A Influência da Satisfação Laboral no Bem-estar Subjetivo (original) (raw)

Ao longo dos últimos anos vários estudos sobre a relação entre satisfação no trabalho e bem-estar foram realizados. Um dos resultados é que o trabalho pode contribuir para a existência, ou não, de bem-estar. Considerando-se que em media um adulto passa a maior parte das horas em que está acordado no trabalho e um terço de sua vida trabalhando, esta relação é, de fato, esperada. Esta investigação foi realizada através da abordagem quantitativa, descritiva, correlacional e multivariada. O objetivo deste estudo foi investigar a relação entre cinco dimensões da satisfação no trabalho (satisfação com a natureza do trabalho, colegas, supervisão, promoções e salário) e componentes do bem-estar subjetivo (afeto positivo e negativo). Os dados foram coletados através de um conjunto de questionários que incluiu a Escala de Satisfação no Trabalho (EST), versão reduzida, a versão reduzida da escala portuguesa de afeto positivo e negativo (PANAS‐VRP) e um formulário sociodemográfico. A amostra global foi composta por 1087 sujeitos. Alguns subgrupos foram divididos em função da nacionalidade [Portugueses (n = 401) e Brasileiros (n = 658)], geração [Y (n = 376), X (n = 400) e baby boomers (n = 266)], avaliação do salário como suficiente (n = 612) ou não (n = 425) para manutenção dos gastos diários e tipo de vinculo empregatício [assalariados (n = 621) e trabalhadores autônomos (n = 172)]. A comparação entre os grupos revelou que brasileiros, baby boomers, trabalhadores que avaliaram o salário como suficiente para manutenção das despesas diárias e trabalhadores por conta própria reportaram maiores níveis de satisfação no trabalho. As comparações indicaram também que os brasileiros demonstraram maiores níveis de afeto positivo e que os boomers, os trabalhadores que avaliaram o salário como suficiente para gastos diários e os autônomos denotaram presenças maiores de afeto positivo e menores de afeto negativo. Os resultados também indicaram que a satisfação laboral se correlacionou de maneira positiva com as emoções positivas e de maneira negativa com as emoções negativas. Os achados confirmaram que a satisfação no trabalho exerce influência no bem-estar subjetivo e sugeriram uma relação de reciprocidade entre estas variáveis, seja considerando a amostra global quanto os subgrupos. Além disso, diferentes dimensões da satisfação laboral são levadas em consideração quando se verifica seu efeito preditor sobre o bem-estar subjetivo entre os diferentes subgrupos. As considerações finais demonstraram as principais contribuições da investigação, bem como algumas de suas limitações e implicações para a prática. Estudos futuros neste campo podem ser desenvolvidos com a intenção de aprofundar a compreensão do modelo de relações (spillover, compensação ou segmentação) entre todas as dimensões de satisfação de trabalho e o bem-estar subjetivo. Palavras-chave: Satisfação laboral, bem-estar subjetivo, trabalho, comparação entre grupos.