ATUALIDADE DO CONCEITO DE INTERSECCIONALIDADE PARA A PESQUISA E PRÁTICA FEMINISTA NO BRASIL (original) (raw)

Resumo: Interseccionalidade, conceito cunhado e difundido por feministas negras nos anos 1980, constituí-se em ferramenta teórico-metodológica fundamental para ativistas e teóricas feministas comprometidas com análises que desvelem os processos de interação entre relações de poder e categorias como classe, gênero e raça em contextos individuais, práticas coletivas e arranjos culturais/institucionais. Há, contudo, uma plêiade, por vezes contraditória e vazia de sentido, de usos e concepções acerca do conceito. No presente texto, analiso a recepção e difusão do conceito de interseccionalidade no Brasil e sua influência sobre o pensamento feminista negro no país. Na primeira parte do artigo, apresento a-americano e sua recepção no Brasil. A seguir, me debruço sobre os múltiplos sentidos que o conceito tem adquirido, sobretudo no que tange à quais, e em que contextos, categorias de diferenciação privilegiar, ao peso conferido às relações de poder e ao espaço de negociação, individual e/ou coletiva, conferido aos atores sociais. Finalmente, reflito sobre a atualidade do conceito para estudos de gênero no Brasil, argumentando que um de seus pontos fracos-sua maleabilidade e imprecisão teórica-também garante sua vivacidade e popularidade. Palavras-chave: Interseccionalidade; Feminismo negro; Categorias de diferenciação; Estudos de gênero. As Fronteiras entre Raça e Gênero no Ativismo Social Brasileiro No esforço de entendermos a recepção do conceito de interseccionalidade no contexto das práticas e teorias feministas a partir da década de 1980, faz-se mister reconstruir o percurso histórico de formação do ativismo negro e do movimento de mulheres no Brasil contemporâneo, bem como seus dilemas para incorporar pautas específicas das mulheres negras.