ANÁLISE MULTIVARIADA DA TEORIA À PRÁTICA (original) (raw)
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ELOGIO DA PRÁTICA COMO FONTE DE TEORIA
O interesse pelas condições tendentes á articulação entre o agir e o investigar acompanha a ainda recente trajectória de confirmação de uma cultura de investigação neste domínio. O reconhecimento do grau de licenciatura e o esforço de formação pós-graduada empreendida a nível nacional a partir dos anos 80-90 com os cursos de mestrado e de doutoramento, veio impulsionar as preocupações com a génese, natureza e conceptualização dos conhecimentos aplicados e produzidos no campo da prática profissional. No entanto, este empreendimento é ainda residual, permanecendo actual o discurso denunciador do fosso existente entre a teoria e a prática. Segundo os profissionais, as Universidades e Institutos ensinam teoria por vezes de forma desfasada da realidade de desempenho profissional, sem a necessária aproximação ao mercado de trabalho e às contingências da prática profissional, enquanto do lado dos estabelecimentos de ensino se reconhece a necessária articulação com o campo da prática, através dos estágios e do desenvolvimento de espaços teórico-práticos que permitam a partilha de conhecimentos, mas sempre com o reforço do valor da teoria como guia da prática. Esta questão não é recente.
ANÁLISE DA ANÁLISE: QUADRADO SEMIÓTICO E GRÁFICO TENSIVO
RESUMO: Neste artigo pretendemos mostrar algumas das razões que sustentam a tomada de posição de Greimas frente à Filosofia, isto é, sua recusa a entrar na discussão sem fim acerca da origem do sentido. Não lhe interessava explicar, por exemplo, o sentido último das estruturas sintáticas que criava, se inerentes ao objeto ou incrustradas no aparelho cognitivo do sujeito, mas, partindo de pressupostos epistemológicos "pouco numerosos e tão gerais quanto possíveis", proceder à formulação de estratégias de estruturação mínima do sentido via significação. Em seguida, buscamos demonstrar que o quadrado semiótico assume papel relevante como estratégia de manipulação do sentido via significação e que o gráfico tensivo constitui-se esquematicamente um seu prolongamento, voltado para a questão exclusiva do termo complexo. PALAVRAS-CHAVE: Análise; sentido; significação; quadrado semiótico; gráfico tensivo. ANALYSIS OF THE ANALYSIS: SEMIOTIC SQUARE AND TENSIVE GRAPHIC ABSTRACT: In this article we intend to show some of the reasons that support Greimas' position on Philosophy, that is, his refusal to enter the endless discussion about the origin of meaning. He was not interested, for exemple, in explaining the ultimate meaning of the syntactic structures that he created, whether they were inherent in the object or embedded in the cognitive apparatus of the subject, but, starting from epistemological assumptions "few and as general as possible", he was interested in proceeding with the formulation of strategies of minimum structuring through signification. Then, we aim to show that the semiotic square assumes a relevant role as a strategy of manipulation of meaning via signification and that the tensive graph is schematically an extension to the exclusive issue of the term complex. Análise da análise: uma transposição cientificamente orientada 1 Gostaríamos de colocar em debate o próprio procedimento da análise e promover o que poderíamos chamar, seguindo orientação de Zilberberg (2011, p. 38), de análise da análise, isto é, de um nível analítico que implicaria no mínimo uma dupla debreagem objetualizante instauradora de uma instância de enunciação como lugar de arbitragem de outras análises, que, queremos crer, tem sido a vocação da semiótica greimasiana desde as suas primeiras postulações.
NO CAMPO DISCURSIVO: TEORIA E ANÁLISE
2020
Qual o lugar do linguista na análise do discurso? É a perguntatítulo que guia o quarto capítulo, escrito por Pedro de Souza. A discussão se dá em torno de um debate de Foucault sobre A Arqueologia do saber, na Rádio France Cultura, em 2 de maio de 1969, em que os entrevistadores propõem a polêmica pergunta de qual seria a diferença entre objeto discursivo e não-discursivo. O destaque é para a resposta de Foucault: o objeto do discurso é fabricado pelo próprio discurso. Souza salienta que importante é se considerar a questão seguinte: sobre o discurso o que e como se analisa? Por fim, o autor propõe o emprego de certo conceito de discurso que não o pressupõe como objeto linguageiro a priori, e sim como prática resultante de um ato de fala. O quinto capítulo da primeira parte, O gêneros do discurso nos estudos discursivos de base dialógica, de Rodrigo Acosta Pereira, Luana de Araujo Huff e Amanda Maria de Oliveira, traz uma discussão teórico-metodológica acerca das contribuições da teoria de gêneros do discurso para os Estudos Dialógicos da Linguagem. Os autores retomam as explicações conceituais dos escritos do Círculo, à luz do discurso e da enunciação, delineando considerações tanto de base epistemológica quanto teórico-metodológica, e ratificam a posição de pesquisas de base dialógica que partem do matiz social, histórico e cultural para a materialidade linguística. Recepções do pensamento bakhtiniano no ocidente: a verbivocovisualidade no Brasil, escrito por Luciane de Paulae José Antonio Rodrigues Luciano, é o sexto capítulo deste No campo do discursivo. Propõe um levantamento analítico das várias recepções das obras bakhtinianas no Ocidente. Os autores apresentam uma leitura com vistas a compreender as particularidades dos textos no encontro com culturas diferentes, o que provoca interpretações do pensamento de Bakhtin e do Círculo de pontos de vista distintos. O estudo busca entender de que maneira essas recepções influenciaram a recepção brasileira a partir da reflexão acerca dos desdobramentos da filosofia bakhtiniana na contemporaneidade, sobretudo no Brasil.
A ANÁLISE RETÓRICA NA TEORIA DO DIREITO
Este artigo tem por objetivo discutir as possibilidades de se empregar o esquema da retórica analítica ao estudo teórico do direito em seus diferentes níveis de discursividade e reflexividade. A abordagem retórico-analítica pressupõe três diferentes níveis de retoricidade da linguagem: o material, o prático e o analítico. Procuro estruturar a própria ideia de direito a partir deste ponto de vista retórico afim de esboçar uma teoria retórica do direito. Desse modo seria possível estabelecer três níveis para a retórica do direito: o nível mais básico da retórica material do próprio vocabulário empregado na confecção de textos normativos; o nível intermediário da retórica da dogmática jurídica; e, por fim, o nível mais elevado, do ponto de vista reflexivo da argumentação, da retórica analítica da teoria e da filosofia do direito. Se essa hipótese se confirma, será possível afirmar que o direito é um fenômeno essencialmente retórico, isto é, argumentativo e dependente dos discursos jurídicos em seus três diferentes níveis de retoricidade. ABSTRACT: This paper aims to discuss the possibilities of applying the analytical rhetorical scheme to the theoretical study of law in its different levels of discursivity and reflexivity. The analytical rhetorical approach presupposes three different levels of language's rethoricity: the material one, the practical one and the analytical one. I try to structure the very idea of law from this analytical rhetorical point of view in order to outline a rhetorical theory of law. In this way, it would be possible to establish three levels for the rhetoric of law: the most basic level of material rhetoric of the very vocabulary employed in the making of normative texts; the intermediate level of the rhetoric of legal dogmatics; and, lastly, the highest level, from the point of view of argumentation, of the analytical rhetoric of both legal theory and legal philosophy. If this hypothesis is confirmed, it will be possible to sustain that law is an essentially rhetorical phenomenon, that is, argumentative and dependent on legal discourses in its three different levels of rhetoric.
TEORIA POLÍTICA: UM BALANÇO PROVISÓRIO DOSSIÊ "TEORIA POLÍTICA"
17 Rev. Sociol. Polít., Curitiba, v. 19, n. 39, p. 17-34, jun., 2011
Um pressuposto fundamental para o desenvolvimento de uma Teoria Política vigorosa é a possibilidade de proporcionar uma inteligibilidade reflexiva de seu próprio desenvolvimento, relacionando, para isto, explicações que lhe são intrínsecas com uma história externa de seus êxitos e fracassos. O objetivo do presente trabalho é realizar um balanço provisório dos desenvolvimentos, problemas e desafios da Teoria Política nas últimas décadas, tentando analisar esses desenvolvimentos como parte de uma história intelectual mais ampla. Para isso, é necessário retroceder à década de 1960, quando existia a percepção do declínio da reflexão teórica; a partir desse momento parece haver um surpreendente "ressurgimento" da Teoria Política. O texto busca sugerir uma reconstrução da Teoria Política das últimas décadas a partir da hipótese de uma reconfiguração fundamental de seus pressupostos. Um dos elementos centrais desta reconfiguração tem sido a progressiva divisão entre elementos filosóficos e históricos da construção teórica que nesta reconstrução estão representados por duas das correntes teóricas surgidas na década de 1970: a Teoria Política normativa e a história do pensamento político. Essa narrativa, portanto, propõe uma reconstrução de um ponto de vista particular e enfatiza determinados aspectos da elaboração teórica das décadas passadas, subtraindo análises de autores e formulações de importância substantiva que, no entanto, não serão consideradas. PALAVRAS-CHAVE: Teoria Política; Ciência Política; História do Pensamento Político; teoria normativa. I. INTRODUÇÃO Como afirma Terence Ball, as periódicas reavaliações e reconsiderações do que herdamos dos autores que nos antecederam são empreendi-das, e não podia ser de outra forma, sob a pers-pectiva de nossos problemas e circunstâncias (BALL, 2004). Um exame da Teoria Política no presente só poderia começar fazendo uma análise dos desenvolvimentos nas décadas anteriores, para entender como se chegou a este presente. Um pressuposto fundamental para o desenvol-vimento de uma Teoria Política vigorosa é a pos-sibilidade de proporcionar uma inteligibilidade re-flexiva de seu próprio desenvolvimento, relacio-nando, para isto, explicações intrínsecas de seus êxitos ou fracassos com uma história externa que a complemente. O objetivo do presente trabalho é realizar um balanço provisório dos desenvolvimen-tos, problemas e desafios da Teoria Política nas últimas décadas. Para isso é necessário retroce-der até a década de 1960, quando existia uma per-cepção generalizada sobre a decadência desta re-flexão teórica; a partir desse momento se produ-ziu um surpreendente "ressurgimento", ou reconfiguração, da Teoria Política. Esse "ressur-gimento" trouxe novos temas, problemáticas di-versas e abordagens originais, no entanto essa prosperidade pode pressagiar limites e problemas que devem ser colocados em questão. Dessa forma, o texto busca propor uma re-construção da Teoria Política das últimas décadas com base na hipótese de uma reconfiguração fundamental dos pressupostos a partir dos quais ela era elaborada. Um dos elementos centrais desta reconfiguração tem sido a progressiva divisão entre elementos filosóficos e históricos da construção teórica que nesta reconstrução estão representa-dos por duas das correntes teóricas surgidas na década de 1970: a Teoria Política normativa, for-mulada por John Rawls e a enorme literatura surgida a partir da publicação de Uma teoria da justiça (1971), e a história do pensamento políti-co desenvolvida-no mesmo período-pelos au-tores da Escola de Cambridge, particularmente Quentin Skinner e J. G. A. Pocock. Esta narrati-va, portanto, propõe uma reconstrução de um ponto de vista particular e enfatiza determinados aspectos da elaboração teórica das décadas pas-sadas subtraindo a análise de autores e formula-ções de importância substantiva que, no entanto, não serão consideradas.
ANÁLISE DO DISCURSO POLÍTICO: SEMIOLOGIA E HISTÓRIA
Resumo: Amparando-se na noção de enunciado, conforme proposto por Foucault (1986), analisar-se-á os paradigmas de leitura de alguns enunciados do discurso político pré-presidencial brasileiro, pleito 2010, com o objetivo de mostrar que a interpretação responde a questões históricas presentes na natureza semiológica do objeto de análise produzido na atualidade. Pretende-se, com a análise de enunciados produzidos em um site de canditato, mostrar que as imagens, assim como o texto verbal, não dizem pela evidência, não podem ser lidas como provas documentais, mas como uma construção discursiva que admite diferentes paradigmas históricos de leitura. Palavras-chave: discurso político, enunciado, semiologia histórica, análise do discurso. O discurso político, composto por materialidades compósitas, é expresso por uma diversidade de dispositivos materiais complexos como programas de governo, folders, sites, programa do horário gratuito de propaganda eleitoral (HGPE), leis, ou seja, um arquivo, no sentido foucaultiano, composto por uma diversidade de gêneros que circulam em variados suportes. Se, por um lado, há pouco tempo, esse arquivo do discurso político era menos diversificado, atualmente esse quadro se modificou. Diante desse grande arquivo que é a internet, é possível recuperar, com certa facilidade, os programas do HGPE; ter acesso aos diálogos entre os candidatos e seus eleitores, por meio das várias redes sociais como Orkut, Twitter, Facebook; acessar os sites nos quais há conversas ao vivo com os internautas; ouvir, a qualquer momento, a gravação de programas de rádio, enfim, são mais diversificadas as produções do discurso político. Assim, constata-se a proliferação de gêneros e modos de circulação do discurso político, bem como se observa que a criação de diversas ferramentas tecnológicas facilitou o acesso e simplificou a captação desses materiais de natureza semiológica. Os analistas do discurso político são, com isso, chamados a ajustar teórico-metodologicamente suas análises. Amparando-nos na noção de enunciado (Foucault 1986) que se caracteriza por responder a determinadas condições de emergência, por ser enunciado a partir de uma posição sujeito e por ter uma existência material inscrita no interior de um domínio associado, analisaremos os paradigmas de leitura de alguns enunciados do discurso político pré-presidencial ao pleito 2010, com o objetivo de mostrar que a interpretação responde a questões históricas presentes na natureza semiológica do objeto de análise produzido na atualidade. O artigo que ora se apresenta organiza-se em duas partes. De início pretendemos expor o contexto histórico no qual se inscreve a noção de semiologia histórica, apontando suas contribuições para a análise do discurso político. Em seguida, em um recorte de análise, objetivamos mostrar que as imagens, assim como o texto verbal, não podem ser lidas pela evidência ou apenas como provas documentais, mas devem ser lidas como uma construção discursiva que admite diferentes paradigmas históricos de leitura. 1. As metamorfoses do discurso político e os deslocamentos teórico-metodológicos da análise do discurso O discurso político, matriz para os estudos da Análise do Discurso, sofreu, ao longo do século XX, mudanças significativas no que se refere a sua constituição, formulação e circulação. J. J. Courtine analisa as metamorfoses do discurso político em várias obras (2003, 2006, 2009), levando-nos a refletir sobre o lugar que cabe hoje à análise do discurso (derivada das reflexões de Pêcheux), diante dos novos
TEORIA ACADÊMICA E PRÁTICA PROFISSIONAL
Um professor nunca define sozinho e em si mesmo o seu próprio saber profissional. Ao contrário, esse saber é produzido socialmente, resulta de uma negociação entre diversos grupos. (...) No âmbito da organização do trabalho escolar o que um professor sabe depende também daquilo que ele não sabe, daquilo que se supõe que ele não saiba, daquilo que os outros sabem em seu lugar e em seu nome, dos saberes que os outros lhe opõem ou lhe atribuem... (TARDIF, 2010, p. 12-13).