O Mundo de Atenas - Luciano Canfora (original) (raw)

de Dioniso, por ter permitido a retomada, neste livro, do ensaio "Eurípides em Melos", publicado na nova série da revista (1, 2011). e saxões talvez ainda vagassem pela floresta.] John Stuart Mill, "Early Grecian History and Legend", resenha de History of Greece, de George Grote (The Edinburgh Review, out. 1846, p. 343) disposta a aceitar (como Péricles e seus antepassados Alc meônidas) o desafio da democracia, a qual, sempre que possível, tentava com furor ideológico transplantar e instaurar em Atenas. (Coisa que, aproveitando a derrota de 404, benéfica para ela, essa parcela de fato tentou, 35 fracassando.) Tucídides, nisso, é como Zeus, que enxerga de cima os dois alinhamentos: 36 ele é capaz, ao mesmo tempo, de ver e de apontar (para quem tem olhos para ver) o caráter deformador e, todavia, substancialmente verdadeiro da exaltação de Atenas expressa na prédica. Mas o jogo -inerente à finalidade e à estrutura do gênero do discurso fúnebre -consiste justamente em que aquele que fala seja levado a dizer que essa grandiosidade nas obras e realizações "é obra vossa". Nisso consiste o jogo sutil entre o verdadeiro e o falso, que se encontram e, em certo sentido, coincidem. E é por isso que, de maneira análoga, para Tucídides, o império é necessário, inegociável, mas ao mesmo tempo intrinsecamente censurável e opressor e, portanto, pode -se dizer, fadado a sucumbir (embora o último Tucídides 37 não esteja de acordo com esse ponto e pareça quase optar pela não inevitabilidade da derrota).