História e Sociologia: um par necessário (original) (raw)

Historiadores e Sociólogos no Espelho

2015

Publicado pela Editora 34 em 2014, a obra Sociologia no Espelho – ensaistas, cientistas sociais e criticos literarios no Brasil e na Argentina (1930-1970), de Alejandro Blanco e Luiz Carlos Jackson, tras contribuicoes importantes para a reflexao em torno do processo de estruturacao das disciplinas universitarias nos dois paises. A obra, que transita pelos dois contextos, se propoe a uma leitura comparada da historia intelectual, e e um contributo valioso para pensar as vinculacoes entre campo politico, campo academico e espacos de circulacao de ideias nos dois paises.

Uma arqueologia da sociologia?

Cadernos De Ética E Filosofia Política, 2(35), 143-152., 2019

Resumo: O objetivo deste artigo é apresentar as relações entre a reflexão de Foucault a respeito da "episteme moderna das ciências humanas" dos discursos das "sujeições antropológicas" e da emersão de "dispositivos estratégicos" com a sociologia, especialmente com os temas relacionados ao conceito de sociedade e à polarização entre agência e estrutura. A sociologia seria uma derivação da episteme moderna das ciências humanas, cuja principal característica é o processo moderno de "antropologização" do pensamento, constituindo-se, assim, como um dos discursos das "sujeições antropológicas" e forjando dispositivos estratégicos de poder. Palavras-chave: episteme -modernidade -humano -sociedade -sociologia.

A Sociologia Histórica: rumos e diálogos atuais

A sociologia histórica aborda processos de mudança e continuidade sociais e revela a arbitrariedade de muitos arranjos sociais. Os clássicos da sociologia focalizavam processos de mudança social e abordagens históricas predominavam na sociologia alemã entre as guerras, mas só reemergiram com força a partir das décadas de 1960 e 1970 nos Estados Unidos, onde a nova sociologia histórica focalizava estruturas políticas e econômicas. A partir da década de 1980, a área dialoga com abordagens enfatizando a construção social das identidades, as subjetividades e as representações coletivas, como a história oral, o feminismo ou os estudos pós-coloniais. Atualmente, este subcampo resiste ao reducionismo e prioriza a análise processual de atores e eventos, além das interações de processos sociais distintas. Novas fronteiras na área incluem relações entre reprodução e mudança social, relações entre processos individuais e institucionais e o papel da narrativa na representação e interpretação da realidade social desde múltiplos pontos de vista. Palavras-chave: sociologia histórica; mudança social; sociologia processual.

Para além da história política: História e Historiografia

Revista Espacialidades, 2013

Entrevista concedida aos integrantes da Equipe Editorial da revista Espacialidades 2 . Espacialidades (E.) -Atualmente muito se tem discutido sobre a formação do historiador. Para começar nossa entrevista, o senhor poderia nos falar um pouco sobre sua formação acadêmica? Em termos de formação acadêmica em história, o senhor acha que muita coisa mudou de sua época até os dias atuais? Renato Amado Peixoto (R. P.) -Julgo que minha formação é bastante atípica: sai de uma escola técnica onde fiz o curso de geodésia e cartografia (a ENCE) para cursar Comunicação Social na UFRJ e, depois de um ano, fiz meu segundo vestibular, desta vez para História na UERJ. Acabei frequentando os dois cursos durante quase dois anos até finalmente optar pela história, me formando em 1989. Lembro que ambos os cursos emprestavam uma ênfase bastante grande à formação abrangente, multidisciplinar. Na UERJ, lembro que, ao lado de Farias; Renan Vinícius Alves Ramalho; Tyego Franklim da Silva.

GÊNERO E ENSINO DE HISTÓRIA: DEMANDAS DE UM TEMPO PRESENTE

Organização de protestos públicos para garantir a igualdade de gênero". Essa foi a alternativa C da amplamente debatida questão 1 da prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2015. A referida questão, em relação a qual pudemos observar as mais diversas reações, dizia respeito a máxima "Ninguém nasce mulher: torna-se mulher", de autoria de Simone de Beauvoir, citada textualmente no enunciado. As intensas reações à presença dessa questão no exame puderam ser percebidas no dia mesmo de sua realização, quando observamos o que se comentava em diferentes redes sociais. Posicionamentos de entusiasmo e alegria, pela visibilidade nacional possibilitada ao movimento feminista, dividiram espaço com críticas e reprovações ao caráter supostamente "indevido" da questão. Dentre as manifestações de agrado, podemos citar a veiculação de inúmeras fotos da questão, ilustradas com corações e exclamações. Os incontáveis compartilhamentos vinham comumente acompanhados por legendas entusiasmadas como: "eu vivi para ver um dia o Exame Nacional do Ensino Médio, Enem, perguntar sobre Simone de Beauvoir e o feminismo <3" e "Sabe por que é certo militar? Porque teve questão sobre feminismo e cultura patriarcal no Enem". 40 De maneira diametralmente contrária, o desagravo também se fez presente. Nesse sentido, reproduzimos abaixo a postagem de um promotor que ganhou grande repercussão devido ao teor inusitado de sua assertiva:

Sujeito Sociedade e Historia

Revista Farol , 2018

O artigo faz um enlace entre cinema, história, psicanálise e sociedade para trabalhar, através da análise de três filmes – Pan negro (Cinema Espanhol), Hiroshima, mon amour (Cinema Francês) e Adeus, Lenin! (Cinema Alemão) – com a dimensão histórica da subjetividade. Desta forma objetiva-se evidenciar o impacto que a realidade e os fatos de uma circunstância histórica têm sobre o psiquismo e a constituição dos sujeitos, sobre sua história e destino pessoal. Parte-se da perspectiva de que o aparelho psíquico é aberto, portanto suscetível às marcas do tempo e permeável à inscrição de vivências. Neste sentido, os filmes analisados refletem como a vida dos personagens está ligada ao contexto histórico que os circunda, atravessa e marca, inclusive de forma traumática, sua subjetividade. Memória, palavras e atos aparecem como elementos materiais capazes de permitir uma apropriação e elaboração da realidade externa, mesclando-se, contudo, com a força do desmentido, num jogo cambiante de ver e de negar, cujo desfecho faz toda a diferença para aquilo que cada personagem poderá vir a ser.