Sobrevivendo ao jogo (original) (raw)

A vida como jogo

2023

Uma pergunta simples: a vida é um jogo? A vida é algo que disputamos, em que há vencedores e perdedores? Acredito que não, mas que talvez a vida esteja se tornando um jogo. Ou que talvez ela seja um jogo que eu jogue sem saber. Eis um quebra-cabeça de minhas ideias, agora formando uma imagem maior e mais abrangente que o universo narrativo: o lúdico. O lúdico existe antes do outro, antes da história/escrita, não é exclusivamente humano. Está na base pré-verbal da atividade cognitiva. Os jogos aqui eram ritualizações das narrativas, memória e atualização das crenças arcaicas. Com a escrita e a história, há uma domesticação do brincar pela necessidade de atenção contínua, surgem as regras e os jogos. O lúdico passa a ser mais competitivo e se configura como uma estratégia de poder. Os jogos passam a sublimar conflitos e se tornam jogos de poder. Então se, por um lado, o jogo foi sendo progressivamente domesticado pelo poder e suas narrativas; por outro, o lúdico permaneceu parcialmente selvagem (a incerteza lúdica) e absorveu a estrutura linguística e cultural que o enquadrava. E agora, na pós-história? O lúdico se tornou 'gamificação'? A gamificação das práticas sociais ameaça a democracia como método de decisão coletiva?

Sobrevivendo na Internet

Revista Do Coloquio De Arte E Pesquisa Do Ppga Ufes, 2014

Procuro vida fora do âmbito virtual, mas é quase impossível não ceder aos encantos digitais. Ainda tento redigir meus textos a mão, para me sentir mais vinculada a eles, a mim mesma que vai para o papel. Mas a máquina me chama, não mais como ferramenta que torna meu texto mais alinhado, mas como parte de mim que agora tem uma identidade virtual. Nicholas Carr nos ajuda a entender o que a internet está fazendo com os nossos cérebros. Convido a todos para esta viagem, um tanto sem destino, mas importante para nossa (sobre)vivência na atualidade. Palavras-chave: Internet, Identidade, Plasticidade cerebral, Comunicação I'm looking for life outside the virtual context, but it is almost impossible not to give in to digital delights. I still try to handwrite texts, to feel more connected to them, to myself on the paper. But the machine calls me, not as a tool that makes more aligned my text, but as a part of me that now has a virtual identity. Nicholas Carr help us understand what the Internet is doing to our brains. I invite everyone to this trip, somewhat with no destination, but important for our survival nowadays.

Sobrevivência de tecnologias em jogos evolucionários

Nova Economia, 2013

Empregando a teoria dos jogos evolucionarios, o artigo apresenta um modelo em que tecnologias, com as quais se produzem bens substitutos proximos entre si, competem pela fracao de mercado. Estas tecnologias podem apresentar rendimentos crescentes ou decrescentes com a evolucao do mercado. Separa-se o dinamismo que vem da oferta do dinamismo que vem da demanda. No primeiro caso, o dinamismo e explicitado por meio do replicador dinâmico. No segundo, ele e apresentado por meio do processo de Polya. O modelo e constituido sob o pressuposto da irreversibilidade do tempo, de tal modo que incorpora os fenomenos da sensibilidade as condicoes iniciais, do reforco de tendencia, da combinacao imprevisivel das pequenas causas, da dependencia de caminho e do autoencerramento.

A RESISTÊNCIA AO GOLPE DE 2016

Por oportunidade do lançamento da obra A Resistência ao Golpe de 2016, critiquei a proposta de suspensão por 20 anos da Constituição em matéria orçamentária. Que o estabelecimento desse teto pode inviabilizar a educação e a saúde públicas. Que medidas como essas podem na prática inviabilizar o SUS. Que essa inviabilização coloca em risco a vida de milhões de pessoas. Que o Estado tem o dever de garantir saúde e educação, de reduzir desigualdades e erradicar a pobreza. Que sacrificar gastos para pagar serviços da dívida e compromissos com os bancos, em detrimento ou prejuízo da continuidade dos serviços públicos poderá representar uma política genocida. Que isso viola não apenas compromissos de campanha da proposta de governo vitoriosa nas urnas, mas viola a própria Constituição. Que se a Pec n. 241 por aprovada e não declarada a sua inconstitucionalidade significará na prática a revogação da Constituição de 88 por algo que representará uma mera “carta”, ilegítima e em desacordo com o Estado Democrático de Direito e seus compromissos sociais. E, por fim, cabe dizer que a referência que fiz ali ao atual Ministro da Saúde do governo provisório se refere à fala dele de que “quanto mais gente tiver plano de saúde menos o Estado irá gastar” com saúde pública. É, portanto, um ato desconstituinte, como bem disse Thomas Bustamante, a PEC n. 241. Se for aprovada e não houve controle de constitucionalidade será uma carta ilegítima e contrária aos compromissos sociais e econômicos do Estado Democrático de Direito, a revogar o núcleo normativo, administrativo-financeiro e orçamentário do Estado. E o que isso significa: coloca-se atualmente em risco todas as conquistas sociais, que apesar de tudo, conseguimos alcançar, como é o caso do SUS. Inviabilizar o SUS é colocar em risco de vida milhões de pessoas. É uma política genocida que privilegia o sistema financeiro em prejuízo da população deste País

A sobrevivência da estátua

Boletim de Pesquisa NELIC

No poema de Manuel Bandeira o cacto é uma estátua. Essa estátua tomba e interrompe a vida na cidade. Na morte o cacto se historiciza e, nesse sentido, ganha vida. A montagem das imagens no poema e sua leitura vertical, livre, nos apontam para outras imagens como as da escultura negra de Carl Einstein e sua leitura por Chris Marker e Alain Resnais em As estátuas também morrem, ou imagens como as poses dos nativos em ¡Que viva México! de Eisenstein. A morte revolucionária e a intratabilidade fazem do cacto uma estátua sobrevivente.

A experiência do jogar

Blog do Labemus, 2016

A ideia desse texto é possibilitar uma aproximação analítica do jogo esportivo coletivo a partir da perspectiva prática dos jogadores. Sim, porque jogos como futebol, basquetebol, voleibol, handebol, pólo aquático, rúgbi, ou hóquei, embora não pareça, têm muito em comum além de serem jogados com bola. Como ponto de partida, contarei com o conhecimento comum que, imagino, todos temos acerca da prática de esportes coletivos. Tentemos juntos analisar a experiência de jogar coletivamente a partir desse conhecimento prático.

Entre jogo e jogador

Revista de Estudos Universitários - REU

O objetivo deste artigo é explicitar, a partir da ótica do pós-humano, como se dá a constituição do sujeito no ato de jogar. Como princípio norteador dessa pesquisa, está a pergunta como o jogo conduz jogador de forma a subjetivá-lo. Para isso, o artigo se baseia em um corpo teórico-metodológico composto pelos conceitos de gameplay ético, pós-humano crítico e tecnologias de si. Esses são aplicados na análise de excertos do jogo Detroit: Become Human e de minha experiência enquanto jogador. As considerações finais são de que a constituição do sujeito ciborgue é determinada pelas condições de design do jogo que pode ou não ter as propriedades para interpelar o jogador.