Misiones ante o avanço brasileiro: a fronteira Brasil-Argentina na visão de Juan Bautista Ambrosetti (1891-1894) (original) (raw)
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2019
O presente trabalho consiste numa proposta de análise de um dos relatos realizado pelo viajante argentino Juan Bautista Ambrosetti que, partindo de Buenos Aires se dirigiu a Misiones, fronteira no nordeste argentino, e publicou textos sobre a região na última década do século XIX. A questão do avanço da fronteira (um tópico comum às novas nações americanas do século XIX) se fez presente no debate intelectual e político argentino. O fato de Misiones ser uma região de fronteira com o Brasil acabou por gerar problemas de litígio de fronteira entre os dois países. A primeira das três expedições realizadas por Ambrosetti se passou quatro anos antes da assinatura do Tratado de Palmas (1895), que estabeleceu as fronteiras definitivas entre Brasil e Argentina na região, sendo que uma grande porção de território que a Argentina considerava como parte de Misiones, após o Tratado acabou sendo incorporada ao território brasileiro. Sua primeira viagem, realizada em 1891, contou com a peculiaridade de ter tomado a rota do rio Uruguai. Assim sendo, não deixou de realizar incursões pelo estado do Rio Grande do Sul, sendo o relato do viajante um espaço para manifestações deste sentimento para com o “outro” brasileiro presente no outro lado da fronteira.
Jamaxi - Revista de História da Universidade Federal do Acre (UFAC)
RESUMO Este estudo consiste numa proposta de análise do relato de viagem realizado pelo argentino Florencio de Basaldúa, que se dirigiu à fronteira Brasil-Argentina entre 1897 e 1898. O intuito do presente estudo é desenvolver uma maior compreensão sobre a visão que o autor mantinha sobre essa região de fronteira. Para analisar este espaço, utilizamos os conceitos de " Borderland " (Herbert Bolton) e da História Espacial (Paul Carter), ampliando assim a ideia de considerar a fronteira somente como uma linha demarcatória. Naquela altura a fronteira política que estava por ser demarcada pelos políticos do Rio de Janeiro e Buenos Aires fazia pouco sentido para a maioria das populações que ali viviam no espaço onde hoje se encontra a província de Misiones (Argentina) e as regiões oeste dos estados brasileiros do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul Palavras-chave: Fronteira, Relatos de Viagem, Borderland, Historia Espacial A FRONTEIRA COMO UM ESPAÇO HÍBRIDO O imaginário sobre a fronteira era algo comum às novas na-ções americanas recém independizadas do controle metropolitano europeu no século XIX. Foi o momento onde alcançaram a tão almejada emancipação po-lítica. Nesse novo cenário, outro problema era colocado: como seria possível ocupar os vastos espaços herdados dos antigos poderes coloniais? Sendo assim, o tema da fronteira era um ponto chave para a construção das nações americanas, especialmente para os novos países dotados de uma grande extensão territorial, como era o caso dos Estados Unidos na América do Norte, e de Brasil e Argentina, ao sul do continente. No caso estadu-nidense, foi a fronteira que deu legitimidade à identidade nacional do país através da expansão da colonização rumo ao oeste. O caso da Argentina não diferia da nação do norte, a herança do poder metropolitano, essencialmente concentrado na costa atlântica, era um problema a ser resolvido pela ocupação de suas fronteiras internas, o que po-deria possibilitar a solidificação de seu projeto de Estado. O cenário intelectual novecentista na Argentina fervilhava em torno dessa questão. A dicotomia civilização e barbarie, pensada por intelectuais
Entre África e Europa: Estudos Históricos em Homenagem ao Professor Helder Adegar Fonseca - Coordenação Fernando Martins; Maria Ana Bernado; Paulo E. Guimarães, 2022
Ao longo da formação dos Estados nacionais em países de colonização portuguesa e espanhola, a ocupação das fronteiras foi um processo marcado por disputas externas e disputas internas, as quais, geralmente, estiveram associadas a conflitos pela posse da terra. Essa dinâmica da ocupação do espaço entre os Estados nacionais fez aflorar o problema da construção do território nacional de cada país quanto à fronteira externa, especificamente no que tange à definição de marcos geográficos, políticos, econômicos e sociais voltados ao estabelecimento do fim e do início dos territórios brasileiros e argentino (Schallenberger 2008). No entanto, há que se destacar ainda, nesse processo, que a problemática não se limitou à fronteira externa, haja vista que do ponto de vista interno, cada Estado operou a seu modo para garantir a ocupação, embora, em linhas gerais, a dinâmica da ocupação interna dos territórios se entrecruze: a criação de municípios e Unidades Federativas (Estados) no Brasil e de departamentos e Províncias na Argentina, cada qual mobilizado com vistas a atrair correntes imigratórias para a garantir a ocupação territorial (Motta e Machado 2008). Conforme aponta Erneldo Schallenberger (2008, 2) as formações das fronteiras externa e interna não se limitaram apenas à construção do território, "mas mobilizaram, entre ameaças, conflitos e tensões, sujeitos
RESUMO: O presente trabalho visa analisaras relações conflituosas que se forjaram no processo de ocupação da fronteira transnacional entre Argentina e Brasil a partir de relatos de viajantes argentinos e brasileiros no período correspondente entre 1850 e 1930. O objeto de estudo desta pesquisa é a fronteira transnacional entre a Província do Paraná (Brasil), a Oeste e a Província de Misiones (Argentina), a Nordeste. A análise aqui estabelecida se baseia numa perspectiva comparada e transnacional que busca compreender de que forma se deu a ocupação deste espaço e quais conflitos marcaram a posse da terra e a colonização nas fronteiras internas destas províncias. Há, nos relatos dos viajantes, uma acentuada preocupação em torno da apresentação do tipo de sujeito que habitava a fronteira. Busca-se, desta forma, reconstituir o processo de colonização da fronteira com base nas práticas sociais presentes nos relatos destes viajantes e perceber as relações de poder que o norteou, inventariando e tipificando os conflitos existentes no exercício da hegemonia de grupos locais e regionais. Estes relatos apontam semelhanças e diferenças na intervenção estatal, militar e policial de cada país e contribuem para apresentar a faixa de fronteira como um espaço de cenários contraditórios e de conflitos pela posse da terra entre ervateiros, colonos (imigrantes) e indígenas.
Rumo à fronteira de Misiones: O “Destino Manifesto” Argentino (1882-1898)
This research is a proposal for analysis of reports made by Argentine travelers with a starting point in common - Buenos Aires – that went to Misiones border region in northeastern Argentina and published texts about it in the last two decades of the XIX century. The question of frontier advance - a common thread to the new American nations of the nineteenth century - was present in the Argentine intellectual and political debate. One of the guiding points of this work is the inspiration in Manifest Destiny, an ideology originally linked to the United States, which was reinterpreted in the Argentine intellectual environment.
Entre Sertões e Desiertos: Viajantes brasileiros e argentinos na fronteira (1882-1905)
Tese de doutorado
The present research consists of an analysis’ proposal of reports made by Brazilian and Argentine travelers who went to the Brazil-Argentina border and published texts about the region between 1882 and 1905. In order to analyze this space disputed by the two nations, we expanded the idea of conceiving the border only as a demarcation line to be able to look at the diverse movements and populations flows from the most varied origins. It was not a consolidated territory, but an indefinite space, such as a “borderland”, idealized as a “sertão” by Brazilians and as a “desierto” by Argentines. In addition to the glances between Brazilian and Argentine travelers themselves who disputed the quarrel space on behalf of their respective national States, the outlook that these foreigners expressed on the populations of this space, composed of mestizos, “gauchos”, “sertanejos” and indigenous, is also source for analysis. This ended up conforming to an original look, within an Americanist proposal that differed from European reports about America. This time, it was the Americans looking at their unknown interior vastness. A presente pesquisa consiste numa proposta de análise de relatos realizados por viajantes brasileiros e argentinos que se dirigiram à fronteira Brasil-Argentina, onde hoje, no lado argentino, se localizam as províncias de Corrientes e Misiones, e, no lado brasileiro, o sudoeste do Paraná e as regiões oeste de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Essas expedições resultaram na publicação de textos sobre a região entre 1882 e 1905. Para analisar esse espaço disputado pelas duas nações, ampliamos a ideia de conceber a fronteira apenas como uma linha demarcatória para poder olhar os diversos movimentos e fluxos de populações das mais variadas origens. Não se tratava de um território consolidado, mas de um espaço indefinido, tal como uma “borderland”, idealizado como um sertão pelos brasileiros e como um desierto para os argentinos. Para além dos entreolhares manifestados entre os próprios viajantes brasileiros e argentinos que disputavam o espaço em litígio em nome de seus respectivos Estados nacionais, também é motivo de análise o olhar que esses forasteiros manifestaram sobre as populações deste espaço, composta por mestiços, gauchos, sertanejos e indígenas. O que acabou por conformar num olhar original, dentro de uma proposta americanista que diferia dos relatos europeus sobre a América. Desta vez, eram os americanos a olharem para suas desconhecidas vastidões interiores.
Tempo
Resumo: De monarquista a cidadão boliviano, com ou sem cargos de mando, Sebastián Ramos desempenhou uma trajetória na fronteira entre a Bolívia e o Império do Brasil que nos permite perceber jogos institucionais e atitudes particulares nas margens dos dois países em construção. Por várias vezes, ele foi a pessoa mais adiantada em território boliviano a desafiar o progressivo avanço do Império antes de um tratado oficial de limites. Por outro lado, suas posições na zona fronteiriça serviram de justificativa para o Brasil tomar terras a oeste.