UM SÉCULO DE TRANSFORMAÇÕES NA HABITAÇÃO SOCIAL DO BRASIL: DOCUMENTAÇÃO E ANÁLISE DO CONJUNTO RESIDENCIAL MARQUÊS DE … (original) (raw)
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Investigamos as principais características da arquitetura habitacional coletiva que compreende a produção de edificações elaboradas segundo os princípios modernistas internacionais adotados no Brasil, período no qual se destacaram grandes autores e projetos nacionais. A partir de um estudo de levantamento de documentação gráfica, iconográfica e textual focado tanto na qualidade do partido arquitetônico, como nas questões relativas às tipologias constituídas, desenvolvidas e adotadas pelos adeptos desse modelo elaboramos então, a análise do material coletado sob o ponto de vista da realidade das condições de projeto e construção relativas ao Conjunto Residencial Marquês de São Vicente, construído entre 1952 e 1954, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, ainda capital federal. Esse edifício, além de ser considerado um dos ícones do Modernismo Brasileiro, tornou-se também um gigante da habitação social no país há seu tempo, com suas peculiaridades tanto no que diz respeito ao local de sua implantação, como também às soluções plásticas e estruturais adotadas, além do complexo e completíssimo programa para ele estabelecido, o que permitiu compreender as relações existentes entre as condições político sociais daquele momento e as possibilidades de inovação projetual implementadas pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy. No projeto foram estabelecidas diferenciações entre circulação de veículos e de pedestres, os acessos para automóveis foram perifericamente localizados onde também se dispuseram os estacionamentos. Reidy utilizou-se de uma forma serpenteante para o edifício residencial, colocado ao longo e seguindo o perfil da topografia do Morro Dois Irmãos que o recebeu. Manteve-se um andar livre entre os pavimentos que abrigaram os apartamentos criando uma alameda elevada de circulação de pedestres. Foram projetados para esse complexo, 748 apartamentos de diferentes tipologias sendo também previstos edifícios auxiliares para abrigar equipamentos urbanos tais como: creche, escola maternal, igreja, jardim de infância, escola primária, playground, mercado, lavanderia, posto de saúde, auditório ao ar livre, quadras de esporte, administração e serviço social, os quais não chegaram a ser construídos pela administração pública. Foram identificadas também, as técnicas construtivas envolvendo os padrões de soluções arquitetônicas disponíveis (materiais, tecnologia e mão de
Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, 2022
Observa-se atualmente um cenário de inflexões na política habitacional brasileira: princípios, narrativas e instrumentos até então amplamente disseminados são alterados ou suprimidos. O Programa Minha Casa Minha Vida, emblemático da atuação pública da última década, insere-se nesse contexto e sugere o encerramento de um ciclo. Com esse pressuposto, o artigo investiga os padrões de distribuição regional dos empreendimentos produzidos no âmbito do programa com base em uma abordagem supramunicipal, tendo como recorte de análise o território estadual. Por meio de um estudo de caso no estado do Paraná, os resultados do referido programa são avaliados e seus clusters regionais de atendimento são identificados. As conclusões ampliam a compreensão dos estudos realizados em contextos municipais e metropolitanos específicos, evidenciam arranjos regionais diversos daqueles de corte metropolitano e apontam para uma nova agenda de pesquisas, em um contexto no qual conteúdos programáticos e princípios são reformatados.
Ressignificação do lar: as mudanças da sociedade refletidas na configuração dos imóveis em Maringá
Economia & Região, 2016
O presente artigo visa descrever as características dos apartamentos residenciais das famílias Maringaenses, de classes A e B, entre as décadas de 80, 90 até os anos 2012, identificando quais mudanças ocorreram neste período, levantando a ressignificação dos espaços internos residenciais e compreendendo quais as forças que influenciaram estas mudanças. As características dos apartamentos foram estudadas década por década, dentro do período citado, junto a arquitetos que atuam na cidade de Maringá. Para alcançar os objetivos descritos, a metodologia escolhida foi de abordagem qualitativa, onde as ferramentas utilizadas foram a revisão bibliográfica do tema e entrevista semi-estruturada dos arquitetos. As conclusões desta pesquisa foram de que o apartamento procurado na década de 80 era aquele com estilo de uma residência horizontal e atendia uma família que exigia muito espaço interno, porém pouca praticidade. Na década de 90 os imóveis reduziram sua metragem, pode-se considerar um a...
CA P Í T U LO 05 O PMCMV E A INSERÇÃO URBANA DA HABITAÇÃO SOCIAL EM DOURADOS-MS
O Urbano em Mato Grosso do Sul: Abordagens e Leituras, 2020
Um problema recorrente na trajetória da política habitacional brasi-leira tem sido a dificuldade de definir localizações adequadas na malha urbana para os conjuntos habitacionais destinados à baixa renda. Em regra, a habitação social produzida por aquela política caracterizou-se, no de-correr do tempo, pelo baixo grau de inserção urbana, apresentando um reduzido nível de integração às múltiplas dimensões que promovem o espaço da casa à categoria de espaço urbano. Neste capítulo temos como objetivo examinar a qualidade da inserção urbana de dois conjuntos es-pecíficos, Deoclécio Artuzi I e II, destinados à baixa renda e promovidos pelo Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) em uma cidade mé-dia: Dourados-MS. A investigação da qualidade da inserção de um assentamento no es-paço urbano mais amplo não é um processo simplório e requer um esforço a fim de capturarmos suas várias formas de manifestação. Assim, objeti-vando alcançar maior grau de acurácia na avaliação do referido processo, 55 Professor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Federal da Gran-de Dourados-UFGD.
TRANSFORMAÇÃO NA PAISAGEM URBANA DE SÃO ROQUE DO CANAÃ
7º CONGRESSO INTERNACIONAL DE ARQUITETURA DA PAISAGEM, 2024
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