Aristóteles e ação humana (original) (raw)

ARISTÓTELES E OS DIREITOS HUMANOS

TRILHAS FILOSÓFICAS. Uma guia para estudantes, 2022

O ensaio procura responder à pergunta: O que o pensamento ético-político de Aristóteles teria a ver com os direitos humanos?

Aristóteles e os animais

Vou aqui propor uma interpretação alternativa a de Fortenbaugh (2006) sobre a distinção entre homens e animais. Leituras nesta direção foram avançadas por R. Sorabji (1993) e J. Labarrière (2000), entre outros. Existem dois tópicos de discussão relacionados sobre este assunto: o da escala da natureza e o das capacidades cognitivas dos animais. Primeiramente vou discuti-los e a seguir pretendo enfrentar uma questão conectada, a saber, se Aristóteles pensa que os seres de complexidade menor na escala da natureza existem de algum modo para o benefício dos seres mais complexos e se isso é usado como justificativa para que nós façamos uso deles.

Alma e movimento em Aristóteles

Anais de Filosofia Clássica, 2019

No presente artigo, busco entender, a partir de Aristóteles, o nexo entre corpo e alma, tal como este é estabelecido no tratadoDe anima, em decorrência de uma investigação sobre o movimento. Investigo as razões que levaram Aristóteles a sustentar que a alma não se move, justamente por ser princípio do movimento. Ao negar que a alma seja ela mesma um vivente, o estagirita se posiciona de maneira crítica em relação ao diálogo Fédonde Platão, abrindo caminho para a consideração filosófica do corpo vivo e de sua funcionalidade. Na função (érgon) ou obra a desempenhar, em seu ser capaz de tal obra, reside a especificidade do vivente, que pode não passar ao ato. A diferença entre corpo vivo e inanimado é acentuada, tornando-se incontornável pensar a especificidade do vivo a partir de suas manifestações. Um pensamento sobre a vida que descobre o próprio pensamento como vida.

A concepção arendtiana de Ação humana, a partir de um fragmento de Antígona, de Sófocles

Na preocupação política de Hannah Arendt, a ação está sempre em " foco " , devido a sua relevância. Ao mesmo tempo, as obras da Antiguidade marcam presença nos textos arendtianos visando a explicitar as exposições teóricas. Neste sentido, a partir de um fragmento da Antígona, de Sófocles, citado por ela, busca-se compreender a articulação que a Autora elabora entre o fi losófi co e o poético. O complemento é buscado nas concepções aristotélicas, em especial, com o objetivo de esclarecer e aprofundar a análise do pensamento de Arendt. Palavras-chave: ação humana, política, história, arte, poético, representação. Abstract In Hannah Arendt's political concerns, the action is always " on the spot " , by its relevance. At the same time, the Ancient writings make their presence in Arendt's texts, in order to illustrate the theoretical explanations. In this sense, using a fragment of Antigona, by Sofocles, cited by her, there is an aim at the understanding of the articulation that the writer elaborates between philosophic and poetic. The complement is searched in Aristotele's conceptions, with the purpose of clarifying and of deepening the analysis of Arendt's thoughts. Par la parole et l'acte, nous nous insérons dans le monde humain, et cette insertion est comme une seconde naissance, dans lequelle nous confi rmons et assumons le fait nu de notre apparition physique originelle. (ARENDT, 1985, p. 21) A ação humana é uma das temáticas centrais do pensamento político de Hannah Arendt. E nesse, as concepções gregas compõem um dos suportes teóricos, que incluem, além dos fi lósofos, os políticos, os oradores, os poetas, assim como a mitologia e a cultura grega. 3 Apesar de Arendt não se demorar, explicando, as apreensões que deles fez, ela os cita adequando-os à própria exposição. Assim, aproximar as duas temáticas, a referente à ação humana daquela relativa aos referenciais gregos, permite uma ampliação dos horizontes teórico-fi losófi cos que fundamentam o pensar da autora, assim como esclarece sua compreensão, tanto dos conceitos que utiliza, quanto dos escritos antigos. Na concepção arendtiana há a distinção entre a vida ativa e a vida contemplativa. Ela afi rma que a vida ativa deve ser revalorizada e equiparada, em importância na vida humana, à contemplativa. A vida ativa é composta por labor (com a tarefa de manter a vida biológica), pelo trabalho (o qual

O ser humano cultivado (pepaideumenos) em Aristóteles

Filosofia e Educação, 2017

I discuss the notion of education or educatedness (paideia) involved in the 'educated human being' (pepaideumenos), which Aristotle presents at the beginning of his 'Parts of Animals' and a few other passages. The competence of educated human beings makes them able to evaluate some aspects of the explanations in a given domain without having a determinate knowledge about the specific subject matter in that domain. I examine how such a competence is possible and how it is related to other critical abilities which Aristotle usually ascribes to the science of being qua being. Discuto a noção de educação ou cultura (paideia) envolvida na figura do ser humano cultivado (pepaideumenos), que Aristóteles apresenta no início do tratado 'As Partes dos Animais' e em algumas outras passagens. A competência do ser humano cultivado o habilita a avaliar certo aspecto das explicações propostas em um dado domínio, sem requerer dele um conhecimento determinado sobre o assunto específico do mesmo domínio. Examino de que modo essa competência é possível e como ela se articula a outras habilidades críticas que Aristóteles geralmente associa à ciência do ser enquanto ser.

Brecht e Aristóteles

Trans/Form/Ação, 2002

A concepção teatral de Brecht não é radicalmente oposta à de Aristóteles. A estética brechtiana, em muitos aspectos, é herdeira das idéias de Aristóteles. O teatro épico proposto por Brecht tem em seu horizonte de combate o teatro de matriz naturalista e o drama psicológico. Mimese e catarse não significam identificação do público com a cena e com o herói.