Uma investigação sobre os sintagmas nominais nus e a distinção contável-massivo no Português Brasileiro An investigation about bare nominal phrases and the mass-count distinction in Brazilian Portuguese (original) (raw)
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2019
Orientadora: Profa. Dra. Roberta Pires de OliveiraTese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Letras. Defesa : Curitiba, 29/11/2019Inclui referências: p. 227-234Resumo: A presente tese aborda a semântica da distinção contável-massivo no sintagma nominal sob uma perspectiva experimental e translinguística. Investigamos cinco línguas - selecionadas com base na tipologia de Chierchia (2010): inglês e espanhol (línguas de número marcado); cabo-verdiano e Ye'kwana (Caribe) (línguas de número neutro); e o português brasileiro (língua foco maior do trabalho e para a qual buscamos evidências para entender melhor em que tipo de língua se encaixa) - e cinco tipos de sintagmas nominais - o Singular Nu; sua contraparte pluralizada; nomes flexíveis singulares e plurais; e nomes massivos. Foram realizados três experimentos off-line com foco em estruturas comparativas: Teste de Aceitabilidade; Teste de Interpretabilidade; e Teste d...
SINTAGMAS NOMINAIS NUS: UM EXPERIMENTO SOBRE A DISTINÇÃO CONTÁVEL-MASSIVO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO
In this dissertation, we investigate the bare noun phrases in Brazilian Portuguese, including the bare singular, the bare plural and the so-called "flexible nouns" and "fake mass nouns", regarding the count-mass aspects of these terms in comparative structures. We performed, therefore, beyond theoretical discussion, a psycholinguistic experiment in order to test our hypotheses, namely: (i) the bare singular in Brazilian Portuguese (BP) allow non-cardinal interpretations in comparative judgments and under the scope of mass quantification, as pointed out by Pires de Oliveira and Rothstein (2011). (ii) The so-called "fake mass nouns" and "nouns flexible" also admit mass interpretation in comparative contexts. (iii) The bare plural in BP in comparative contexts only allows cardinal readings. The results led us to the following conclusions: the hypothesis of neutrality for number does not hold. The results for the bare singular are best explained by adopting the proposal for Pires de Oliveira and Rothstein (2011). There is no reason to postulate the existence of "flexible nouns" in BP. The bare plural implies individuation and so can only be compared via cardinal scale.
RESUMO: Este artigo defende que a distinção massivo-contável entre os substantivos e sintagmas nominais de uma língua não é apenas uma distinção linguística arbitrária, mas corresponde a uma distinção cognitiva entre denotações que incluem entidades cuja atom icidade é determinada em cada contexto – os nomes contáveis – e entidades cuja atomicidade é vaga em um mesmo contexto. O artigo se apoia em dados do hebraico e do karitiana, língua Tupi. Introdução A visão ingênua da distinção linguística entre sintagmas massivos e contáveis tem sido de que ela refl ete uma distinção cognitiva entre matéria homogênea, que não possui unidades para serem contadas, e matéria descon-tínua, que possui unidades atômicas e que por isso pode ser contada. Essa visão tem sido frequentemente questionada na literatura, mais recentemente quando Gillon (1992) e Chierchia (1998) apontaram para o fato de que há nomes massivos que denotam entidades descontínuas – tais como bijuteria, vestuário, mobília, correspondência. Por exemplo, uma blusa é uma unida-de atômica de vestuário, apesar de que uma blusa não é vestuário. Por isso vestuário não pode ser considerado um item que possui uma denotação ho-mogênea. É, no entanto, um nome massivo. Por outro lado, Rothstein (2010) discute o fato, identifi cado primeiramente por Mittwoch (1988), de que há no-mes contáveis que denotam entidades homogêneas – tais como cerca, linha,
Análise contrastiva da estrutura do sintagma nominal possessivizado no português brasileiro
Matraga, 2021
Neste trabalho, comparamos resultados de três conjuntos de dados sobre a estrutura de sintagmas nominais possessivizados no português brasileiro falado, com especial atenção para os possessivos antepostos a nomes, como em sua casa, e possessivos pospostos a nomes, como em uma casa sua, de modo a observar se é possível apresentar uma generalização para o comportamento dessa estrutura na língua. Usamos como base para a comparação as descrições feitas por Neves (1993) e Franchi (1996), que trabalham com dados de fala do NURC, e dados de fala do banco Falares Sergipanos. Como método, adotamos o descritivo/infe-rencial, de modo a observar a distribuição e a associação entre os dados. Os testes de associação apontam que, em ambos os tipos de possessivos, há mais diferenças entre as três amostras e seus resultados do que semelhanças, o que não nos permite desenvolver uma generalização do comportamento desses SN para o português.
Ana Müller (USP/CNPq) anamuler@usp.br; www.fflch.usp.br/dl/anamuller 0. Introdução O objetivo deste artigo é investigar a expressão de número e da distinção contável-massivo no sistema nominal das línguas naturais. Em particular, será avaliado o comportamento do nominal nu no Português Brasileiro (PB) com relação às expressões da distinção de número e da distinção contável-massivo. Para tanto, procuraremos responder às seguintes questões: (i) Quais são as denotações possíveis para os nomes comuns (NCs) nas línguas naturais? (ii) Qual seria o papel semântico da morfologia de número e dos classificadores? (ii) O que é ser um nome massivo ou contável? O artigo defende a hipótese de que a denotação dos NCs contáveis não é necessariamente singular como tradicionalmente assumido, mas pode ser neutra em relação à expressão de número. 1 Defendemos também que há uma diferença entre denotações neutras e denotações massivas. Por outro lado, como a denotação de um nome contável não é necessariamente singular, a morfologia de número não poderá mais ser considerada como uma operação que transforma singularidades em pluralidades.
m Chierchia ( 1998) temos uma visão de como as categorias do nome comum (N) e do sintagma nominal (SN) são mapeadas a suas denotações em diferentes línguas. Para o autor, a denotação de um N ou de um SN pode variar de língua para língua. Em alguns casos ela pode ser argumentai e denotar diretamente uma entidade (tipo e). Em outros casos, ela pode ser predicativa e denotar uma propriedade (tipo <e,t>). Esta visão opõe-se à visão tradicionalmente assumida de que Ns e SNs são sempre predicados e que apenas Sintagmas de Determinante (SDs) podem ser argumentos como tem sido apresentado na literatura (cf. Stowell, 1989; Longobardi, 1994). * Este trabalho foi apresentado no II Workhop A Semântica do Português Brasileiro. Agradeço à audiência pelos comentários. Em particular, agradeço a Barbara Partee pela discussão cuidadosa de uma primeira versão deste trabalho.
Especificidade dos modificadores do núcleo do sintagma nominal em português e em búlgaro
Studia Romanica et Anglica Zagrabiensia
Este trabalho apresenta os resultados de um estudo contrastivo de certas estruturas morfossintáticas que realizam o modificador do sintagma nominal em português e em búlgaro. Tal tópico insere a pesquisa na abordagem comparada entre dois tipos linguísticos: o românico e o eslavo. Para além de se sugerir uma sucinta panorâmica da tipologia dos modificadores em ambas as línguas, define-se a nomenclatura das estruturas morfossintáticas em questão e a análise focaliza-se nos instrumentos específicos que não têm correspondência formal nas duas línguas. Um dos recursos específicos do português é o uso de infinitivo introduzido por preposição (um almoço de lamber os dedos) que em búlgaro aparece introduzido por conjunção da mais a forma conjugada (finita) do verbo (един обяд да си оближеш пръстите), posto que em diacronia os verbos na língua búlgara perderam a forma infinitiva. A estrutura conhecida na linguística búlgara como da-construção é igualmente capaz de introduzir orações relativa...
Nominais nus no francês: um estudo comparativo com o português brasileiro
2017
O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise dos nominais nus do francês em perspectiva comparativa com o português brasileiro. Destaca-se que o francês apresenta o artigo partitivo, além dos artigos determinado e indeterminado do português brasileiro. Por um lado, os artigos partitivos são justamente utilizados em expressões que não apresentam quantidades específicas, situações nas quais não há nenhum artigo no português brasileiro: je veux du pain " eu quero pão ". Por outro lado, sentenças em francês sem nenhum artigo são agramaticais: *je veux pain. Ainda foram analisadas outras situações contrastivas particulares do francês em relação ao português brasileiro, como a utilização de artigos antes de nomes próprios: *le Jean est mon ami " o João é meu amigo " e a utilização de artigos neutros no francês: des fleurs sont jolies " flores são bonitas ". Enfim, a presente análise sugere que o artigo partitivo do francês funciona como uma marca objetiva dos nominais nus.
SINTAGMAS NOMINAIS CONTÁVEIS E NÃO-CONTÁVEIS NO ALEMÃO E NO PORTUGUÊS BRASILEIRO
Estudos lingüísticos contrastivos em alemão e português, 2008
O presente trabalho discute a classificação dos substantivos e/ou sintagmas nominais em contáveis e não-contáveis no alemão e no português do Brasil. Propomos um modelo de estrutura, válido para ambas as línguas, em que a contabilidade é construída composicionalmente em nível do sintagma nominal, mediante três traços sintático-semânticos: [±individuado], [±incrementado] e [±delimitado]. O valor do primeiro traço é fixado pelo quantificador, o do segundo, pelo número e o do terceiro, pelo substantivo. Na língua alemã, os três traços contribuem para a constituição da contabilidade, sendo o terceiro o traço menos importante. No português brasileiro apenas os dois primeiros mostram-se produtivos, enquanto o terceiro é irrelevante. Isso corresponde a dizer que não se distinguem substantivos contáveis e não-contáveis no léxico do português brasileiro. Para ambos os idiomas, as propostas são ilustradas com exemplos autênticos de uso.