Rumores da escrita: por um endereçamento não metafísico ao gesto escritural escolar (original) (raw)

Pretende-se, neste artigo, interrogar os modos de efetuação da escrita escolar, confrontando os protocolos vigentes a ela relacionados com algumas noções críticas ofertadas pelos estudos foucaultianos, de modo a infligir fissuras àqueles, abrindo, quiçá, outras possibilidades de posicionamento ético-político perante a questão. Para tanto, na primeira metade do texto, analisa-se brevemente um diálogo de Platão, Protágoras, com a intenção de dele extrair o embate diuturno entre forças centrífugas e centrípetas operando nos trabalhos da escrita, para, em seguida, passar ao cotejo da apropriação do filósofo grego realizada por Michel Foucault no curso O governo de si e dos outros. Na outra metade do texto, forjam-se algumas investidas analíticas sobre o tema, de acordo com três crivos que marcam o ensino contemporâneo de escrita: 1) as relações entre a oralidade e a escrita; 2) as condições reais e materiais de publicação; e 3) o trânsito por gêneros textuais virtuais. Assim, operam-se alguns deslocamentos analíticos: de uma série de investigações debruçadas exclusivamente sobre o gesto escritural na realidade escolar para outras, fabulatórias; de pesquisas ocupadas com soluções em intervenções na realidade para outras, voltadas às problematizações; de uma voz estridente, bradando encaminhamentos, para murmúrios cada vez mais ermos, com sorte também férteis. Palavras-chave: escrita escolar, educação contemporânea, Michel Foucault