagetica do retirante nordestino. Edificada no final da decada de 30, atraves do romance Vidas Secas e da serie de pinturas Retirantes, as relacoes estabelecidas por ambos formaram o que nas decadas seguintes, conjecturou-se como representacao da familia sertaneja, aquela que foge das mazelas que a seca lhe impunha.

Novos Ramos de Graciliano – três inéditos do autor de Vidas secas

The present paper aims to present to the general public, and more specifically, to the scholars of Graciliano Ramos’ work three productions of the artist from Alagoas left outside of Garranchos (2012), volume that aims to collect and present a set of more than eighty unpublished writings in a book by the author of Vidas Secas. In this sense, we highlight here the texts “O Melhor dos Mundos”, “Coisas da China” e “O Atentado contra o Escritor Wladimir Guimarães”, published since August 1945, mark that point out the formal entry of the renowned novelist into the Communist Party of Brazil (PCB). Through the writings now published, we can see some facets little known of the man and the artist Graciliano Ramos.

Graciliano Ramos, o insone encarcerado

[Tese de doutorado] A literatura de Graciliano Ramos sofre expressiva guinada estética, a partir de 1937, depois de passar dez meses na prisão. Embora quase todos os seus livros tenham partido de um conto, apenas depois de sua liberdade, o escritor alagoano passou a se dedicar à narrativa curta, em sua concepção, organização e crítica. Os contos produzidos nesse período foram reunidos em Insônia (1947), mas alguns deles foram também publicados em Dois dedos (1945) e Histórias incompletas (1946), cada um destes dois como esboço de uma proposta estética que tomaria consistência apenas no livro posterior. A estrutura do conto passa a orientar, então, a atividade criativa de Graciliano, que abandona o gênero romanesco e busca a forma mais “razoável” para expressar criticamente as tensões entre indivíduo e sociedade. Além disso, o escritor incorpora organicamente alguns procedimentos de tendências artísticas herdadas das vanguardas históricas, não de modo conciliado, mas por meio de apropriações críticas e diferenciais. Com isso, Graciliano elabora estratégias estético-narrativas na concepção de Insônia, que se tornam fundamentais para a escrita de Memórias do cárcere (1953), cujos capítulos apresentam, em sua maioria, aspectos congruentes a alguns contos de Insônia, especialmente os aqui denominados “Noturnos”. As categorias simbólicas de “noturnidade” e “insonolência” tornam-se também fundamentais para o desenvolvimento do conceito de memória em Graciliano Ramos, um dos componentes decisivos para a construção do livro sobre a cadeia. Portanto, a tese busca comprovar a importância de Insônia na concepção de Memórias do cárcere, bem como das articulações do substrato do vivido na reconfiguração estética do projeto literário do escritor e na produção de sua contística.