A arqueologia urbana em Chaves: as termas romanas de Aquae Flaviae (original) (raw)
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As Termas Medicinais Romanas de Chaves
Revista Aquae Flaviae nº 54, 13-42, 2017
Os Romanos exploraram quase todas as nascentes medicinais conhecidas hoje em dia na península Ibérica 1. Infelizmente, a maioria destes estabelecimentos foram destruídos ou grandemente danificados durante o renascimento do termalismo europeu, nos séculos XIX e primeira metade do XX da nossa era e, de entre os poucos que escaparam a este destino, só um punhado deles foram objecto de intervenções arqueológicas recentes. Em 2006, na sequência do projecto de construção de um parque de estacionamento subterrâneo no Largo do Arrabalde em Chaves, cujas sondagens arqueológicas prévias haviam detectado a presença de estruturas monumentais de época romana (Silva et al. 2007), deu-se início à escavação arqueológica do Balneário termal romano de Aquae Flaviae, com vista ao seu estudo e valorização.
Chaves e as suas fortificações. Evolução urbana e arquitectónica
O presente livro considera sucessivamente quatro momentos geradores da cidade de Chaves: a Póvoa medieval, a Vila renascentista, a Praça de Guerra barroca, e finalmente a Cidade Moderna. A póvoa medieval, que surge no âmbito das reorganizações do território e do povoamento que a Monarquia Portuguesa empreende sobre os espaços das periferias do NE., tem a sua lógica continuidade na Vila renascentista em que é visível o esforço das suas elites e protagonistas locais, mau grado o carácter de periferia, fronteira e a distância dos centros ordenadores, em procurar actualizar-se ao sabor de novas tendências e exigências que então percorriam a Europa do Renascimento. À característica de vila de fronteira com objectivos bélicos mas, ao mesmo tempo, controlando importantes relações comerciais com o lado Leonês e Castelhano, acrescenta-se agora o esforço de monumentalização do tecido urbano mas que não deixará de ser marcado pelo deficit de recursos ou de ambições. A construção da Praça de Guerra na época barroca mobilizou importantes recursos e uma nova atenção do Estado Central, sobretudo no período correspondente à 2ª metade do século XVII e os inícios do século seguinte. Até ao desastre militar de 1762 parece situar-se o auge deste modelo urbano em Chaves. Depois, aquele momento difícil, também comum a muitos outros dos núcleos urbanos de Trás-os-Montes, inaugurou a morte lenta da praça de guerra. Mas a vila e as suas elites foram capazes de reagir a uma conjuntura desfavorável e relançar uma nova dinâmica de transformação e crescimento em Chaves que se reflectiu num original período de renovação urbana entre os fins do século XVIII e as três primeiras décadas do XIX, antecipando o que teria o seu pleno desenvolvimento no decorrer da 2ª metade do século XIX. Analisaram-se em seguida as dificuldades do crescimento urbano que é geral ao longo de Oitocentos. Observou-se o fim da Praça de Guerra, a actualização da presença militar com novos projectos e realizações bem como a reabilitação das estruturas de fortificação em desuso com novos significados e utilizações. Situamo-nos então em pleno processo de criação da Cidade Moderna, identificando-se dois planos sucessivos ainda no interior das lógicas dos Planos de Melhoramentos Urbanos, o primeiro desenvolvendo-se ao longo das últimas décadas do século XIX e o segundo estruturando uma outra lógica para a cidade a partir da instauração do poder republicano e o fim da 1ª Guerra Mundial. A elaboração do Ante Plano de Urbanização nas décadas de 1940 e 1950 procura uma actualização do espaço urbano e respostas aos desafios de uma expansão urbana que se vê chegar mas que marcará passo depois com a crescente emigração para fora de Portugal. Porém, as últimas décadas do século XX trarão consigo uma explosão urbana e edificadora que os planos de urbanização da década de 1950 não terão capacidade de ordenar. Já nos nossos dias assistimos a uma nova atenção aos problemas urbanos e do crescimento que procura a criação de instrumentos eficazes de planeamento e controle cujo corolário é o Projecto Polis para o qual o presente trabalho de investigação histórica e arqueológica visou contribuir.
As pinturas murais romanas da Rua General Sousa Machado, n.º 51, Chaves
2020
In the archaeological diagnosis carried out in the pre-construction phase, at Rua General Sousa Machado, 51, in Chaves, as part of a work related to the rehabilitation of a property, the archeology team identified Roman structures belonging to a residential building. In two of the walls belonging to the referenced building, were detected two freshly painted panels (mural paintings). A plan for the conservation and restoration of the paintings was carried out to allow their preservation. The mural contexts under analysis were totally unknown in the current territory of Trás-os-Montes
Among the collection of the Municipal Museum of Vila Franca de Xira, there are several collections of archaeological nature of different periods, whose common driver is its collection in an aquatic environment on the river bed. Following the discovery of a new Roman piece and its entry into the Museum's reserves, it was decided that this would be an excellent opportunity to bring to the public a set of amphorae with the same provenance and history that where discovered since the study of Joseph Carlos Quaresma of 2005, as well as a set of fine ceramics, two lamps, five mortars and three pieces in common pottery that have long awaited study opportunity, in the Vila Franca de Xira Museum collection.
Terra Sigillata hispânica tardia dos níveis selados das termas medicinais romanas de Chaves
AS PRODUÇÕES CERÂMICAS DE IMITAÇÃO NA HISPANIA, ed. R. MORAIS, A. FERNÁNDEZ e M. J. SOUSA, 2014
Neste trabalho pretendemos dar a conhecer os novos dados sobre a TSHT proveniente das unidades estratigráficas seladas das termas medicinais romanas de Chaves (Aquae Flaviae), O estudo apresentado faz parte do projecto de estudo e valorização do património arqueológico do largo do Arrabalde, que inclui outros estudos parcelares. Todos os materiais aqui apresentados provêm de unidades estratigráficas seladas e as cronologias são corroboradas pelas dos restantes materiais, em fase de estudo e publicação. Pretende-se contribuir para a afinação cronológica da produção e difusão de TSHT, bem como datar os contextos de onde o espólio é proveniente, contribuindo assim também para o estudo da evolução urbanística da cidade, e para um conhecimento mais aprofundado da economia e comércio da cidade de Aquae Flaviae durante o Baixo Império.