Aspectos Políticos do Desemprego: A Guinada Neoliberal do Brasil (2015) (original) (raw)

Aspectos Políticos do Desemprego: A Guinada Neoliberal do Brasil

Em todo o mundo, a reversão da trajetória sofrida pela economia brasileira após ter atingido o apogeu de 2010 tem confundido igualmente comentaristas profissionais, analistas experientes e agentes do mercado. À medida que transcorria o ano de 2015, projeções cada vez mais negativas (" A Economia do Brasil Vacila " , " Uma Economia à Beira do Abismo " , " O Pior Pode Estar Por Vir ") não eram menos difundidas do que expressões de incredulidade (" O que terá acontecido com o Brasil? " , " A Escandalosa História de Expansão e Colapso do Brasil " , " A Súbita Ascensão e Declínio Brasileiros ") e, mais recentemente, de ansiedade (" Goldman Sachs Diz Que Brasil Entrou Em 'Franca Depressão ̓ ") acerca do destino do membro sul-americano dos BRICs. Apesar das numerosas declarações oficiais em contrário, entretanto, os problemas hoje enfrentados pelo Brasil foram gerados internamente, como frequentemente é o caso. O exame do conjunto de medidas abertamente escolhidas pelo governo brasileiro – e dos objetivos quase tão abertamente declarados dessas mesmas políticas – fornece elementos explicativos suficientes para esclarecer o caminho que, partindo de uma situação de prosperidade e bem-estar, levou o país em um tempo relativamente curto a uma situação de recessão e desemprego. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho é examinar a recente guinada neoliberal no Brasil, do ponto de vista da Economia Política. A discussão está organizada da forma descrita a seguir. A seção 2 reconstrói brevemente a trajetória recente da economia e da política econômica. A seção 3 avalia criticamente a interpretação oficial da crise como sendo de origem externa. A seção 4 chama a atenção para a importância do acirramento do conflito distributivo e examina a resposta do atual governo frente às pressões dele decorrentes. A seção 5 trata do uso do discurso de combate à corrupção como forma de evitar o tratamento do conflito distributivo (e geopolítico) no debate público brasileiro e as implicações desse expediente sobre o quadro político atual. A seção 6 avalia o indiscutível êxito da guinada nas políticas públicas (política econômica, externa, trabalhista, de segurança etc.) em relação a seus reais objetivos. Finalmente, a seção 7 descreve como a situação atual dos quadros econômico e político brasileiros e as perspectivas de sua deterioração ulterior podem servir de referência para outros países em desenvolvimento.

Neoliberalismo como propulsor da precariedade (2021)

Artigo publicado na Revista Libertas, 2021

In: REVISTA LIBERTAS, v. 7, p. 1-23, 2021. Co-authored with Izabella Riza Alves and Zilda Manuela Onofri Patente. ABSTRACT: From the understandings of Michel Foucault and the development made by Wendy Brown that neoliberal governmentality is capable of producing new subjects, this paper aims to understand how neoliberalism can be used as a machine that produces precarity, in terms driven by Judith Butler. Therefore, the goal is to investigate if the neoliberal governmentality supports the maintenance of certain populations in precarious situations. We argue that the neoliberal subject is disengaged from the ethical dimension, dealing with the “other” without a common good perception. The comprehension about inequalities and about differences trends to be displaced from the public sphere to the private sphere, in the core of a conception of meritocracy that seeks to charge the excluded people for their misery and their failures. Thence, through a differential distribution of the grief, we will see different necropolitical mechanisms, of segregation and exclusion of undesirable groups.

Neoliberalismo, queda da taxa de lucro e política pública do trabalho no Brasil

Cadernos Gestão Pública e Cidadania, 2021

O desenvolvimento do capitalismo no Brasil, nos últimos 30 anos, foi demarcado pelo neoliberalismo, forma assumida pelo modo de produção capitalista em resposta à crise dos anos 1970 e às que se sucederam. As determinações que prevalecem sobre essa forma são aquelas mesmas identificadas por Marx para o atual modo de produção: a valorização do capital como “devir”, as crises cíclicas, a tendência decrescente da taxa de lucro e os fatores contrarrestantes dessa tendência. A partir da literatura sobre as determinações do capital e de documentos da economia brasileira, o objetivo desse artigo é expor porquê, dentre os principais fatores contrarrestantes da queda da taxa de lucro, apontados por Marx, ganha relevo no Brasil o aumento da exploração da força de trabalho e recursos conexos para contrariar a tendência à queda da taxa de lucro. Em consequência, conforme se expõe no final do artigo, a política pública trabalhista adquiriu principalidade nos últimos anos, criando-se empírica e l...

O Desemprego No Brasil: Análise Da Trajetória Recente

Revista Economia E Desenvolvimento, 2011

reasons that explain why the crisis is not expressed with higher intensity on the job search. In particular, it seeks to highlight the policies of the federal government that avoided a more serious impact on the Brazilian labor market.

Neoliberalismo como propulsor da precariedade

2021

Partindo do entendimento de Michel Foucault e do aprofundamento feito por Wendy Brown de que a governamentalidade neoliberal é capaz de produzir novos sujeitos, o presente artigo busca compreender como o neoliberalismo pode ser tomado como uma máquina de produção de precariedade, nos termos desenvolvidos por Judith Butler. Em suma, o objetivo é investigar se a governamentalidade neoliberal favorece manutenção de determinadas populações em situações precárias. Argumentaremos que o sujeito neoliberal se encontra desengajado da dimensão ética, lidando com o outro sem uma percepção do comum. A compreensão das desigualdades e da diferença tende a ser deslocada da esfera pública para a privada,

Neoliberalismo, trabalho e precariedade subjetiva - Fernando Gastal de Castro e João Batista Ferreira (Orgs.)

Neoliberalismo, trabalho e precariedade subjetiva, 2022

Esta obra é uma leitura dura e necessária, me fez sentir um profundo constrangimento por ser testemunha da histórica e incontornável tragédia que estamos vivendo. Uma era onde a radicalidade dos paradoxos do capital avançam de modo incomensurável, uma lógica na qual as performances do império capitalista tentam exterminar os trabalhadores de carne e osso. Ao mesmo tempo, é uma obra que me fez sentir viva ao me deparar com o desejo dos autores e suas escritas subversivas. A cada capítulo nasceu para mim um novo modo de existir, resistir e agir na tentativa de erradicar todo tipo de opressão, dominação, servidão, colonização. Mostram, num movimento delicado e ético, as falácias do discurso sobre as capacidades humanas de auto-superação, sobre o engajamento por meio da subordinação e obediência, e sobre os encantos da cultura da excelência, do produtivismo e do narcisismo. É uma obra que fala da precariedade subjetiva, mas não de um sujeito precário, sendo a sua leitura uma saída possível da gaiola de ouro do neoliberalismo. Uma saída passa pela reflexão sobre a centralidade ontológica do trabalho e sobre as rupturas com uma normatividade social brutal. O livro trata da desconstrução do discurso do neoliberalismo que vende a “ideologia da felicidade”, e com isso produz artifícios que levam a um processo de colonização do sujeito. O texto também lança luz sobre a colonização das ciências, em especial da psicologia, o que nos leva a pensar saídas que permitam relançar o sujeito no circuito do trabalhar contrapondo-se à centralidade do trabalho no modo de produção capitalista assalariado, auto-empreendido, uberizado, startupzado. É uma leitura potente e viva, um lugar privilegiado do saber criativo, uma recusa ao saber absoluto e ao pensamento único. Passar por cada um dos capítulos é entrar em contato com os desertos humanos, mas também, um encontro com os oásis que nos faz acreditar na potência do desejo de buscar outros e novos caminhos. Os autores apostam em trilhas que podem nos ajudar a escapar das armadilhas do servilismo, mudez e indiferença. É uma obra que nos guia pela contra-mão!! Convida a transgredir, pensar o impensável e agir contra um silenciamento coletivo inerente as esmagadoras forças do neoliberalismo. É uma obra escrita por e para trabalhadores de “carne e osso”! Prof.ª Dr.ª Ana Magnólia Mendes - Universidade de Brasília (UnB). Neoliberalismo, Trabalho e Precariedade Subjetiva apresenta ensaios e relatos de pesquisa e intervenção. As reflexões, as descrições e as análises que esta coletânea apresenta se inserem num campo de pesquisa-inter- venção (ou de intervenção-pesquisante) que, no Brasil, tem tido um crescimento significativo nas últimas décadas, graças à iniciativa de inú- meros grupos de pesquisa nas diferentes regiões do país, como se pode constatar por meio de uma rápida busca bibliográfica sobre a literatura sobre “psicologia” e “trabalho” produzida em nosso país. Tais iniciativas têm colocado o trabalho como centro, no sentido de ele ser examinado em sua substância, bem como refletir sobre os fazeres, o imaginário e a socia- bilidade em diversos níveis e por meio de diferentes objetos e aportes teóricos. Desta forma, a psicologia tem contribuído para olhar as pessoas em sua relação com o trabalho a partir de visadas singulares. Neste sen- tido, amplia-se e complexifica-se o campo científico – protagonizado pela “psicologia” e “trabalho” - no sentido atribuído por Pierre Bourdieu (1983), para quem as diferenças e os antagonismos epistemológicos são, a um só tempo, diferenças e antagonismos políticos.(...). Prof.ª Dr.ª Ley Sato - Universidade de São Paulo (USP)