THOREAU E CARLYLE: MORALIDADE, AUTOBIOGRAFIA E FICÇÃO LITERÁRIA (original) (raw)
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FICÇÃO PARA UM CORPO DE CIENTISTA: MARIE CURIE, A INVENÇÃO DE SI E A NARRATIVA AUTOBIOGRÁFICA
ROChElE DE QUADROS lOGUERCIO Universidade Federal do Rio Grande do Sul O que nos conta e como se conta uma narrativa de vida nas ciências? E quando quem conta é uma mulher? Marie Curie, física polonesa, criadora do campo da radioatividade e ganhadora de dois prêmios Nobel foi alçada à posição de mito, tendo sua trajetória sido narrada como "exemplo" para as mulheres, nas ciências e fora delas. Curie escreveu, sob encomenda, uma narrativa intitulada Notas autobio-gráficas, que se encontra como apêndice em um texto também bio-gráfico, escrito pela própria Marie, por ocasião da morte de seu ma-rido. Entendendo que as práticas discursivas das autonarrativas não são autônomas, mas estão incluídas em procedimentos normativos (jurídico, médico, educativo, de gênero) e questionando-se sobre a relação entre as narrativas e as redes de poder articuladas em sua construção, este artigo pretende, a partir das notas autobiográficas de uma mulher considerada um mito, problematizar: (i) as narrativas autobiográficas como invenção de si; (ii) a história de vida de Marie Curie como uma mulher de ciência e a invenção do mito de mãe, esposa e cientista; e (iii) o gênero como elemento central na cons-trução de uma ficção de mulher nas ciências. Palavras-chave: Marie Curie. Ciência. Autobiografia. Gênero.
LITERATURA, AUTOBIOGRAFIA E EDUCAÇÃO: OUTROS ENLACES TEÓRICOS, METODOLÓGICOS E NARRATIVOS
Resumo: A literatura há muito tempo já é objeto de estudo no campo dos Estudos Literários, dizer uma obviedade como esta seria desnecessário caso outros campos concorrentes, no sentido de correr juntos mesmo, não tivessem há certo tempo iniciado o processo de apropriação das narrativas literárias como objeto de pesquisa e procurado, de forma mais vertical e com certa unidade, como na História Cultural, ou como projetos individuais de pesquisadores que procuraram aqui e acolá, aproximar-se o fenômeno literário de seus campos de estudo. O presente simpósio pretende discutir como este fenômeno tem sido localizado nas pesquisas em educação, não se trata de um mapeamento, muito menos de uma revisão, mas de trabalhos indiciários que buscam perceber os usos do literário e da pesquisa narrativa no campo educacional, cuja abordagem pela Educação ainda guarda, como as dimensões estética e cultural, a subjetividade e as utopias – a esperança a que tanto nos referimos em nossos escritos.
COLONIALIDADE/DECOLONIALIDADE NA CRÍTICA LITERÁRIA MARIATEGUIANA
Revista Nós: Cultura, Estética e Linguagens, 2021
O propósito deste artigo é o de estabelecer um diálogo intercultural com José Carlos Mariátegui (1894-1930), a partir do programa de investigação modernidade/colonialidade/decolonialidade elaborado pelo sociólogo peruano Aníbal Quijano (1928-2018). Pretendemos revelar, por meio da crítica literária que Mariátegui teceu a respeito de autores canônicos na literatura peruana, o teor colonial de suas narrativas, que estereotipavam a figura do indígena dos Andes. Nesse sentido, demonstraremos como a literatura constituiu em Mariátegui, tanto uma fonte para acessar o passado originário peruano, quanto um mecanismo de visibilização dos povos indígenas andinos
Instante, 2018
Resumo: Nosso artigo expõe a noção de identidade narrativa proposta por Charles Taylor e a relação com a moralidade. Partimos da explicação dos pressupostos que possibilitam a formação da identidade narrativa. Entre tais pressupostos se encontram a concepção do homem como um ser que se autointerpreta, capaz de constituir significado ao mundo e sempre já imerso num espaço moral. Além disto explicitamos a condição necessária do homem enquanto um ser que apresenta uma estrutura temporal e que busca uma unidade para a compreensão de si no ato narrativo. Uma vez desenvolvidos tais pressupostos, avaliamos como o ato do self na sua modalidade narrativa auxilia a indiciar indiretamente os bens constitutivos ao qual o indivíduo se encontra ou se encontrou comprometido/engajado, expondo parcialmente o background de sua avaliação forte. Tal ligação entre indivíduo e bens constitutivos ocorre na medida que há um relacionamento entre a construção desta narrativa particular e os bens que permeiam o espaço moral que se está imerso. Propomos ao fim que a identidade narrativa não deve ser vista apenas como uma constatação na obra de Taylor, mas também apresenta algumas virtualidades latentes. Palavra-chave: Ética. Identidade. Self. Abstract: Our article exposes the notion of narrative identity proposed by Charles Taylor and a relation to a morality. We start from the explanation of the presuppositions that allow a formation of the narrative identity. Among these presuppositions are a conception of man as a self-interpreting being capable of constituting meaning to the world and always already immersed in a moral space. Moreover, it is necessary to establish a necessary condition for the creation of a temporal structure and to seek a unity for an understanding of itself at the narrative act. Once developed such as assumptions, we evaluate how the act of self in its narrative modality helps indirectly to indicate the constituent assets to which the individual is or has been compromised / engaged, partially exposing the background of his strong evaluation. They have a link between individual and constituent goods, insofar as there is a relationship between a construction of this particular narrative and the goods that permeate the moral space that is immersed. We propose to the end that it is a narrative identity not only developed as an observation in the work of Taylor, but also presents some latent virtualities.
CORPO E ESCRITA: UMA DISCUSSÃO SOBRE AUTORIA E MILITÂNCIA
In this article, we've talked about a practice of writing in the body in which the printing of statements about the skin appears as a way to claim social and political struggle. For both, we have built a scanning device and assembly of corpus that is sustained in the assumptions of Discourse Analysis franco-brazilian. Our objective is to discuss to what extent the writing as a vindication of the own body, 'presentified' period in a series of propositions that circulated in demonstrations by the humanization of childbirth, can be considered an act of authorship and militancy front of medicalization and the exploitation of the female body.
O DEVIR-OUTRO NA LITERATURA E A TAREFA JURÍDICA: POR UM “DIREITO LITERÁRIO
Anais do V Congresso de Psicanálise, Direito & Literatura, 2016
O presente trabalho, a partir de uma leitura esquizoanalítica, explora o modo como nossa existência é atravessada fluxos sensíveis, que nos afeta e nos divide em nós mesmos, colocando-nos a saída de criarmos um novo corpo no modo de existir, sentir, pensar, agir, etc. Constitui-se em nós, nesses processos, a gênese de um devir, que sempre é uma diferença, um “devir-outro”. Nesse caminho, a escrita se apresenta como uma das tarefas de se traçar devires que nos marcam. Aborda-se, assim, a literatura em seu potencial de dar corpo a múltiplas possibilidades de vida. Em seguida, o artigo produz reflexões sobre as lições que a literatura oferece ao direito, na função que este tem de escrever em normas textuais comportamentos de seus destinatários, a fim de se pensar como a tarefa jurídica pode utilizar a inteligência a serviço da diversidade de modos de ser.