Weber e Japiassu: Breves considerações sobre o saber científico nas Ciências Sociais (original) (raw)

Weber e Elias: Pontos e Contrapontos Na Metodologia Das Ciências Sociais

1998

Dada a leitura apressada de alguns pesquisadores no campo da Historia do Lazer, Esporte e Educacao Fisica quanto ao modelo teorico a ser adotado em seus estudos, o artigo traz uma breve analise comparativa entre dois autores classicos da sociologia, tentando aproxima-los e diferencia-los nos aspectos que considero importantes ao abordarmos conhecimento sociologico. O objetivo central e demarcar posicoes teorico-metodologicas entre Max Weber e Norbert Elias, pressupondo uma consideravel diferenca entre esses autores quanto aos seus procedimentos de pesquisa e sua visao de sociedade. Palavras-Chaves: Sociologia; Analise comparativa, Weber e Elias. WEBER AND ELIAS: POINTS AND COUNTERPOINTS IN THE METHODOLOGY OF SOCIAL SCIENCES Edilson Fernandes de Souza Abstract Due to superficial studies that have been achieved for some researchers on the History of Leisure, Sport and Physical Education Study Areas once considering the theorical model that have been adopted on their study approaches, ...

Ciência “sem pressupostos” e a naturalização dos valores em Max Weber

Ciência como Vocação. Racionalidades e irracionalidades no velho e no novo mundo, 2020

Fruto de um enfoque multidisciplinar, o presente livro tece diversos temas que se recobrem, reunindo os enfoques de filósofos, historiadores, sociólogos, cientistas políticos e antropólogos. Em muito o leitor poderá se beneficiar ao confrontar os registros de uma mesma reflexão reapropriados por diferentes leituras. Dividido em quatro PARTES, o livro explora as tensões do pensamento weberiano, seja analisando a controvertida relação da fundamentação dos valores; seja examinando as antinomias do processo de racionalização; seja confrontando, outrossim, as possibilidades ainda abertas pelo protestantismo como forma de socialização; seja, por fim, ao pôr em perspectiva a força e o alcance das propostas metodológicas weberianas.

Para Além Do Conhecimento Científico: A Importância Dos Saberes Populares Para O Ensino De Ciências

2015

Este trabalho tem por objetivo estabelecer uma discussao sobre a importância da insercao dos saberes populares no ensino de ciencias e no pensamento cientifico. Ao se levar em conta as culturas dos individuos e da comunidade em que se inserem, os conhecimentos proibidos ganham espaco na formacao dos estudantes e novos paradigmas podem ser estabelecidos. A partir disso, podemos construir um fazer pedagogico que seja muito mais prazeroso e, tambem, ampliar os horizontes do conhecimento academico. Nao se trata de reduzir o status do conhecimento cientifico, mas elevar as outras formas de conhecimento, fazendo relacoes entre saberes, apresentando, explorando e discutindo diferentes visoes de mundo. Acreditamos que levar em conta os saberes populares dos estudantes e uma ferramenta humanizadora e uma forma de levar em conta a subjetividade do aluno e situa-lo como transformador de seu proprio mundo, fazendo assim uma educacao cientifica critica e cidada.

HABERMAS, Jürgen. Técnica e ciência como ideologia

Todos os direitos reservados para a lingua portuguesa por Edic;5es 70, L. da, Lisboa -PORTUGAL EDlC;OES 70, LOA., Av. Elias Garcia, 81 r/c, -1000 LISBOA Telefs. 7627 20 I 762792 ,I 76 28 54 Telegramas: SETENTA Telex: 64489 TEXTOSP Esta obra esta protegida pela lei. Nao pode ser reproduzida, no todo ou em parte, qualquer que seja 0 modo utilizado, inc1uindo fotoc6pia e xeroc6pia, sem previa autorizac;ao do Editor. Qualquer transgressao a Lei dos Direitos de Autor sera passive! de procedimento judicial.~diC:;OeS 70 Hegel profenu em lena noS anos 1804/1805 e 1805/1806 as Lc;oessobre a filosofia da natureza e do espfr.•. to. A filosofia do espfrito rehga-se ao sistema da eticidade, fragmentariamente elaborado. Estas pec;as de Hegel (~) encontram-se ainda sob a influencia do estudo da economia polftica, que Hegel entao explorara. A investigac;ao marxista de Hegel (2) chamou sempre a atenc;ao para esse ponto. No cntanto, ainda na~se teve suficientemente em conta a posiao especial que, no seu sistema, ocupa a filosofia do esplrito do perfodo de lena. Continua a dominar a opiniao, que ja Lasson expressara no Pr610go .a edic;ao das lic;oes de lena: estes trabalhos considetam-se como uma .etapa previa da Fenomenologia e acentuam-se os sens paralelos com 0 sistema posterior. Em contrapartida, quero defender a tese de que, nessas duas seriesde lic;oesde Ien~, Hegel poe na base do processo de formac;ao do espiIito uma concepc;ao sistematica peculiar, mais tarde abandonada. (*) Publicado originalmente em H. Braun e XX. Riedel (eds.), Natur und Geschichete. Karl Lowith zum 70. Geburtstag, Estugarda 1967, pp, 132-155. (I) 0 System der Sittlichkeit cita-se segundo a edic;ao de Lasson, Hegets Schrijtenzur Politik und Rechtsphilosophie, Vol VII das O. C., Leipzig 1923, p. 415-499. As duas versoes da Philosophie des Geistes de lena foram igualmente editadas por Lasson:

Alguns " ismos " das Ciências Sociais

A humanidade caminhou, ao longo dos séculos, buscando compreender sua origem e destino. Desde o epicurismo, o ceticismo, o estoicismo, sempre vivemos em meio aos "ismos", mas não conquistamos quase nada além do epicurismo e do estoicismo, mesmo com o cristianismo, o marxismo e outros "ismos" que ceifaram milhares de vidas inocentes.". (J. F. Megale)

Notas do Subsolo como novela científica

Revista Temporalidades, 2024

Notas do Subsolo, de Dostoiévski, tem sido apontada na literatura científica como obra que coloca em questão o racionalismo de sua época. Além disso, vem sendo estudada a partir de paradigmas psicanalíticos e materialistas por uma série de pesquisadores contemporâneos. Perspectivada como uma novela científica (especificamente epistemológica), operamos uma inversão epistemológica: usaremos o arcabouço teórico do homem do subsolo para estudar os métodos (notadamente psicanálise e materialismo dialético) que foram usados para estudá-lo [ao homem do subsolo]. Como resultados, demonstramos a psicanálise como uma pseudociência e o materialismo dialético, quando usado nas ciências históricas, como uma protociência. Concluímos identificando no "método do subsolo" os traços característicos do ceticismo como base filosófica para o fazer científico. Palavras-chave: Literatura russa; Metodologia científica; Ceticismo. - No presente artigo, operaremos uma inversão teórico-epistemológica e metodológica: usaremos o arcabouço teórico do homem do subsolo para estudar os métodos (notadamente psicanálise e materialismo dialético) que foram usados para estudá-lo [ao homem do subsolo]. Em se tratando de um artigo derivado de pesquisa aplicada (temos por objeto uma obra literária a ser investigada no seu conteúdo), não será escopo do presente a teorização preliminar ampla a respeito da construção histórica da noção de Verdade Científica nem todo o processo de investigação linguística dos critérios de legitimidade do fazer científico em ciências humanas, posto que esses percursos contemplam um esforço de investigação em ciência básica/pura que tomaria a extensão de, ao menos, um outro artigo completo per si. Pressupomos que o leitor, em sendo um cientista humano (em formação ou formado), compreende minimamente as bases científicas do seu fazer ou interessa-se por ele. Aqui, então, partiremos já da nossa opção pela vertente essencialista de Wittgenstein. Para fins de transparência e didatismo, indicamos três leituras outras que podem ser de valia ao leitor interessado pelos alicerces em pesquisa básica que sustentam esta pesquisa aplicada: a) o próprio Tractatus logico-philosophicus de Wittgenstein (1968), com a consolidação e sistematização dos critérios e limites do conhecimento segundo sua filosofia da linguagem, um trabalho de verticalização da estrutura do conhecimento e de fonte primária (o próprio filósofo da linguagem que o estrutura); b) o artigo A classificação dos projetos e teorias da verdade e o lugar da teoria da correspondência e do pragmatismo de Eduardo Simões (2019), que localiza, dentro do rol de teorias da verdade mais relevantes produzidas até a contemporaneidade, o projeto de Wittgenstein do qual nos valemos e permitirá ao leitor conhecer o espaço disciplinar que serve de sorvedouro para as mais diversas teorias da verdade e enveredar-se por elas conforme seu interesse; c) a tese de doutoramento intitulada Anticristos econômicos e as filosofias da antiguidade clássica em Deuses econômicos de Dyonelio Machado, de Rafael Sarto Muller (2023), em especial nos itens 2.2 (Bases epistemológicas da metodologia) e 3 (Seção I), em que são contemplados de forma mais extensiva (pela liberdade de laudas para o fazer) os percursos linguísticos que dotam de poder e crivo de verdade as autoridades, demarcadas topograficamente por suas titulações. Para tanto, retoricamente, valemo-nos de três seções: a) na primeira, uma revisão de literatura não sistemática de artigos recentes que abordaram a obra, apontando aquilo que consideramos alguns achados e conclusões de interesse para nosso recorte de pesquisa; b) na segunda, a análise mais pormenorizada da psicanálise enquanto método (tal qual aplicada à obra), usando o método do subsolo; c) na terceira, a análise mais pormenorizada do materialismo dialético enquanto método (tal qual aplicado à obra), usando o método do subsolo. Em nossas conclusões, apresentaremos, enfim, que escola metodológica representa o homem do subsolo e que possui esse aspecto meta-metodológico: um método científico capaz de avaliar a cientificidade das ciências. O olhar da ciência atual sobre o homem do subsolo No trabalho de Amorim (2021), o homem do subsolo é comparado a Hamlet em virtude do contexto de escrita da obra – a alta probabilidade da influência shakespeariana sobre Dostoiévski – e pelo critério da angústia que marca uma consciência atormentada por questionamentos sobre si mesmo. Ele também acompanha Bakhtin considerando que o escritor rejeitava premissas monológicas, usando-se de modo dialógico para abordar a personalidade do protagonista como objeto de reflexão. Brandão e Vaucher (2021, p. 326) destacam um homem “ser de pulsões, paixões, identificações, complexos, traumas e caprichos [...] agressivo, desonesto e imoral”, tudo por vantagem, algo que todos nós seríamos. A abordagem dos autores é psicanalítica, creditando ao homem do subsolo duas impressões de destaque aqui: a) “homem que quer provar narcísica e sadicamente o impacto que o encontro com sua natureza lhe causa e o direito de ter posse do relato da própria miséria. O direito de compartilhar um detalhado desvelamento de seu fracasso, desde que isso tenha forma de liberdade” (Brandão; Vaucher, 2021, p.313); b) “homem, metamórfico, dual, contraditório, que pulsa vida e morte, que se aprisiona e se liberta, que em sua consciência crítica se julga, condena-se e se absolve, mas, em seu subsolo psíquico, apenas é o que não pode deixar de ser” (Brandão; Vaucher, 2021, p.313). Na linha dos anteriores segue Villaça (2021), pontuando a negação (segundo interpretação psicanalítica) dum sujeito que afirma em texto publicado que não publicará a narrativa e enfocando aquilo que chama suas insuficiências, alinhado com a noção de ser humano enquanto sujeito de faltas. Farina (2021) debruçará sobre a noção de doença do homem do subsolo, como decorrente de sua consciência exagerada e que o tornaria inapto para a ação, levando-o à introspecção, numa abordagem também que enfoca o sujeito e sua psiquê, chegando a considerá-lo vítima e carrasco de si mesmo, tomando essa contradição como própria do ser humano. Cabral (2016, p. 166), de viés materialista histórico e crítico, destacará que Memórias do Subsolo ultrapassa infinitamente o papel de opositor das ideias materialistas dos jovens radicais russos, visto que sua escrita comporta um conteúdo material tão significativamente explosivo que foi capaz de fazer frente a toda filosofia materialista que se inscreveu na tradição dialética hegeliano-marxista, tematizando o “fato trágico” a partir da desconstrução de todas as falsas reconciliações do materialismo moderno. Fernandes (2021) terá orientação também mais contextual, olhando às correntes de pensamento à época, notadamente racionalismo e romantismo, que serão trabalhadas na novela. Ele dirá: “a certeza de que as ideias materialistas e utilitaristas seriam o suficiente para guiar a ética humana, sem que fosse preciso recorrer aos preceitos religiosos do sacrifício cristão, despertou forte discordância em Dostoiévski” (Fernandes, 2021, p. 144). É nessa sequência que afirmará o desespero do homem do subsolo perante os desafios morais que a limitação da ciência (via seu determinismo) imporia ao ser humano moderno. Silva e Giacomelli (2022) recortarão exatamente, na sequência do anterior, a questão do determinismo dentro da novela russa. Com enfoque interdisciplinar, trazem do determinismo na física clássica de Laplace ao princípio da incerteza de Werner Heisenberg (característico da física moderna) as perspectivas de análise para equiparar o problema filosófico interposto na obra de Dostoiévski. A noção de loucura, tão comum inclusive ao estereótipo do “cientista maluco”, estaria aí amalgamada também no homem do subsolo em decorrência da extrapolação do determinismo laplaciano. Como se depreende, os quatro primeiros trabalhos adotam paradigma psicanalítico, os dois seguintes, materialista dialético, e o último seria o único de abordagem diversa – curiosamente, uma abordagem que toma a Física (Laplace e Heisenberg) como ponto de partida para pensar a Literatura, num exercício importante de interdisciplinaridade. Partamos, então, deste último, que seria o único para o qual faltaria seção específica na estrutura deste artigo e que muito se aproxima de um ponto que consideramos central no “método do subsolo”: o embate entre determinismo e livre arbítrio. O homem do subsolo dirá:

A Socialização Do Conhecimento Científico: Um Estudo Numa Perspectiva Discursiva

2016

The goal of this work is the study of the socialization of the scientific knowledge produced by the scientific community that wishes to communicate it to “extended community”. We assume the socialization of knowledge as a condition of production of meanings, in a discursive perspective, which will allow us, more than the scientific information that wishes to communicate, to think about the actions involved in this (in)formation processes and the mediations and necessary means to the process in socialization perspective considered here, i.e., that information generated in the scientific community if transformed into personal knowledge of “social individuals” for the construction of necessary meanings to the citizenship formation. The Discourse Analyzes, in the French perspective, according to Pecheux and Orlandi, functioned as a reference which allows us to face the problem and also characterize it in its theoretical and methodological approach

O conhecimento não verbal na História das Ciências: o saber-fazer de César Lattes

Estudos Avançados, 2023

O físico brasileiro César Lattes foi um dos principais responsáveis pelo trabalho de observação experimental do decaimento do méson pi no méson mi entre 1946 e 1948. Parte desse processo se deu através do desenvolvimento da habilidade visual de percepção das formas dos traços deixados pelas partículas nos detectores. Lattes aprendeu a “ver” os rastros deixados por mésons a partir das diferenças que eles possuíam se comparados aos causados por outras partículas. Apresentarei a dimensão não verbal da prática científica através de uma discussão de ideias de diferentes autores e de rascunhos de artigos e inscrições de Lattes em seus cadernos de laboratório. O intuito é compreender o papel do saber não verbalizado na observação dos mésons e o que Lattes compreendia sobre sua própria prática.

Sobre o conhecimento para Karl Popper e Ludwing Wittgenstein

A evolução da raça humana esteve, desde o início, ligada à busca pelo conhecimento, por explicações dos fenômenos existentes tanto na natureza quando no mundo individual e social. Nossa realidade se altera constantemente conforme apreendemos as novas versões que a descrevem. Esses diferentes pontos de vista que tentam fundamentar uma compreensão para o alcance de um conhecimento são postos à prova de muitas maneiras, assim, um conhecimento que parecia verdadeiro e aceitável em um determinado momento, noutro, pode tornar-se falso. Entretanto, como visto, essa concepção explicita que não temos garantia de um único conhecimento poder ser algum dia alcançado.

A ingenuidade da ciência (HUSSERL, Edmund)

2009

A ingenuidade da ciência 1 (Resumo:) Primeira ingenuidade da ciência -seu caráter relativo ao homem normal, ao "animal rationale" ou, mais exatamente, ao ser sensível normal e racional. A razão enquanto problema, o enigma da pressuposição da razão. O psicólogo a tematiza, tomando-a já como pressuposta.