Decadência e Angústia: marcas da modernidade nas obras de Florbela Espanca e Augusto dos Anjos (original) (raw)

Alegoria e modernidade em Augusto dos Anjos

Antares: letras e humanidades, 2020

Este artigo tem o propósito de apresentar considerações sobre aspectos da modernidade de Augusto dos Anjos, inscritos na composição alegórica de seus poemas. A modernidade em Augusto dos Anjos é flagrante sobretudo em sua tentativa de, a partir da infração consciente da linguagem beletrista, desenvolver um código literário próprio. Por ser sensível à violenta dinâmica histórica do país, esse código sintoniza-se com a estética do choque. Pretende-se discutir o modo como as imagens de ruínas, doenças, cadáveres expostos se dispõe nos poemas de Augusto dos Anjos como fragmentos passíveis de serem recompostos como alegoria de uma totalidade que se crê esfacelada e que estão a serviço da composição de um mosaico patético que traduza o Brasil. Desse mosaico é que emerge a consciência crítica da história que chancela a modernidade de Augusto dos Anjos.

Ansiedade e Estresse na Modernidade Gilcenira Ataliba Esteves

Este artigo tem como objetivo chamar atenção para as doenças que a ansiedade e o estresse causam ao ser humano em nossos dias. Apresentar mecanismos para que, mesmo vivendo em meio à instabilidade, cada pessoa possa num processo de conhecimento de si mesmo encontrar os recursos necessários para enfrentar as dificuldades diárias.

O estilo sob suspeita: tradição e modernidade em Archimedes Memória e Lucio Costa

Tese de Doutorado - Programa de Pós-Graduação em Arquitetura, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2023, 2023

O campo da arquitetura e urbanismo no Brasil passou por grandes e significativas modificações entre a virada do século XIX para o XX e as décadas de 1920 e 1930. O despontar deste novo século se destacou especialmente pelas reformas promovidas pelo prefeito do então Distrito Federal, Francisco Pereira Passos. Já o período entre as décadas de 1920 e 1930 caracterizou-se, acima de tudo, por experimentações em prol de novas arquiteturas, sendo considerado por muitos como um período de „balbúrdia arquitetônica‟. As buscas por um estilo que representasse a nação, ou ainda, as tentativas de ineditismo arquitetônico, divergiam em ideologia e composição formal, mas explicitavam um anseio em comum: a eminência de se estabelecerem novos rumos para a concepção arquitetônica no país. Foi neste cenário que se formaram dois importantes arquitetos brasileiros do século XX: Archimedes Memória e Lucio Costa. Ambos, matriculados na Escola Nacional de Belas Artes, tiveram sua formação baseada no método de ensino das escolas de Belas Artes da Europa, adotando, entretanto, posturas diversas após formados. O argumento desencadeador desta tese é o confronto entre as duas correntes empregadas no fazer arquitetônico da primeira metade do século XX: a „tradicional‟, de Archimedes Memória, ligada ao ensino Beaux-Arts, e a „funcionalista‟, de Lucio Costa, ditada pelo Movimento Moderno, culminando na completa suplantação da primeira pela segunda. Archimedes e Lucio, ao adotarem, a partir de certo período, posturas diametralmente opostas em seus textos e projetos, permitem reconstruir as discussões que moldaram o fazer arquitetônico brasileiro do período. Esta tese se propõe também a discutir o papel do estilo na arquitetura, ressaltando estas duas vertentes de modernidade exemplificadas nos projetos destes profissionais, em uma discussão estética, cultural e projetual. A análise, feita a partir da catalogação de todo o acervo documental inédito de Archimedes Memória, doado por sua família ao Núcleo de Pesquisa e Documentação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pretende ressignificar e redimensionar a atuação deste profissional, do ensino ao fazer projetual, elencando seus projetos de norte a sul do país. Pretende-se também estimular a revisão da historiografia da arquitetura brasileira, possibilitando novas pesquisas e reflexões em prol da revalorização da arquitetura eclética, e do ensino Beaux-Arts, responsável pela formação de toda uma primeira geração de arquitetos que anos mais tarde encabeçariam o Movimento Moderno brasileiro.

Florbela Espanca, Diário. Alternativas modernistas

Revista de estudos literários, 2020

A hipótese que coloco é que Florbela Espanca deve ser lida, hoje, de uma forma diferente da que a sua contemporaneidade o fez. O exacerbado sentimentalismo provém de uma identidade tão insegura e múltipla como a que os primeiros modernistas, sobretudo Sá-Carneiro, a entenderam. Assim, "ser mulher" é também uma máscara equivalente às de todos os outros modernistas, e o seu suicídio apenas um ponto culminante desta situação. A leitura do Diário (póstumo) do seu último ano de vida argumenta precisamente a interpretação de "alternativas modernistas" que em Florbela Espanca, como em outros autores, se manifestam.

VANGUARDAS E ESGOTAMENTO: AS TENSÕES DO MODERNO EM DOIS ARTISTAS

Este artigo propõe realizar uma leitura de dois artistas considerados modernos: o uruguaio Joaquín Torres-García e o português Amadeo de Souza-Cardoso. O ponto de partida desta reflexão é o verbete "Informe" de Georges Bataille, publicado no ano de 1929 no Dicionário crítico da revista Documents (1929)(1930)(1931). Trazemos para a discussão a leitura realizada por Rosalind Krauss e Yve-Alain Bois, por ocasião da exposição L'informe. Mode d'emploi, em que o verbete batailleano é transformado em operação de caráter performativo. Partindo desses teóricos, pretende-se investigar os possíveis desdobramentos de alguns conceitos caros à modernidade, que circulam em torno do esgotamento das vanguardas e se elaboram em processo simultâneo aos próprios movimentos. Além dos trabalhos de Krauss e Bois, alguns textos críticos a respeito de outras obras de Bataille e também sobre a teoria da modernidade servem de referência, ao longo desse ensaio, para contrapor e apresentar as singularidades de duas produções artísticas. Palavras-chave: Modernismo. Esgotamento. Joaquín Torres-García. Amadeo de Souza-Cardoso. Vanguardas.

Sob a Frágil Luz Do Anjo: Entre a Tradição Ea Modernidade

dialnet.unirioja.es

Resumo É bastante conhecida a importância da escrita de Franz Kafka nos pensamentos de Walter Benjamin e Gershom Scholem, que por muitas razões em sua juventude eram fascinados pelo enigmático trabalho de Kafka. Mais tarde, esse fascínio mudou e o interesse de ambos tornou-se o centro de seu próprio trabalho e filosofia. Em sua obra, Kafka expressa toda a ambivalência e o estranhamento da relação entre a modernidade da experiência e a tradição judaica, que é a lareira de toda a filosofia judaica, ainda que os temas abordados neste campo sejam diversificados: história, línguas, política e alegoria. Neste caso em particular, a parte mais importante é a relação entre o pensamento de Walter Benjamin e a escrita (e pensamento) de Franz Kafka. Dois anjos e duas diferentes visões de catástrofe. O primeiro questionamento é: Qual o significado de tradição para Benjamin e Kafka? O segundo questionamento é um paradoxo: Seria possível procurar da mesma forma pelo passado e pela tradição sob a "frágil luz do anjo"? Palavras-chave: Benjamin, Kafka, Tradição judaica, Modernidade, Alegoria. Abstract Under the weak light of the angel -between tradition an modernity To Walter Benjamin's and Gershom Scholem's thought, the importance of Franz Kafka's writing is much known. By the time of their youth, they were for many reasons very fascinated by Kafka's enigmatic work. Later, that fascination changed, and the interest from both of them became the main part of their own work and philosophy. In his work, Kafka expresses all the ambivalence and strangeness of the modernity of the experience and the Jewish tradition relation. Furthermore, he states that this is the hearth of all the Jewish philosophy, even if the themes covering this field are diversified: History, Language, Politics and Allegory. Particularly in our case, the most important part is the relation between Walter Benjamin's thought and Kafka's writing (and thinking). Kafka and Benjamin: Two angels and two different visions of catastrophe. The first question is: What is the meaning of tradition for Benjamin and Kafka? The second question is a paradox: Is it possible, in the same way, to look for the past and for the tradition, under the "weak light of the angel"? Sob a frágil luz do anjo -entre a tradição e a modernidade "Nur um der Hoffnungslosen willen ist uns die Hoffnung gegeben" WALTER BENJAMIN, Goethes Wahlverwandschaften", G.S. 1,1, p. 201 Um mesmo canto atravessa os textos de Scholem, Benjamin e Kafka. Também em Kafka, "refém" da visão catastrófica e alegórica do mundo e da história, aparece a visão de um anjo -uma imagem profundamente onírica que o autor descreve no seu diário, com a data de 25 de Junho de 1914. Apresentada sob a forma de uma história contada na primeira pessoa, talvez seja o esboço de uma história que ele nunca chegou a publicar. Kafka descreve um quarto onde o seu locatário tinha andado às voltas, durante todo o dia, sob o signo da inquietação e do tédio. Por entre as cores, que se metamorfoseavam e onde as formas inquietamente se moviam, prepara-se a epifania:

Representações da modernidade em A Falência, Cruel Amor e A Isca, de Júlia Lopes De Almeida

2017

O presente trabalho tem por objetivo estudar aspectos da modernidade em quatro textos da autora carioca Julia Lopes de Almeida (1862-1934): os romances A falencia (1901) e Cruel amor (1908/1911) e as novelas A isca e O dedo do velho , pertencentes a obra A isca (1923). Tal analise e conduzida na perspectiva do entrecruzamento entre historia e literatura, debrucando-se, majoritariamente, sobre a presenca do cinema e do automovel nos aludidos trabalhos, bem como sobre os fatores historicos que ensejaram as reformas urbanas na capital federal brasileira do inicio do seculo XX.