A investigação do devir indígena (original) (raw)

A contribuição da pesquisa sobre povos indígenas

Campos - Revista de Antropologia

A partir da apresentação da trajetória pessoal da autora, é discutida a contribuição da pesquisa sobre conflitos e problemas territoriais, principalmente, de povos indígenas. Combinando interesses acadêmicos e ativismo político, a autora apresenta a contribuição dos estudos antropológicos na formulação do capítulo “Dos Índios” na Constituição Brasileira de 1988, nos estudos que embasaram o relatório da Comissão Nacional da Verdade e, mais recentemente, seu envolvimento nas discussões sobre a tese do Marco Temporal, além de sua participação na Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES, em inglês)

Os direitos indígenas no cipoal da transparência

Este texto é produto da análise da parcela do Plano Plurianual do governo federal (o PPA 2012-2015) destinado à promoção dos direitos dos povos indígenas no país, onde se buscou estabelecer conexões entre o proposto no PPA e os orçamentos anuais. Na sua realização utilizamos as bases de dados existentes e disponíveis na internet no âmbito da administração pública federal, tendo por referência principal o estabelecido no documento Plano Plurianual 2012-2015: Programa de Proteção e Promoção dos Direitos dos Povos Indígenas. Embora tenham ocorrido significativos avanços de transparência na gestão pública ao longo das últimas duas décadas, verificamos que há ainda muitas lacunas de informação a serem preenchidas, e não é difícil ficar enredado na utilização das ferramentas que estão hoje disponíveis à sociedade. Além disto, a qualidade da informação sobre o alcance das metas em cada um dos nove objetivos do programa é desigual e em alguns casos não é possível saber o que exatamente foi alcançado. Daí o porquê de usarmos a expressão cipoal para caracterizar a situação.

Resenha: Os índios e a pesquisa dos juristas tradicionais

2020

Trata-se de resenha do livro "Direitos Territoriais Indígenas: uma interpretação intercultural", finalista do prêmio Jabuti em Direito no ano de 2019. De autoria de Julio José Araujo Junior, o livro embarca numa tentativa de apresentar uma possível "nova" forma de interpretar os direitos territoriais atitentes aos indígenas. Fruto de uma dissertação de mestrado defendida no PPGD-UERJ, a obra é uma imporantante elaboração argumentativa que conglomera matrizes teóricas variadas e se debruça sobre importantes discussões, mas acaba por deixar de lado o rigor metodológico necessário a uma pesquisa científica. Embora esse seja um fator relevante, é importante resenhar criticamente o texto que é construído de forma interessante e sobre uma temática não tão comum no campo das pesqusias jurídicas.

Murawara: sobre a pesquisa de jovens cientistas indígenas

O texto reflete sobre a experiência de seis jovens indígenas, acompanhados por uma professora indígena, em uma pesquisa sobre a memória de seu povo – os Mura das Terras Indígenas Paranã do Araotó e Rio Urubu, município de Itacoatiara (AM). Idealizado a partir de demanda comunitária apresentada pela Organização das Mulheres Indígenas Mura do Rio Urubu (OMIMRU) e da articulação da Fundação Estadual dos Povos Indígenas (FEPI), o projeto buscou oferecer a alunos e professores indígenas Mura condições de pesquisa e registro da memória dos mais velhos. Junto ao relato sobre a experiência de pesquisa, ocorrida entre 2007 e 2008, discute-se sobre as contribuições do projeto à discussão local de uma escola indígena Mura A pesquisa fez parte de um projeto vinculado ao Programa Jovem Cientista Amazônida, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas. Apresentado na XI Abanne - Reunião de Antropólogos do Norte e Nordeste, e II REA Reunião Equatorial de Antropologia, em Natal (RN), 2009

A escravidão do indígena, entre o mito e novas perspectivas de debates

Resumo: No presente artigo é realizada discussão acerca do tratamento dado, na historiografia brasileira, à escravidão indígena, na qual prevalecem abordagens que factualizam -como fim do trabalho escravo realizado pelos indígenas -a implantação da legislação pombalina. Neste estudo são ressaltadas as fontes existentes na região amazônica, que se encontram quase inexploradas, procurando-se contribuir para a desconstrução do mito que prevalece sobre a pouca expressão da escravidão indígena na história, a partir da análise de correspondência das autoridades das Províncias e escritos de cronistas. Aponta ainda para o debate a respeito da permanência da escravidão do indígena na Amazônia, enquanto fato instituído, até o final do século XIX, exercendo um papel preponderante na economia da região e encontrando-se por vezes articulada a interesses de outras regiões do país.