Casa de la Contratación - from Dicionário da Expansão Portuguesa 1415-1600, vol. 1 (original) (raw)

Contratos na América portuguesa (1707-1750)

O objetivo central deste artigo é demonstrar como a arrematação dos contratos de direitos e tributos régios, definidora da condição de grupo dominante no corpo mercantil durante o período pombalino, conheceu no reinado de d. João V, um processo de centralização em matéria tributária. Tal centralização proporcionou a negociantes portugueses, residentes na metrópole, ampliarem sua participação nas arrematações dos contratos. Tal afirmação não exclui a possibilidade de negociantes residentes na colônia terem conseguido a arrematação de contratos régios. Contudo, mesmo para estes negociantes, boas relações com seus pares metropolitanos eram importantes. Neste sentido, podemos identificar ações no reinado barroco de d. João V que foram o ponto de partida para uma das características fundamentais do reinado ilustrado de d. José I: o fortalecimento do corpo mercantil lusitano, formando redes através das quais controlavam a arrematação e arrecadação de diversos tributos e direitos régios. Através do estudo de casos, procuraremos mostrar a existência de um processo de continuidade entre os dois reinados.

‘Que concluam esta pia e necessária negociação’: um manuscrito sobre a escravidão no Império Português (1764)

LaborHistórico, 2019

Este texto tem como objetivo o estabelecimento da edição semidiplomática de um dos documentos da Coleção Alberto Lamego, pertencente ao Arquivo do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB/USP). O manuscrito relata uma instrução dada pelo rei a Agostinho José da Costa e Estácio Manuel de Aragão Carneiro, para que resgatassem escravizados que estavam presos no Porto de Tânger. O documento configura-se como uma rica fonte primária tanto para linguistas, como para historiadores e demais interessados no tema da escravidão no Império Português. Acompanham a edição breves comentários de ordem paleográfica e codicológica.

O Contrato da empreitada da matriz de Fronteira e o mestre pedreiro António de Góis (1575)

Não obstante datar do ano de 1571 o alvará régio que autorizou D. Francisco de Portugal a subtrair 220 mil réis da sua comenda para a reforma da matriz de Fronteira 2 , só quatro anos mais tarde foi celebrado o contrato entre o encomendador e o mestre da obra, António de Góis. A escritura de contrato e obrigação, celebrada na residência de D. Francisco de Portugal, em Almada, é um documento notável tanto para a história da construção do edifício como para o conhecimento contratual das grandes obras de pedraria da segunda metade do século XVI. É-o, sobretudo, porque nele se revelam particularidades técnicas, artísticas e jurídicas próprias de uma linguagem laboral usada então na arte de edificar e pelas quais se garantiam, ainda, gostos e expectativas face ao objecto a criar.

Saibham quantos este estormento de contrato virem: análise das terminações nasais em contratos dos séculos XV e XVI

2016

O objetivo deste artigo é o estudo de contratos portugueses produzidos ao longo dos séculos XV e XVI. Este trabalho é de natureza filológica e situa-se no âmbito do projeto Fontes para a História da Língua Portuguesa: edição de manuscritos dos períodos médio e clássico. Procura-se observar o enquadramento linguístico do corpus, levando-se em conta a tipologia, a região e o contexto em que foi produzido, relacionando-o aos fenômenos que marcaram o período de sua produção, especificamente quanto à convergência em --ão das terminações nasais. Os contratos que compõem o corpus integram o fundo da Colegiada de Santa Maria de Guimarães, Noroeste de Portugal, constantes do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. A análise de documentos dos séculos XV e XVI contribui para os estudos sobre a história do português europeu e brasileiro, uma vez que o estudo de fontes manuscritas amplia o conhecimento de documentação do período e supre a inexistência, ou a extrema raridade, de escritos produzidos em terras da América Portuguesa à época. Os contratos analisados espelham uma realidade linguística muito particular e, apesar de produzidos no período do português médio, revelam características que os aproximam de um estado de língua mais antigo. Tal conclusão sugere uma tendência conservadora em documentos notariais do Noroeste, que poderia, conforme o avanço das pesquisas com constituição de corpora de diferentes tipologias, fazer alargar-se ainda mais o período do português médio, cujo fim tradicionalmente coincide com a data da publicação da primeira gramática da língua portuguesa, em 1536, por Fernão de Oliveira.

SOUSA, Gonçalo de Vasconcelos e – Em torno de alguma ephemera e de outra documentação nobiliárquica portuguesa (séculos XIX/XX). In "Actas do 5.º Congresso Internacional Casa Nobre um Património para o Futuro". Arcos de Valdevez: Município de Arcos de Valdevez, 2020, tomo 1, pp. 137-157.

Do quotidiano das famílias da nobreza portuguesa (e não só) 2 fazia parte a utilização de determinados documentos, verdadeiros instrumentos de comunicação, cujo destino, num número significativo, era o lixo após o cumprimento de um objectivo mais ou menos imediato. Por esta razão, tais tipologias documentais inserem-se, genericamente, na denominada ephemera 3 , um conceito alargado consoante as distintas perspectivas de análise que se possa ter. E, dentro desta área, centrar-nos-emos na ephemera social, com especial incidência nos papéis, cartões e sobrescritos para correspondência e, também, nos cartões de visita.

Os negociantes de Lisboa na segunda metade do século XVIII: padrões de recrutamento e trajectórias sociais.pdf

Os negociantes de Lisboa na segunda metade do século XVIII: padrões de recrutamento e percursos sociais* INTRODUÇÃO As perspectivas historiográfícas sobre a sociedade portuguesa da segunda metade do século xviii num ponto parecem coincidir: no entendimento de que ela atravessa um período de mudanças que, de algum modo, preparam as transformações que ocorrerão depois, ao longo do século xix. A advertência de Oliveira Martins, segundo a qual «o braço de ferro do marquês de Pombal não pudera desviar da carreira da decomposição esta sociedade envenenada pela educação jesuíta» 1 , não granjeou a audiência, nem teve a fortuna de outras das suas proposições. A ideia, por isso, persiste: a partir de meados de Setecentos, a velha ordem parece estar a ceder 2 .

Fonte para o estudo das casas religiosas de Lisboa: os Livros de Cordeamentos de 1700 a 1750.

2014

…) hira sempre Cordeando pellos seus alicerses uelhos sem thomar nada do publico e nos portais que de nouo se fiserem se não porão degraos na estrada e as sacadas ficarão em Altura de quatorze palmos pera sima não pondo grades bayxas de aranha que saquem da parede pera fora o qual Cordeamento foy feito por joão freire medidor das (f. 307v.) obras da Cidade e por uara de medir de sinco palmos da marca da Cidade do que passey esta Certidão em Lisboa aos uinte e seis de Agosto de mil e settecentos e dous anos. Cordeamento da obra do novo convento de Santa Joana, 1702 Arquivo Municipal de Lisboa, Livro de Cordeamentos 1700-1704, f. 307-307v.