O depoimento como forma: leitura de “Estive em Lisboa e lembrei de você”, de Luiz Ruffato (original) (raw)
Related papers
Romanica Cracoviensia, 2020
Reconsidering the 25 April: "Estive em Lisboa e lembrei de você" by Luiz Ruffato as ethnography of Lisbon’s underground. The aim of this analysis of the novel "Estive em Lisboa e lembrei de você" (2009) by the Brazilian author Luiz Ruffato is to approach the migrant subject as an observer of the precarious reality of the immigrants in the Portuguese capital. The underworld they form is seen as one of the most ambiguous consequences of four decades of democracy in Portugal.
Táticas do cotidiano em Estive em Lisboa e lembrei de você, de Luiz Ruffato
Este artigo analisa a novela Estive em Lisboa e lembrei de você, de autoria de Luiz Ruffato, focando as dinâmicas de poder articuladas na representação do migrante brasileiro e a experiência de deslocamento entendida como política, a partir da figura do protagonista, Sérgio de Souza Sampaio. Mapeando a trajetória deste personagem desde sua cidade natal, Cataguases, até Lisboa, para onde emigra, este estudo dará atenção aos seus trânsitos pelos espaços conhecidos onde nasceu e cresceu e a precariedade de sua experiência como imigrante em Portugal. * Doutora em letras e professora de literatura e cultura
“ENTRE O CHÃO ENCONTRADO E O CHÃO PERDIDO” Estive em Lisboa e lembrei de você, de Luiz Ruffato
Aletria: Revista de Estudos de Literatura, 2012
Nas duas últimas décadas do século 20, a recessão e a crise provocaram um fenômeno de emigração nunca visto no Brasil. <em>Estive em Lisboa e lembrei de você</em>, de Luiz Ruffato, flagra esse momento, explorando os aspectos socioeconômicos e culturais dos processos migratórios e o imaginário que os alimenta. Nosso estudo pretende discutir as modalidades de representação das migrações, examinando questões relacionadas com a alteridadee as mobilidades territoriais e textuais, nesse romance que coloca em cena “o retorno das caravelas” – os novos deslocamentos territoriais do Brasil e da África para Portugal.
Belas Infiéis
A tradução das oralidades ficcionais é um assunto muito produtivo nos Estudos da Tradução, e muitos teóricos já abordaram o uso do registro oral na construção da prosa literária (BUCKLEY, 2000; BERMAN, 2012; VITALI, 2011). Dessa forma, o presente artigo tem o objetivo de analisar as estratégias tradutórias da representação de oralidades e de sotaques na prosa de Luiz Ruffato. Para tanto, escolhemos a tradução francesa de Mathieu Dosse, À Lisbonne j’ai pensé à toi, publicada em 2015 pela Editora Chandeigne, por se tratar de um romance que contém diversos registros do português brasileiro, além das variantes brasileira e portuguesa. Num primeiro momento, apresentamos sumariamente a escrita de Ruffato no cenário da literatura brasileira traduzida e o modo como sua prosa se mostra ao público francês. A seguir, levantamos a literatura crítica que versa sobre o registro oral e a representação dos sotaques no domínio escrito. Buscamos, enfim, dar visibilidade à tarefa do tradutor, consider...
O luto e a história em De mim já nem se lembra, de Luiz Ruffato
Remate de Males, 2017
A partir da apropriação da noção de espectro em Derrida (1994), o presente ensaio propõe uma leitura do romance De mim já nem se lembra, de Luiz Ruffato (2016), cujo discurso dialoga com um evento histórico traumático: a Ditadura Civil Militar. Enquanto entidade espectral – o passado está desde sempre morto, mas mal enterrado. O espectro, desde Hamlet, é um ser disruptivo: é uma força desestabilizadora do presente. Seguindo essa analogia, é possível reconhecer três entidades espectrais no livro de Ruffato: Luizinho, o Ruffato criança; o irmão, José Célio, autor das cartas que o narrador encontra, e a própria história recente do país, marcada pela Ditadura Civil Militar. Esses espectros deixam rastros na obra: isto é, registros involuntários, que podem ser reconhecidos na materialidade do texto. Na primeira parte deste ensaio, há um esboço sobre a noção de espectro. Na segunda parte, apresento a leitura do romance à luz desse conceito. Ao final, há uma tentativa de síntese a partir da relação entre a escrita e a morte – na chave da escritura como uma espécie de túmulo. O luto e a história em De mim já nem se lembra, de Luiz Ruffato. REMATE DE MALES, v. 37, n 1, p. 429-447, 2017.
Um mundo de papel – reflexões sobre o realismo de Luiz Ruffato
ALEA: Estudos Neolatinos - PPGLEN, UFRJ, 2016
Resumo A partir do romance Flores artificiais, de Luiz Ruffato, o ensaio discute uma radica-lização nas demandas do real na literatura brasileira contemporânea, em busca de outro fundamento para um realismo contemporâneo sustentado por falas e escri-tos de personagens que já não são representados literariamente, mas apropriados e incluídos em sua própria materialidade. Tais dispositivos precisam ser entendidos à luz do que Jacques Rancière chamou de "regime ético da imagem", na medida em que procuram expressões que são ontologicamente determinadas pelo real solicitado. Palavras-chave: Flores Artificiais; realismo; regime ético da imagem. Resumen A partir de la novela Flores artificiais, de Luiz Ruffato, este ensayo discute la radicalización que se ha operado en las demandas de lo real en la literatura con-temporánea, en busca de otro funda-mento para un realismo contemporá-neo, sustentado en la recuperación de expresiones y escrituras de personajes que ya no son representados literariamente, sino apropiados e incluidos en su propia materialidad. Tales dispositivos precisan ser entendidos a la luz de lo que Jacques Rancière llamó de "régimen ético de la imagen", en la medida que procuran expresiones que son ontológicamente determinadas por lo real solicitado. Palavras-claves: Flores Artificiais; rea-lismo; régimen ético de la imagen. Abstract From the example of the romance Flores Artificiais, by Luiz Ruffato, this essay will discuss the radicalization of the "demands of the real" in contemporary Brazilian literature in search for another funda-ment for a realism sustained in the discourse and writings of characters not represented by literature but appropriated and included in their own materiality. Such apparatus needs to be understood in light of what Jacques Rancière called The Ethical Regime of Images, insofar they search for expressions determined ontological by the real in question.
Um mundo de papel – reflexões sobre o realismo de Luiz Ruffato
Alea : Estudos Neolatinos, 2016
Resumo A partir do romance Flores artificiais, de Luiz Ruffato, o ensaio discute uma radicalização nas demandas do real na literatura brasileira contemporânea, em busca de outro fundamento para um realismo contemporâneo sustentado por falas e escritos de personagens que já não são representados literariamente, mas apropriados e incluídos em sua própria materialidade. Tais dispositivos precisam ser entendidos à luz do que Jacques Rancière chamou de "regime ético da imagem", na medida em que procuram expressões que são ontologicamente determinadas pelo real solicitado. Palavras-chave: Flores Artificiais; realismo; regime ético da imagem. Resumen A partir de la novela Flores artificiais, de Luiz Ruffato, este ensayo discute la radicalización que se ha operado en las demandas de lo real en la literatura contemporánea, en busca de otro fundamento para un realismo contemporáneo, sustentado en la recuperación de expresiones y escrituras de personajes que ya no son representados literariamente, sino apropiados e incluidos en su propia materialidad. Tales dispositivos precisan ser entendidos a la luz de lo que Jacques Rancière llamó de "régimen ético de la imagen", en la medida que procuran expresiones que son ontológicamente determinadas por lo real solicitado. Palavras-claves: Flores Artificiais; realismo; régimen ético de la imagen.
Letras Escreve, 2018
O presente artigo possui o objetivo de analisar de que forma a situação dos imigrantes é representada na diegese Estive em Lisboa e lembrei de você(2009), de Luiz Ruffato, assim como verificar que identidades lhes são impostas pelas demais personagens. Para isso, embasamos nossa análise literária nos pressupostos teóricos desenvolvidos por Stuart Hall (2003) e Eric Landowski (2013). Através dos resultados obtidos, foi possível verificar as variadas situações de miséria e subdesenvolvimento pelas quais os imigrantes são representados no romance. Além disso, a identidade do imigrante que se dirige a sua antiga metrópole acaba adquirindo um valor e um peso metafórico fortemente negativo devido à depreciação da sua diferença.