A Noção de Existência em Frege (original) (raw)

A tese de Frege sobre a Existência apresenta nítidas afinidades com a de Kant. No entanto, Frege não considera apenas a noção de existência como um predicado de predicados, mas reconhece um outro sentido que é requerido pela própria ontologia pressuposta na semântica de Frege. A ideia de que não só são reais os objectos, mas também os conceitos, funções e pensamentos, leva Frege a pensar numa esfera do objectivo, real, além do âmbito daquilo que é efectivamente. O primeiro sentido de existência, como predicado de 2º nível, traduzido pelo quantificador existencial não é suficiente para uma semântica da existência que abarque outros modos possíveis de existir. E, apesar de Frege ter rejeitado as modalidades, por não afectarem os conteúdos conceptuais dos juízos, a sua visão do mundo integra diferentes modos de existir: os objectos singulares, os conceitos e funções, os pensamentos, o verdadeiro e o falso. A estes diferentes modos de existir correspondem diferentes modos de os exprimir na linguagem: a existência, o ser, não são termos unívocos, mas tão pouco equívocos ou ambíguos, a sua plurivocidade requer uma semântica que tenha em conta a consideração analógica destes mesmos termos predicativos.