Mobilidade e movimentos sociais: cidade em disputa (original) (raw)

Junho de 2013 colocou a mobilidade urbana na pauta do debate nacional, seguindo o espaço já ocupado pela mobilidade social e de renda, e o discurso dos feitos sociais da dita nova classe media. Mas os que passam a se deslocar não são necessariamente saudados nas ruas, shoppings e aeroportos. As fraturas sociais são profundas, o Estado não executa politicas estruturais de inclusão e cidadania, e os conflitos urbanos formam o quadro dessa condição. Reivindicações setoriais marcam a história das nossas cidades, mas o que se viu agora foi um tema público-urbano mobilizar a atenção da maioria das pessoas, que saíram às ruas em muito mais que 558 cidades, número oficialmente divulgado. A condição urbana, resultado do modelo de urbanização brasileiro, uniu o debate e as manifestações. Esse é o fato novo! O que se viu vai além das grandes revoltas urbanas brasileiras, inclusive as do inicio do século XX, quando do urbanismo-sanitarista, ainda atual para muitos. Primeiro por não ser uma luta temática, setorial ou local, depois porque não foi identificada com grupos sociais e de renda específicos. O que aconteceu colocou o urbano e a urbanidade no centro da questão, tendo como mote a (i)mobilidade. É a questão urbana, estupido!, escracha Erminia Maricato, deixando de lado o reducionismo das inúmeras interpretações acerca das reivindicações.