Jovens produtores culturais de favela (original) (raw)
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Becos, brechas, favelas: os corres de jovens produtores culturais de territórios populares
Dissertação de Mestrado em Cultura e Territorialidades, 2015
Esta dissertação relata e busca interpretar táticas de produção cultural realizadas por dois jovens moradores de periferias do Rio de Janeiro, tendo como campo de investigação seus territórios de moradia e circulação na cidade. Foram feitas escutas sobre percursos biográficos e observações com olhar atento sobre trabalhos de produção cultural. Movimentos culturais juvenis contemporâneos estabelecem redes e ações políticas e culturais de novo tipo no espaço público. Percebe-se que as redes de relacionamentos, as conexões culturais e políticas produzem configurações sociais nos territórios populares e incidem sobre os processos de individuação e transição para a vida adulta. Os jovens atores sociais moradores de favela que foram acompanhados durante a pesquisa estabelecem táticas específicas de produção cultural e depositam no campo simbólico o espaço-tempo do reconhecimento de suas ações políticas de transformação da cidade a partir dos territórios populares. Partindo de uma perspectiva transversal, três conceitos, acompanhados de bibliografias específicas, foram determinantes para o olhar sobre os processos de individuação dos jovens: a cultura, como elemento fundamental no desenvolvimento de formas de vida (Stuart Hall e Nestor Canclini); a favela, enquanto territorialidade, espaço usado onde disputas simbólicas se interpõem aos estereótipos construídos sobre o espaço (Lícia Valladares, Ana Clara Ribeiro e Milton Santos); e a juventude, enquanto categoria cambiante que passa por um importante processo de reconfiguração na sociedade da informação (Rossana Reguillo e Alberto Melucci). A pesquisa concluiu, entre outras coisas, que transformações tecnológicas e afetivas têm dado conta de novas formas de trabalho e visões de mundo operadas por agentes sociais cada vez menos marginalizados. As ações realizadas por esses jovens vão ressignificando a produção cultural e servindo como instâncias socializadoras fundamentais na identidade e nos modos de individuação desses sujeitos.
Processos criativos na produção fílmica de jovens de Sapopemba, periferia da Zona Leste de São Paulo
Introdução: As artes na periferia são potentes formas de atuação coletiva no mundo com capacidades transformadoras potencializadas pela popularização das novas tecnologias comunicacionais e pelas boas práticas artísticas. Reorganizando a dialogia entre os diversos agentes da produção artística, elas propiciam transformações intersubjetivas, em que ao tentar modificar o mundo, os coletivos e indivíduos também se modificam. Objetivo: Analisar os processos criativos dos jovens da periferia de São Paulo na elaboração de sentido durante a produção e exibição fílmica. Método: Pesquisa qualitativa de caráter analítico-descritivo, fundamentada na antropologia fílmica. Os sujeitos da pesquisa: jovens de 14-24 anos, matriculados na rede pública de ensino, participantes de atividade de contra-turno escolar em uma ONG de Sapopemba, Zona Leste da cidade de São Paulo. Os dados do campo etnográfico foram triangulados com base em narrativas captadas a partir da análise de filmes do banco de imagem das Oficinas Kinoforum de formação audiovisual, oriundas de diversas regiões da cidade de São Paulo e com os dados gerados a partir da exibição dos filmes na comunidade e na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Resultados: Evidenciou-se que o virtual possui restrições inerentes às questões de território e tende a redimensionar os territórios reais, reelaborando-os e produzindo significação para os sujeitos da pesquisa. Os três eixos temáticos que emergiram da análise dos filmes, do banco de filmes - (1) Religiosidade, (2) Lazer e tempo livre. (3) Mobilidade e afetividade - revelaram sobreposição de conteúdos vividos e projetados na Internet. A produção de filmes melhorou a auto-estima dos jovens que se reconheceram capazes de concretizar por si mesmos uma leitura do mundo em que vivem. Conclusão: A convivência no território virtual ampliou experiência concreta ainda que ambas as experiências pudessem ser identificadas nas temáticas. Por sua característica fluida e reticular, o virtual amplia a experiência vivida e propicia formas de socialidade. A prática da produção fílmica, no contexto pesquisado, estimulou a busca por profissões associadas à criatividade e ao mercado de economia criativa, ampliando as opções para além dos trabalhos precários.
Produção Audiovisual com jovens de comunidades rurais no Sul do Brasil
TOMA UNO
O projeto Vídeo Entre-Linhas: formação de jovens realizadores em Frederico Westphalen e região é realizado nas chamadas Linhas, que são localidades rurais. O principal público é o de jovens que participam de oficinas de audiovisual, ministradas por estudantes de Comunicação da UFSM. Ao final, produzem vídeos que são difundidos nas comunidades. O objetivo é capacitar os jovens para a produção da cultura audiovisual e para a sua leitura crítica. Como resultados, apontam-se o valor da atividade extensionista em regiões periféricas; a inclusão social e tecnológica de jovens; o envolvimento comunitário; e a melhor formação de comunicadores, comprometidos com a transformação social.
Ponto E Virgula Revista De Ciencias Sociais Issn 1982 4807, 2008
Esse artigo trata da situação dos jovens indígenas na região metropolitana de São Paulo. Trata-se de uma primeira aproximação ao tema, que será objeto de pesquisa vinculada ao projeto "Jovens urbanos: ações estético-culturais e novas práticas políticas" (CLACSO/PUCSP). Jovem indígena é uma categoria em construção, emergente no contexto urbano, onde assume características peculiares, com muita dificuldade de reconhecimento. Uma série de iniciativas já estão presentes na realidade brasileira no sentido de formulação de políticas públicas voltadas especificamente para esses jovens.
A realidade do empreendedorismo na favela
2015
Sabe-se que nas favelas concentram-se diversos arranjos econômicos e sociais informais. Neste post, Isabella Nunes Pereira apresenta os resultados de sua pesquisa sobre o empreendedorismo conduzido por moradores da Rocinha, a maior favela do Rio de Janeiro. Ela acha que, neste contexto de elevado risco, os empresários são orientados pelas ações, ao invés de orientados a obtenção de metas, desafiando o entendimento do empreendedorismo com base no tradicional pensamento econômico
Rio de Janeiro: Um território em mutação, 2012
A partir do caso da ONG TV Morrinho, localizada na favela Pereira da Silva, Zona Sul do Rio de Janeiro, este artigo analisa a produção de imagens “alternativas” sobre as favelas por seus jovens moradores, participantes de “projetos sociais” realizados por organizações não governamentais. Nesse sentido, discuto como algumas dessas iniciativas buscam ocupar um lugar no espaço público como representantes dos moradores de favelas, já que cada vez mais as associações de moradores vêm perdendo força e legitimidade. Ao mesmo tempo, as chamadas “ONGs de dentro” trazem a temática da autorrepresentação para o “mercado dos projetos sociais”, articulando assim uma lógica que vê a favela como lugar do risco com outra que identifica na favela uma “cultura”, que precisa ser valorizada como forma de garantir a seus moradores os direitos de cidadania.
Esta comunicação apresenta alguns resultados do meu projeto de pesquisa "Juventude e criminalidade urbana no Rio de Janeiro: representações e intervenções sobre um 'problema'”. O objetivo do projeto é compreender como os jovens habitantes de territórios periféricos engajam-se na produção de imagens sobre seus locais de moradia e sobre si mesmos, em organizações sociais atuantes nas suas localidades, e como essas novas representações se distanciam ou se aproximam das representações hegemônicas, particularmente as expostas nas páginas de jornais impressos e nos diversos blogs (de moradores de favelas, policiais, etc.) existentes na internet que discutem o tema. Nesse sentido, procuro compreender sobre que representações das favelas e de seus moradores a discussão sobre a Segurança Pública no Rio de Janeiro está sendo construída, buscando como pontos de referência a produção interna das favelas (a 'autorrepresentação'2) e a produção externa 'sobre' as favelas, acessível através da produção audiovisual e da mídia impressa e digital3. Busco argumentar nesta comunicação que, ainda que esses espaços configurem uma arena importante de atuação pública e de participação, o formato de atuação através de “projetos sociais” – formato por excelência de atuação das ONGs – impõe sérias limitações à ação coletiva dos moradores de favelas, em função das regras para se ter sucesso dentro do “mercado de projetos sociais”.