Topus Utopicus: o espaço em Utopia, de Thomas Morus (original) (raw)

Thomas Morus e a Utopia como anúncio de uma comunidade virtuosamente educativa

Acta Scientiarum. Education

Este artigo pretende apresentar uma discussão sobre a concepção de educação na obra Utopia de Thomas Morus. Com base nos pressupostos metodológicos da hermenêutica (Gadamer, 1997), cuja principal finalidade é a compreensão e a interpretação dos textos, objetiva-se explicitar a noção de educação expressa por Thomas Morus em sua obra Utopia. No primeiro momento, realizamos uma apresentação sobre a obra, principalmente sobre o neologismo Utopia, criado por Morus e de sua importância para o cenário filosófico e educacional renascentista e moderno (Mumford, 1922; Furter, 1977-1978; Colombo, 2006; Bloch, 2006; Quarta, 2006; Lima, 2008). No segundo momento, há uma discussão sobre a Utopia como denúncia à educação viciosa numa sociedade moralmente decadente, portanto, desumanizante, bem como sobre a noção de arete, virtude e honra (Mora, 1964; More, 1997; Pessanha, 1997; Comte-Sponville, 2000; Vazquez, 2001; Jaeger, 2010). E, na terceira e última parte, discute-se a Utopia como anúncio de u...

O Prologus Do Livro I Da Utopia De Morus

2002

Um dos aspectos que pouco mereceu atencao da fortuna criticado Livro I de Utopia (1516), de Thomas More, foi, sem duvidaalguma, o arranjo ficcional em que esta firmemente estruturado e queorganiza e enquadra os varios topoi amplificados pela argumentacaodos interlocutores17. Caberia, entao, antes de tudo, propor a analise eexplicitacao, em esboco, de sua propria constituicao enquanto dialogo- genero literario muito difundido e amplamente cultivado desde,pelo menos, o humanismo pre-renascentista italiano, em relacao aosistema argumentativo com seus pressupostos, seus argumentos acontrario, seus pontos de conexao e articulacao - enfim, do debateem si e suas condicoes de producao. Nesse sentido, examinar os conteudosestrategicamente enunciados numa forma generica especifica,cuja escolha nao e arbitraria, poderia fornecer pistas significativas dadinâmica desse sistema, possibilitando ao mesmo tempo vislumbrarcom mais precisao e de modo mais verossimil historicamente as aspiracoesde Moru...

O trabalho na Utopia(1516) de Thomas More (CPST-USP, v.6,2003)

O texto explora a obra Utopia(1516), de Thomas More, em especial o que ali é dito sobre o trabalho, sua organização e distribuição na sociedade. Começa lembrando a polêmica em torno do livro, incluido na tradição da escritura em via oblíqua, segundo Leo Strauss e Miguel Abensour, e procede à revisão do que More diz do trabalho a propósito da ilha imaginária ideal. Palavras-chaves: Utopia, More, via oblíqua, trabalho, agricultura, artesanato, moderação, igualdade. a Modernidade, a categoria do trabalho se tornaria central. Esta época da história das civilizações, especialmente, do Ocidente, é também uma das mais ricas na produção de utopias, a ponto de se poder dizer que a história da utopia está intimamente relacionada com o surgimento do que se chamou de era moderna. Isto muito embora o sonho humano de um mundo sem sofrimento e perfeitamente organizado possa ser considerado como um dado antropológico, presente em todas as épocas e culturas, e é o que se apresenta veementemente, por exemplo, na República de Platão, na Antigüidade grega, ou na Cidade de Deus, de Santo Agostinho, na antiga Roma recém convertida ao cristianismo. Nesta fase de nossa pesquisa será realizada uma peregrinação pelos textos modernos que demonstram o trabalho de imaginação da cidade perfeita, desde o período decisivo da Renascença, empreendendo a travessia desse fluxo utópico literário moderno, contemporâneo das descobertas das novas dimensões do mundo planetário e do universo, seja que se tenha chamado propriamente Utopia, como o famoso livro de Thomas More -ou Morus, ou Cidade do Sol, como na obra de Tomasio Campanella; seja que adquira as denominações mais variadas e fantásticas, como na diversa e abundante produção de textos utópicos dos Sécs. XVIII e XIX, sobretudo na França, mas também na Inglaterra e alhures.

Utopia, ensaio e tempestade: o novo mundo em Morus, Shakespeare e Montaigne

Alea: Estudos Neolatinos

Resumo Este artigo faz uma exploração de utopias letradas transmitidas ao longo de século XVI e início do XVII, enfocando um elemento específico das elucubrações humanistas: a ficção de encontros utópicos entre os mundos antigo e novo na Utopia de Thomas Morus, na Tempestade de Shakespeare e os Ensaios de Michel de Montaigne. Esses ‘encontros’ são, de fato, uma instância privilegiada de um imaginário político cuja articulação entrelaça a realização de um projeto humanista renascentista ao espaço recém-descoberto. Os ecos de Montaigne na Tempestade de Shakespeare são o ponto de partida para a investigação de aspectos controversos do imaginário político humanista renascentista em relação ao Novo Mundo e à colonização europeia.

A música da prosa. Traduzindo os recursos sonoro-semânticos da Utopia, de Thomas Morus (livro II). In: Revista Crítica histórica, Ano VI, nº 12, dezembro/2015, p. 1-22.

Resumo: Ao traduzir a Utopia do latim ao português do Brasil, percebi um texto em alguns aspectos diferente daqueles publicados em traduções do libellus aureus. Nestas, certas características do modo pelo qual se expressa Thomas Morus se perdem. Uma delas, o caráter poético, já havia sido notado por Erasmo, que em seu Diálogo ciceroniano (1528) dizia ser possível reconhecer "o poeta" na prosa de Morus, algo decorrente, sempre segundo Erasmo, de uma longa prática de escrita de poesia. Pode-se reconhecer esse caráter poético por exemplo, em certa musicalidade, expressa, na Utopia, na forma de "rimas e ritmos" (cf. André Prévost, 1978), ou em figuras como a litotes (estudada por Elizabeth McCutcheon, 1971), que constituem, junto a outros elementos, um texto denso, bem distante da neglectam simplicitatem, pista falsa com a qual Morus caracteriza sua Utopia, na célebre carta a Pieter

Sobre a crítica dialética da Utopia de Thomas More: um livro proibido?

2016

O presente texto tem por objetivo discutir a dialetica da Utopia . Sabe-se que esta obra foi inspirada na Republica de Platao, e foi citada no O capital de Marx. No entanto, um estranho silencio se faz sobre seus 500 anos, alem de sua leitura pouco ser incentivada. Qual e o perigo da Utopia ? Esta e a discussao que pretendemos realizar.

2. “Da memória da utopia: a função autonoética dos programas comemorativos dos 500 anos da publicação de Utopia, de Thomas More, no Reino Unido, França e Portugal. e-Letras com Vida: Revista de Humanidades e Artes, n.º 1, 2018, pp. 149-163.

2018

Em 2016, os programas comemorativos dos 500 anos da publicacao de Utopia, de Thomas More, lembraram nao apenas a vida do humanista ingles, mas tambem a sua obra. Importa, contudo, percebermos se a memoria do passado foi convocada para se compreender o passado (memoria intransitiva) ou se foi utilizada para fazer entender melhor o presente e as suas futuras possibilidades (memoria transitiva). O presente estudo, feito no âmbito dos Estudos de Memoria, analisa os programas comemorativos realizados no Reino Unido, Franca e Portugal, sublinhando a importância da obra de More para a definicao da identidade diacronica de cada uma dessas nacoes.

A comunidade do não-lugar: William Morris e utopias passadas e futuras

Revista Memorare

Este artigo analisa a relação de duas obras de baixa ficção científica de William Morris (1834-1896), A Dream of John Ball (1888) e News from Nowhere (1890), comparando-as com os conceitos de comunidade, imunidade, arte e revolta conforme explorados por filósofos como Jean-Luc Nancy, Roberto Esposito, Jacques Rancière e Furio Jesi. William Morris foi um socialista, designer têxtil e escritor inglês durante o período vitoriano, fundador da Socialist League na Inglaterra; os romances aqui explorados trabalham com visões oníricas de potenciais comunidades socialistas ou proto-socialistas, tanto no futuro quanto no passado, e como tais comunidades seriam aos olhos de um viajante temporal inglês do período de Morris. Com base na comparação com diversos filósofos contemporâneos, percebe-se a afinidade do autor com a perspectiva de uma comunidade que rompe com pressupostos e limites bem definidos, sendo por necessidade utópica e inspiradora.