Nem Nevenge, Nem Porn: Analisando a exposição online de mulheres adolescentes no Brasil (original) (raw)
O termo revenge porn popularizou-se internacionalmente por comunicar uma modalidade virtual de violência: o ato de um ex-parceiro tornar online imagens ou vídeos íntimos com teor sexual públicos online. A rigor, o chamado revenge porn poderia vitimizar qualquer pessoa, mas em geral envolve a violação de mulheres. O impacto sobre a vida das vítimas de revenge porn pode ser devastador: algumas são forçadas a abandonar a escola, o local de trabalho, ou a retirar-se do convívio social; outras enfrentam depressão e até mesmo cometem suicídio. Embora essa forma de violência existisse anteriormente - o ato de circular informações privadas de um relacionamento íntimo anterior a fim de prejudicar a outra pessoa não é novidade – as tecnologias de informação e comunicação (TICs) fazem com que o impacto seja sentido de forma mais ampla. Em razão das várias mulheres afetadas pelo revenge porn on-line, o tema está agora no centro do debate feminista. Ao redor do mundo, todos os atores sociais - governo, setor privado e sociedade civil - têm desenvolvido iniciativas para discutir e propor alternativas para a erradicação ou minimização dos efeitos do revenge porn. Existem projetos de lei e legislações que responsabilizam autores da divulgação de imagens/vídeos, campanhas de conscientização da população e para oferecer apoio às vítimas, ou iniciativas de empresas de Internet para remover essa espécie de conteúdos. Não tem sido diferente no Brasil. No entanto, quando acompanhamos aqui este problema, deparamo-nos com uma situação peculiar: um caso em que adolescentes com idades entre 12 a 15 anos, moradoras da periferia de São Paulo, foram expostas on-line, em um fenômeno que ficou conhecido como o "Top 10". Entretanto, esse fenômeno não se encaixava na definição estrita de "revenge porn". A análise desse problema, combinada com um olhar mais geral para o que o governo pode fazer, oferece possíveis ideias sobre como criar políticas públicas para a violência contra as mulheres na Internet no Brasil e, nós suspeitamos, no resto do mundo.