A METAFÍSICA DO TEMPO OCULTA ATRÁS DA GARE SAINT-LAZARE (original) (raw)

OS DUALISMOS DE DESCARTES E LEIBNIZ REVISTOS EM METAFÍSICA CONTEMPORÂNEA

INCONΦIDENTIA: Revista Eletrônica de Filosofia, 2024

Resumo: Este trabalho é centrado em mostrar parte da propagação da Metafísica Contemporânea feita por Peter van Inwagen. Demonstraremos alguns argumentos do autor e suas respectivas análises sobre a validação do argumento dualista, dentre eles a comparação entre dois importantes e diferentes dualismos, especialmente o de Descartes e Leibniz. Van Inwagen aponta problemas nos dois argumentos. Por fim esclarece-nos muito sobre o problema da representação de fenómenos mentais versus representações físicas, o que explica um importante aspecto que contribui para o surgimento do problema mente-corpo.

TORRES GARCÍA E A METAFÍSICA AMERÍNDIA

Viagens da Arte: territórios, desterritórios e outras histórias (UFPEL), 2021

O presente artigo tem como objetivo discutir a presença da cultura ameríndia no Universalismo Construtivo de Joaquín Torres García. Nascido em Montevidéu, o artista viveu 43 anos em diferentes cidades da Europa e teve uma curta passagem pelos Estados Unidos. Numa série de deslocamentos físicos e temporais, travou um diálogo bastante particular com diversas vertentes da arte moderna vindo, por fim, a desenvolver e propagar o que chamou de Universalismo Construtivo. Nossa abordagem se dará principalmente na formulação do seu projeto construtivista, no final dos anos 1920, até o momento que Torres García retorna ao Uruguai. Serão discutidos dois pontos os quais acredita-se ser essencial para compreender a relação do artista com a arte pré-hispânica: seu pensamento de base platônico e sua visão dos povos "primitivos". Acredita-se que apesar de seu projeto de Universalismo ter mudado não apenas o rumo da sua arte, mas criado uma nova consciência de identidade artísticocultural, há uma série de questões que por vezes são mal compreendidas. Como produzir uma arte que seja ao mesmo tempo universal, mas desligada da Europa? Como se inspirar na cultura ameríndia evitando à mimese? Tais questões estão relacionadas ao pensamento platônico, mítico, filosófico, o qual será abordado ao longo do texto.

OS ASSENTAMENTOS FANTASMAS E A METAFÍSICA DA REFORMA AGRÁRIA: ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE O INCRA NO OESTE PARAENSE, A EXTRAÇÃO ILEGAL DE MADEIRA E OS NÚMEROS DO II PNRA - MAURÍCIO TORRES

Geographia, 2016

Logo no início de 2007, terminado o primeiro mandato do presidente Lula, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) apresenta vultosos números de famílias assentadas pela Superintendência do Incra n° 30, no oeste paraense. Em pouco tempo, esses dados são desmascarados e questionados judicialmente, descortinando-se como, além da inflação de números para efeito de se anunciar o cumprimento do II Plano Nacional da Reforma Agrária, a criação de assentamentos foi pautada não pela demanda de famílias camponesas sem terra, mas pelo interesse criminoso do agronegócio da madeira. Tudo se passa em meio ao caos fundiário do oeste do Pará, em que a destinação de terras públicas ganha a alcunha de reforma agrária.

Guaraná, a máquina do tempo dos Sateré-Mawé

Resumo: Mais que um produto agrícola, o guaraná é o passado, o presente e o futuro do povo junto ao qual foi encontrado pelos missionários jesuítas que fizeram o primeiro registro histórico de sua ocorrência na região interfluvial Madeira-Tapajós, na segunda metade do século XVII. Constitui, desde então, o marcador étnico por excelência do povo Sateré-Mawé. Além de estar no centro das explicações sobre a sua origem e organização social, o guaraná fez dos Sateré-Mawé o primeiro povo indígena brasileiro na história com um produto próprio, transformado e sistematicamente comercializado, em tempos coloniais e do Império. No Brasil republicano, da virada do milênio, é um dos primeiros que aparece associado aos conceitos e práticas mais avançados na perspectiva dos paradigmas pós-modernos da sustentabilidade, da produção orgânica certificada, do comércio justo e solidário e do desenvolvimento ecossustentável. E o faz sempre investido de uma notável potência de agregação social: originalmente, no seio de uma sociedade tradicionalmente segmentada e, na contemporaneidade, ocupando papel destacado em movimentos colaborativos interinstitucionais nacionais e internacionais. Para os Sateré-Mawé, o seu Waraná nativo é memória e promessa de navegação segura ao longo do tempo. Este artigo se propõe apresentar e discutir como isso vem sendo possível.

A MÍSTICA ESPECULATIVA A PARTIR DA METÁFORA DO OLHAR EM DE VISIONE DEI DE NICOLAU DE CUSA (1401-1464) [SPECULATIVE MYSTIC BASED ON THE METAPHOR OF GAZE IN DE VISIONE DEI BY NICHOLAS OF CUSA (1401-1464

Trilhas Filosóficas (V. 13, N. 1, Dossiê Filosofia e Mística), 2020

Abstract: This article explains the mystical-speculative experience that Nicholas of Cusa (1401-1464) proposes to the monks of Tegernsee to lead them to "sacred obscurity" or "mystical theology". The author was motivated by the prominent discussion from fifteenth century, about whether one should understand the contemplative view in a merely affective or intellectual way. This debate involved two major thinkers from both perspectives, Vicente de Aggsbach and Gerson, respectively. After an exchange of letters, Nicholas of Cusa sent to the Benedictine monks the De visione dei (1453) and a painting that represents "the figure of an omnivoyant" that he called "Icon of God". Thus, from the experience of looking at a painting, whose technique brings the peculiarity of the painted look accompany the one who looks at it, Nicholas leads them to speculating about the experience of the gaze of God that does not abandon and accompanies each and every one. Therefore, the path proposed in De visione dei is a true “guiding by hand” (Manuductio) so that monks, according to their abilities, reach the mystical experience: from the finite look of the painting to the infinite gaze that is the very God’s gaze. Therefore, the article, within the scope of the philosophy of Nicholas of Cusa, shows the reflexive path that starts from the experience of finitude until the highest and deepest speculation that man can make: contemplating the divine.

FAZ SENTIDO UM PARALELO ENTRE NIETZSCHE E A METAFÍSICA?

Lampejo, 2021

The vastness of issues and the penetrating manner of writing with which Nietzsche expresses his thoughts contributes to the fact that he is studied in many fields of investigation, so that is not trivial that his thought is utilized in literature, aesthetics, psychoanalysis, anthropology, theology, sciences of religion and so on. When we talk about certain subjects in the history of philosophy, such as epistemology and, above all, metaphysics, usually Nietzsche is mentioned only by his criticism to both. That is to say, he is considered as an anti-metaphysician. From the point of view of the philosophical history is recurrent and fruitful the interface between the aforementioned philosopher and the hermeneutics and existentialism. Thus, strictly speaking is at the minimum unusual to make reference to Nietzsche, in a positive meaning, as one of the metaphysical exponents. Actually, prima facie it would be absurd to assert that in his philosophy there is a project or even a pretension of metaphysical order. Nonetheless, following the Müller (1997), Mota (2009) and Oliveira (2014) train of thought concerning the hypothesis that there is a kind of metaphysics behind the Nietzschean concept of Will to power, I aim to reflect about the viability of making parallels between the Nietzschean philosophical understanding - in majority express by means of Will to power - and a reflection of metaphysical order, taking as reference the book Beyond Good and Evil, in the chapter on “The Free Spirit”, specifically his aphorism 36§. To achieve this goal, it is necessary to define what it means to say that a certain kind of thinking is metaphysical, what type of metaphysics is criticized by Nietzsche and what parallels is possible to do between his thought and that of metaphysics, whether this is the case in what terms such relation makes sense

CLARICE LISPECTOR EM TEMPOS PALIMPSÉSTICOS: UM ESTUDO PRELIMINAR ACERCA DA “METAFÍSICA DA ALTERIDADE”

Cadernos de Língua e Literatura Hebraica, 2024

O objetivo do presente ensaio é refletir sobre viagens e rastros da cultura judaica na criação literária de Clarice Lispector, na ansiedade em alargar a compreensão crítica sobre a autora. Para tanto, vamos, de forma preliminar e ligeira, recordar aspectos do judaísmo, levantados pela crítica biográfica e literária pertinente, que marcaram a trajetória de vida de Clarice, e de como esses aspectos, direta ou indiretamente, reaparecem na sua escrita literária. Em seguida, vamos tentar observar os fenômenos entre a opacidade da cultura judaica e literatura em Clarice como um modo de multiplicidade temporal que permite situar a criação literária da autora em linha com a experiência filosófica de autores reconhecidos e marcados pela diáspora judaica do século XX. Nossa hipótese consiste na ideia de que, através da experiência do exílio, Clarice consegue plasmar uma literatura que abarca “tempos palimpsésticos” de culturas e de mentalidades pluriversais.

ESPAÇO-TEMPO: UMA MUTILAÇÃO DA REALIDADE

RESUMO Pretendemos, neste comunicado, mostrar que o pensamento humano é dimensional e contempla conteúdos que se manifestam com amplitudes existenciais dimensionalmente determinadas; mostrar que a realidade conhecida pode ser recepcionada integralmente, por um modelo pentadimensional; demonstrar que o modelo espaço-tempo de Einstein, tomado como localidade do universo, mutila a realidade; e, finalmente, evidenciar as consequências da submissão da Academia à perspectiva espaço-temporal da ciência. Finalizamos com o desafio à Academia para superar essa situação, retomando o propósito formativo superior de facultar aos educandos um modo de pensar competente, metódico e consequente. Palavras-chave: Localidade física. Localidade metafísica. Teoria do conhecimento. Crise da civilização. Formação humana. ESPAÇO-TEMPO: UMA MUTILAÇÃO DA REALIDADE Não se trata de aniquilar a ciência, mas de dominá-la. Nietzsche INTRODUÇÃO A inteligência e o livre arbítrio são os dois grandes privilégios concedidos pela natureza à espécie humana. Um empreendimento, simultaneamente ambicioso e de alto risco, tendo em vista ser a inteligência meramente potencial e demandar desenvolvimento no curso da vida, para ensejar capacidade de discernimento superior, compatível com a prerrogativa do livre arbítrio. De um lado, um potencial criativo virtualmente ilimitado e, de outro, a marca indelével da tragédia humana, caso a evolução do discernimento não acompanhe o curso da história: um ignorante provido de livre arbítrio e de tecnologia representa perigo para todos. O curioso é que a estagnação não decorre de algum obstáculo interposto pela natureza, mas do simples apego dos homens a conceitos superados que já não se aplicam bem a novas circunstâncias e que subsistem, em boa parte, por comodismo intelectual. Entre tais casos, inscreve-se o conceito de localidade – espaço-temporal – adotado pela Física e pela ciência em geral, a partir de Einstein, no início do século XX. Os problemas mais graves nem decorrem exatamente dessa opção da ciência em limitar o seu objeto àquilo que se manifesta presente no espaço e no tempo, isto é, à trilogia matéria, espaço e tempo. Os problemas mais graves derivam da extensão do conceito de localidade científica à localidade do universo, à sua aplicação como localidade da existência, pois isso reduz o universo ao contido no espaço e no tempo. A ciência pode dedicar-se a estudar um fenômeno particular qualquer, mas o homem precisa entender o mundo todo para poder navegar na vida, com um mínimo de 1 Rubi Rodrigues é economista, pesquisador em Metafísica, escritor, membro da Academia Maçônica de Letras do Distrito Federal e da Sociedade Brasileira de Platonistas e mentor da Academia Platônica de Brasília.

O tempo e a vida em Gaston Bachelard

2017

O objetivo da presente dissertacao e mostrar como Bachelard edifica a nocao de vida em sua filosofia por meio de uma reflexao sobre o problema filosofico do tempo e das nocoes de instante e duracao. Ao refletirmos sobre o instante descontinuo associando-o a outros conceitos que perpassam seus escritos, tanto epistemologicos, quanto poeticos, estabeleceremos de que maneira o pressuposto teorico de complementariedade entre as duas vertentes de seu pensamento e alcancado. Destacaremos tambem que em sua metafisica o ser do homem busca sua referencia autosincronica por meio da experiencia descontinua do instante verdadeiramente dinâmico, onde o tempo nao corre, jorra. O livro A intuicao do instante (1932), obra dedicada a esta reflexao metafisica sobre o tempo conflui, quatro anos mais tarde, para A dialetica da duracao (1936), obra que, por sua vez, define o conceito de duracao a partir das varias temporalidades superpostas constitutivas da propria existencia, ambas apresentam os fundam...

OS ASSENTAMENTOS FANTASMAS E A METAFÍSICA DA REFORMA AGRÁRIA: ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE O INCRA NO OESTE PARAENSE, A EXTRAÇÃO ILEGAL DE MADEIRA E OS NÚMEROS DO II PNRA

Resumo: Logo no início de 2007, terminado o primeiro mandato do presidente Lula, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) apresenta vultosos números de famílias assentadas pela Superintendência do Incra n° 30, no oeste paraense. Em pouco tempo, esses dados são desmascarados e questionados judicialmente, descortinando-se como, além da inflação de números para efeito de se anunciar o cumprimento do II Plano Nacional da Reforma Agrária, a criação de assentamentos foi pautada não pela demanda de famílias camponesas sem terra, mas pelo interesse criminoso do agronegócio da madeira. Tudo se passa em meio ao caos fundiário do oeste do Pará, em que a destinação de terras públicas ganha a alcunha de reforma agrária. Abstract: At the beginning of 2007, after the end of President Lula " s first administration, the Agrarian Reform Ministry (MDA) published a long list of the number of families settled by the Incra